ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  25    CAMPO GRANDE 31º

Capital

Em frente as escolas, os pais reprovam no quesito educação no trânsito

Paula Vitorino | 24/11/2011 19:31

Problema de filas duplas congestiona as vias em frente de escolas e é mais comum nos bairros, em colégios particulares

Fila dupla em frente de escola em Campo Grande é problema antigo e trava o trânsito nos horários de pico. (foto: Pedro Peralta)
Fila dupla em frente de escola em Campo Grande é problema antigo e trava o trânsito nos horários de pico. (foto: Pedro Peralta)

Enfrentar o trânsito na frente das escolas no horário de chegada e saída dos alunos exige habilidade dos condutores. A cada veículo parado em fila dupla é necessário fazer um zigue-zague, isso quando a via tem espaço para a manobra, caso contrário o jeito é ter paciência e esperar a boa vontade do pai condutor.

“Atrapalha todo mundo, porque é um risco para os alunos que acabam passando no meio dos carros e para quem está dirigindo. A gente acaba buzinando ou tem que esperar porque muitos ainda ficam bravos se formos reclamar”, reclama a mãe de duas alunas, de 10 e 16 anos, Olindair Gomes, de 45 anos.

Mas para quem se rende a fila dupla diz como justificativa que “é rapidinho” e alega que faltam estacionamentos em frente às escolas.

“Não tem vaga aqui na frente, aí a gente acabando parando em fila dupla enquanto espera o filho ou até uma vaga aqui ficar livre”, diz a arquiteta Nathali Braga, de 23 anos.

Bastam apenas alguns minutos fora da faixa de estacionamento para as reclamações e as buzinas começarem. “Você pode ir um pouco mais pra frente, só pra eu sair?”, questiona um motorista emparelhado pelo veículo em fila dupla.

O Chefe de Serviços de Fiscalização da Agetran, Carlos Guarini, afirma que 99% das infrações em frente às escolas são de condutores que param em fila dupla. Mas também diz que é comum a falta do uso do cinto de segurança.

Ele ainda revela que as infrações são características, principalmente, de escolas particulares e localizadas nos bairros.

Boa vontade - Para alguns motoristas, a questão pode ser solucionada de forma simples: basta ter boa vontade para andar alguns metros.

“Aqui na escola é só ter boa vontade que você consegue estacionar. Não é um local numa via movimentada, então é só virar a esquina que acha uma vaga. Mas a pessoa prefere ficar na fila dupla por comodidade, não quer andar meia quadra”, afirma a dentista Jacinta Miozzo, de 45 anos.

Ela se refere à Escola Máxima, que fica na região do Jardim dos Estados, e é rodeada por vias de pouco movimento, consequentemente, com várias vagas de estacionamento livres. A diretora da Máxima, Sirlene da Rosa, ainda diz que a Escola tem estacionamento para os pais.

Guarini revela que são justamente as escolas nos bairros que apresentam de forma mais intensa as infrações. “Na área central, como nas grandes avenidas, até tem problema, mas nem se compara com os bairros”, diz.

O dado pode ser comprovado em outras escolas fora da região central, como Paulo Freire – Chácara Cachoeira, e Alexander Fleming – bairro Autonomista. Por ficarem em vias de pouco movimento, os motoristas se sentem “imunes” as fiscalizações.

Mas a advogada Mirela Furbeta, de 39 anos, ressalta que respeitar a lei não só uma questão de ser multada ou não, e sim, de cumprir a legislação. Ela garante que não gosta de parar em fila dupla pela razão óbvia de que é algo errado, contra a lei de trânsito.

Ela também chama a atenção para as paradas em locais proibidos, como de acesso a deficientes. “Às vezes o motorista ainda para no local proibido, fecha o acesso para pessoas deficientes. E as pessoas ainda ficam um tempão esperando o filho e estacionado errado”, frisa.

Filho educando - Na falta de consciência sobre as infrações no trânsito por parte dos pais, os filhos assumem o papel e muitas vezes são os agentes fiscalizadores da boa conduta.

Cecília Miozzo, de 9 anos, diz que conhece as leis de trânsito porque aprendeu na escola e sempre lembra a mãe das regras. Ela ensina que parar em fila dupla é errado e também um risco para os alunos.

“Se os carros ficam em fila dupla fica mais perigoso para a gente atravessar a rua. Eu falo também que não pode ficar sem cinto e tem que respeitar a velocidades das placas”, diz.

A educação no trânsito está presente em projetos na maioria das escolas e tem justamente o objetivo de formar agentes fiscalizadores das regras de trânsito dentro de casa.

“É um trabalho formiguinha, que tem de ser feito constantemente, mas que surge efeito aos poucos”, diz a diretora.

Entre as ações adotadas por algumas escolas estão bilhetes, que pedem aos pais para respeitar as leis de sinalização, horários diferenciados de saída para as turmas, estacionamentos internos e mecanismos de “drive-thru”.

Com sistema drive-thru, pais entram com o carro no Colégio, pegam os filhos e saem por outro local.
Com sistema drive-thru, pais entram com o carro no Colégio, pegam os filhos e saem por outro local.

O Colégio Dom Bosco há 10 anos criou um sistema onde os pais entram com o carro no pátio, pegam os filhos e saem por outro lado. A entrada e saída são feitas em pontos diferentes da rua 13 de maio. O sistema é priorizado para os pais de alunos do ensino infantil até o fundamental.

Para os pais, o mecanismo é um alívio, já que agiliza o trabalho e oferece segurança aos filhos. “Facilita muito. Se não fosse isso, vez ou outra eu ia acabar parando em fila dupla, até porque aqui é muito difícil conseguir uma vaga”, diz o médico Renê Almeida, que tem uma filha de 26 anos.

O diretor do Colégio, Lúdio da Silva, ressalta que o sistema melhorou muito os problemas de trânsito ao redor da escola, mas que são poucas as escolas que tem um espaço físico grande disponível para aplicar esse tipo de sistema.

Ele também frisa que a Escola tem 3 mil alunos e, por isso, mesmo com os mecanismos para melhorar o trânsito o tráfego acaba ficando congestionado no horário de saída, principalmente, do ensino médio.

Multa - O Chefe de Serviços de Fiscalização da Agetran, Carlos Guarini, diz que muitos motoristas só respeitam depois que são multados ou na presença de um agente.

“Quando a gente faz a ação eles respeitam, mas no outro dia volta tudo. Aí são multado s depois reclamam”, diz.

A multa para quem para em fila dupla é considera grave, com 5 pontos na carteira e valor de R$ 127. Equipes da Agetran fazem fiscalização em frente das escolas conforme cronograma da Agência, que se reveza para alternar os locais diariamente.

Nos siga no Google Notícias