ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUARTA  24    CAMPO GRANDE 19º

Capital

Controverso, corredor de motos ganha estímulo do poder público

Sucesso de área para motociclistas vai depender de uma cultura de boa vontade entre quem está sobre duas e quatro rodas

Aline dos Santos, Kleber Clajus e Mirian Machado | 12/07/2018 12:31
Espaço reservado para motos é incentivo ao corredor. (Foto: Mirian Machado)
Espaço reservado para motos é incentivo ao corredor. (Foto: Mirian Machado)

Permitido pelo CTB (Código de Trânsito Brasileiro), mas longe de ser unanimidade, o corredor das motos entre os carros ganha incentivo do poder público em Campo Grande. O mais novo "cercadinho" para motociclistas, uma área de parada específica para motos em frente ao semáforo, foi pintada na estreita avenida Mato Grosso.

Primeiro, o código, no artigo 56, previa que era “proibida ao condutor de motocicletas, motonetas e ciclomotores a passagem entre veículos de filas adjacentes ou entre a calçada e veículos de fila adjacente a ela”.

Contudo, o então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) vetou o dispositivo que proibia a circulação pelo corredor. “Foi pressionado pelas associações nacionais de transportadoras, motocicletas. Comprovaram para ele que daria melhor circulação para a via, agilidade. É o que está vigorando”, afirma o especialista Carlos Alberto Pereira.

Ou seja, a legislação manda a motocicleta ocupar o espaço equivalente ao de um veículo, mas não está impedido de usar o corredor.

De acordo com ele, a área de “motos na frente” pode ser positiva para que o trânsito flua logo que o semáforo fique verde. Contudo, vai depender de uma cultura de boa vontade entre quem está sobre duas e quatro rodas. Uma convivência que o trânsito de Campo Grande mostra longe de ser pacífica.

“Em São Paulo, nas marginais Tietê e Pinheiros, depois de muitos anos, os motoristas já se condicionaram a dispor esse corredor. Mas há alguns anos era comum ouvir reclamação de que motociclista quebravam retrovisores, forçando a abertura dos espaços, ou buzinando. Para essa sinalização de motos na frente, é necessário que haja respeito mútuo, porque o espaço é único e compartilhado”, afirma Carlos Alberto.

" Estando ali na frente, saímos primeiro", afirma Eduardo. (Foto: Marina Pacheco)
" Estando ali na frente, saímos primeiro", afirma Eduardo. (Foto: Marina Pacheco)

Conforme o gerente de fiscalização de trânsito da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), Carlos Guarini, os motociclistas já circulavam pelo corredor normalmente. “Então, o que vai fazer, é se posicionar lá na frente, em vez de ficar no meio dos carros”, diz.

Animados – Os motociclistas aprovaram o cercadinho para sair na frente. “Dá uma desafogada no trânsito. Não fica [parado] no corredor, até porque é perigoso”, afirma o estudante Bruno Benites.

“É bem melhor do que dividir espaço com os carros. Às vezes, na hora de sair, não dão seta para virar. Ou dá seta para um lado e vira para o outro. Estando ali na frente, saímos primeiro”, afirma o chaveiro Eduardo Garcia.

Para quem está no carro, a expectativa é de trânsito melhor. “Não ficam entre os carros. Por eles serem mais ágeis, já saem na frente. É até melhor para os motoristas”, afirma o servidor público Ademir Santos, que conduzia um veículo de quatro rodas.

Impasse – Na Justiça, o corredor para motocicletas também motiva polêmica. No ano passado, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) acolheu recurso de um motoqueiro vítima de acidente e condenou o taxista que o causou a pagar indenização por danos morais no valor de R$ 15 mil.

O taxista abriu a porta do carro em movimento para se livrar de uma abelha e, com isso, atingiu o motociclista, que trafegava entre os veículos “corredor”. Prevaleceu o entendimento de que o proíbe o condutor de abrir a porta do veículo sem se certificar de que não haja risco de acidente. Já o Tribunal de Justiça do Distrito Federal negou indenização a motociclista que circulava no corredor quando foi atingido pela porta de uma viatura da PM (Polícia Militar).

O tribunal concluiu que “em caso de eventual choque da motocicleta que transita fora da via com veículos que estejam em tráfego regular, não pode ser imputada a culpa pelo acidente ao veículo que se encontra na faixa de trânsito, diferentemente da motocicleta que transita fora da via, por sob a faixa de sinalização, pois se opta por essa escolha o faz por sua conta e risco”.

Área para motociclista na avenida Mato Grosso. (Foto: Mirian Machado)
Área para motociclista na avenida Mato Grosso. (Foto: Mirian Machado)
Nos siga no Google Notícias