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Capital

Campo Grande não tem agentes para coibir "barbaridades" no trânsito

Aline dos Santos | 23/01/2014 16:47
Quando acontecem, blitz pega de surpresa. Ontem, foram 45 notificações e 14 motos apreendidas. (Foto: Marcos Ermínio)
Quando acontecem, blitz pega de surpresa. Ontem, foram 45 notificações e 14 motos apreendidas. (Foto: Marcos Ermínio)

Se sobram infrações, falta fiscalização no trânsito de Campo Grande. A situação pode ser retratada em números: são 472.922 veículos, 357.063 condutores habilitados e 180 agentes e policiais atuando diretamente na fiscalização nas ruas.

Nesta semana, a reportagem foi à região Central, a avenidas de grande fluxo, como a Eduardo Elias Zahran e Afonso Pena, e não localizou autoridade de trânsito. No cruzamento da rua 14 de Julho com a Afonso Pena, no Centro, havia policiais militares em bicicletas, que informaram atuar no trânsito somente em caso de acidente.

Na Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), o déficit chega a 250%. “A minha proposta é que tenha 200 homens, para, no horário de rush, estar em vários pontos ao mesmo tempo. Atualmente, na ativa, são 57. Duzentos é o número para ter gente em todos os momentos nas ruas”, afirma o diretor-presidente da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), Jean Saliba, que assumiu o comando do órgão em janeiro deste ano.

Ele admite que a falta de agentes nas ruas, de forma efetiva, favorece os desrespeitos ao CTB (Código de Trânsito Brasileiro). “Gostaria muito da presença deles nas ruas, só com a presença do agente, a pessoa respeita um pouco mais, estão ali para orientar. Sem dúvida, precisamos deles nas ruas, mas não é indústria da multa. Com o tempo, vão percebendo que não é nada disso”, salienta.

Na falta de fiscalização, é fácil flagrar conversões proibidas, motoristas “furando” o semáforo, motociclistas com capacete aberto, carros estacionados na faixa amarela, filas duplas em frente às escolas e combinação de celular e volante.

“Quando saio de carro, observo cada barbaridade no trânsito. Passam no sinal vermelho, conversões que não podem. Provocam acidentes e depois é o trabalho do cara do trânsito que não presta”, afirma Saliba. Além da fiscalização, os agentes orientam o trânsito e atuam nas interdições da via.

Segundo diretor da Agetran, há 57 agentes na ativa. Mas são necessários 200. O déficit é de 250%. (Foto: Marcos Ermínio)
Segundo diretor da Agetran, há 57 agentes na ativa. Mas são necessários 200. O déficit é de 250%. (Foto: Marcos Ermínio)

Seis bases – Sem previsão imediata do aumento do efetivo, que depende de concurso público, a Agetran vai ter seis bases pela cidade. A proposta é descentralizar para dar agilidade o deslocamento. De acordo com o diretor do Departamento de Fiscalização do Trânsito da Agetran, major Gilberto dos Santos, o primeiro CAT (Centro de Atendimento de Trânsito) vai funcionar na região central, na Praça Aquidauana.

“Em pouco tempo vai estar em funcionamento. Depois, terá em todas as regiões da cidade”, afirma. Está previsto, por exemplo, CAT no bairro Aero Rancho e na avenida Júlio de Castilho.

Nos horários de maior fluxo, a Agetran mantém agentes nos pontos mais críticos. “São o que precisam de acompanhamento”, diz Gilberto. Segundo ele, se falar em ponto crítico, seria uma “enormidade” de locais.
Os agentes ficam diariamente na Praça Newton Cavalcante, no bairro Amambaí; na rua Joaquim Murtinho, próximo à confluência com a rua Ceará; no cruzamento da Ezequiel Ferreira Lima com a rua da Divisão, no bairro Parati; no cruzamento das avenidas Via Parque e Mato Grosso e no bairro Iracy Coelho.

À espera de efetivo – Com o reforço policial no período de fim de ano, o BPTran (Batalhão de Polícia Militar de Trânsito) realizou uma blitz diária nos meses de novembro e dezembro. Em janeiro, a média é de uma a duas blitze repressivas por semana.

No Centro da cidade, PMs cuidam da segurança. Sem atuarem no trânsito. (Foto: Cleber Gellio)
No Centro da cidade, PMs cuidam da segurança. Sem atuarem no trânsito. (Foto: Cleber Gellio)

De acordo com o comandante do batalhão, o tenente-coronel Jonildo Theodoro de Oliveira, a expectativa é reforçar o efetivo a partir da formatura do concurso da PM para soldado. “O governo do Estado fez concurso para 500 e poucos soldados. Após formados, vamos receber grande parte ou a maior parte. A distribuição depende do comando-geral, mas a expectativa é receber mais 50”, afirma o comandante. Ele assumiu o posto em outubro do ano passado, quando o BPTran contava com 123 policiais atuantes nas fiscalizações da Capital.

“Mas só a fiscalização não vai resolver. Só multa, só multa. Tem que ter ações preventivas, educativas. Uma mudança de comportamento, para que o motorista obedeça todas as normas de trânsito. Mesmo com um policial em cada esquina, não dá conta. Com uma oportunidade, vai cometer a infração. E a arrecadação não é o nosso objetivo, mas a mudança de comportamento do motorista”, avalia o comandante do BPTran.

Em 2014, o foco das autoridades de trânsito é coibir o excesso de velocidade, que causa acidentes graves e mortes. “Vou sugerir que as campanhas sejam mais agressivas, que sensibilize as pessoas. Mostre a família das vítimas”, diz. Neste ano, também há expectativa de aquisição de radares portáteis. Ele destaca que o número de mortes no trânsito da Capital  em 2013 teve redução de 13.4% em comparação a 2012.

Ontem, durante duas horas de blitz na avenida Duque de Caxias, foram 45 notificações e 14 motocicletas recolhidas. Em todo 2013, os motoristas campo-grandense foram flagrados em quase 296 mil infrações. A maioria por excesso de velocidade, avançar semáforo vermelho e uso do celular.

Sem fiscalização, condutor "fura" o sinal vermelho no cruzamento das avenidas Três Barras e Zahan. (Foto: Cleber Gellio)
Sem fiscalização, condutor "fura" o sinal vermelho no cruzamento das avenidas Três Barras e Zahan. (Foto: Cleber Gellio)
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