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Capital

Em 7 quilômetros, `nova´ Afonso Pena tem apenas 2 faixas de pedestre

Aline dos Santos e Marta Ferreira | 12/12/2011 18:45

O sumiço das faixas ocorre ao mesmo tempo em que a Polícia Militar intensificou as multas para punir o desrespeito ao pedestre

Agora, faixa de pedestre é exclusividade de travessia em frente à Morada dos Baís (foto) e Cidade do Natal. (Foto: João Garrigó)
Agora, faixa de pedestre é exclusividade de travessia em frente à Morada dos Baís (foto) e Cidade do Natal. (Foto: João Garrigó)

Com custo de R$ 6,9 milhões e executado em tempo recorde, o recapeamento que fez da avenida Afonso Pena um tapete para os mais de 25 mil veículos que passam por ali diariamente virou dor de cabeça para os pedestres.

Em 7,5 quilômetros, só há duas faixas sinalizando a travessia de pessoas: uma em frente à Cidade do Natal, logo após o Parque dos Poderes, e a segunda em frente à Morada dos Baís, já no fim da avenida. O sumiço das faixas ocorre ao mesmo tempo em que a Polícia Militar intensificou as multas para punir o desrespeito aos pedestres.

O Campo Grande News percorreu a avenida que, em apenas nove dias, foi rota de passagem para 140 mil veículos no sentido Centro/bairro e 99 mil no caminho inverso, conforme dados da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito).

Sem estatísticas a contabilizá-los, os pedestres contam o desafios diário que enfrentam na avenida mais importante da Capital. Próximo ao Shopping Campo Grande, no cruzamento da Paula Coelho Machado (antiga Furnas), a professora Jane Frascha, de 40 anos, reclama da ausência da faixa de pedestre e de um local adequado para a travessia.

Sem local adequado, Jane caminha pelo gramado, ornamentado por babaçus. “Fiquei indecisa, não sabia se podia pisar na grama”. (Foto: João Garrigó)
Sem local adequado, Jane caminha pelo gramado, ornamentado por babaçus. “Fiquei indecisa, não sabia se podia pisar na grama”. (Foto: João Garrigó)

“Fiquei indecisa, não sabia se podia pisar na grama”, conta, depois de passar em meio aos babaçus que ornamentam o trecho recém-inaugurado.

Mais à frente, o risco é dividir espaço com os carros. A calçada do shopping está sendo adequada às leis de acessibilidade, com o piso tátil. Enquanto isso, a solução é passar a poucos centímetros de ônibus e caminhões. “Terminaram a avenida, mas a calçada não acaba nunca”, compara a empregada doméstica Rose Sanches de Oliveira, de 50 anos.

Próximo ao Paço Municipal, uma placa orienta: “Atravesse na faixa”. Mas no local, no cruzamento com a 25 de Dezembro, a faixa de pedestre só existe no aviso e faz falta para a agente de saúde Cláudia Silva de Souza Leandro, de 44 anos, que tentava cruzar a avenida em companhia da mãe de 81 anos. “É difícil, porque quando fecha um semáforo, abre o outro”, afirma Cláudia.

Faixa indicada na placa faz falta para que Cláudia e a mãe, ao fundo, atravessem a avenida. (Foto: João Garrigó)
Faixa indicada na placa faz falta para que Cláudia e a mãe, ao fundo, atravessem a avenida. (Foto: João Garrigó)

Ilógico – Para os cadeirantes, a Afonso Pena traz desagradáveis surpresas. No cruzamento com a rua Rio Grande do Sul, um rampa facilita o acesso à avenida, mas do outro lado o deficiente físico de depara com o meio fio sem rebaixamento. O problema persiste ao longo a via.

Nos altos da Afonso Pena, a pista de caminhada do canteiro central, em maior parte de sua extensão, tem aberturas que possibilitam a passagem de cadeira de roda. O que não impede uma pedra no meio do caminho, como um obstáculo de cimento.

Também chamam a atenção os pontos de ônibus, portanto de embarque e desembarque de pessoas, sem nenhuma faixa de pedestre nas proximidades. Já a sinalização indicando velocidade só existe próxima a radar.

No cruzamento com a Rio Grande do Sul, de um lado é rampa; do outro, meio-fio. (Foto: João Garrigó)
No cruzamento com a Rio Grande do Sul, de um lado é rampa; do outro, meio-fio. (Foto: João Garrigó)

Inacessível–Inaugurada há três meses, o trecho obra que modernizou e alargou a avenida Duque de Caxias (etapa da Via Morena) traz uma boa impressão para quem sai da Afonso Pena. De cara, há uma faixa de pedestre.

Mas basta olhar para o lado para que a impressão logo mude. O canteiro central tem rampa de acesso, mas o meio-fio espera pelo cadeirante que cruzar a via. A dificuldade de acesso para os deficientes físicos se repete a cada faixa de pedestre.

No mês passado, o Campo Grande News testemunhou como a falta de planejamento limita o direito de ir e vir. A reportagem acompanhou a odisséia do servidor público Nelson Correa Tosta próximo ao Aeroporto Internacional de Campo Grande.

“Para ir ao aeroporto, por exemplo, neste trecho, não tenho outra opção a não ser trafegar na contramão por pelo menos 100 metros até chegar a uma rampa, que não é padrão, é de uma garagem de uma empresa privada no aeroporto”, relatou Nelson na ocasião.

Faixa de pedestre que começa em rampa e esbarra na calçada também é problema na Duque de Caxias. (Foto: João Garrigó)
Faixa de pedestre que começa em rampa e esbarra na calçada também é problema na Duque de Caxias. (Foto: João Garrigó)

A obra de revitalização em 4,4 quilômetros custou R$ 13,9 milhões. Logo após a entrega, em setembro deste ano, vieram reclamações como falta de acessibilidade, alagamento na ciclovia e a falta de interligação da faixa exclusiva para bicicletas com bairros da região do aeroporto.

“Para mim, que passo pela avenida de carro e como pedestre, eles entregaram a obra sem terminar. Faço caminhada e tem muitos pontos que alagam”, salienta Valter Jerônimo, de 42 anos. Entre os dias 16 e 25 de novembro, a Duque de Caxias registrou fluxo de 108 mil veículos.

“O ideal era que a três faixas fossem para todos os veículos. No horário de pico, isso aqui trava”, avalia Valter. Na avenida, uma das três faixas é corredor exclusivo para ônibus e ambulância.

Quando será-O diretor-presidente da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), Rudel Trindade Junior, informou ao Campo Grande News que a sinalização definitiva na Afonso Pena começa no dia 15. Segundo ele, foi necessário fazer licitação para os serviços e, além disso, foi preciso aguardar um tempo após o recapeamento ser feito. "O asfalto não pode receber a tinta logo depois, porque absorve demais e não fica bom".

Rudel disse que primeiro vai ser sinalizado o trecho central da Afonso Pena, entre a Calógeras e a Padre João Crippa. "É onde o movimento é maior, principalmente agora, no fim de ano".

De acordo com ele, a previsão é de que toda a sinalização fique pronta em janeiro.

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