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Capital

"Está dificil viver", diz mãe de pai e filho mortos atropelados em ciclovia

Luciana Brazil | 07/05/2012 13:45
Um tênis da vítima estava em meio aos destroços do carro. (Foto:Luciana Brazil)
Um tênis da vítima estava em meio aos destroços do carro. (Foto:Luciana Brazil)

Amparada por um sobrinho, Virgínia Ramires, 39 anos, mal conseguia falar. Entre lágrimas, a mulher que perdeu o esposo e o filho de 12 anos em um atropelamento, revelou que tem “vontade de sumir”. No último sábado (5), o esposo, Luiz Carlos de Souza Silva, 47 anos, e o filho, Luiz Vinícius Ramires Silva, foram atropelados na ciclovia da rua José Barbosa Rodrigues, no bairro Zé Pereira, por um carro que perdeu a direção e invadiu a calçada.

“Só Deus para me fortalecer”, disse Virgínia. Segundo ela, mesmo depois da tragédia os planos não devem mudar. “Eu vou continuar morando aqui nessa casa. Não quero sair daqui, pelo menos por enquanto. Meu marido reformou toda a casa e estava construindo um banheiro para nosso quarto. Era só a gente, ta muito difícil”. Depois de uma pausa, Virgínia concluiu, tentando acreditar no que dizia. “Acabei de saber que eu perdi o meu filho”.

Ela contou que no momento do acidente estava ao lado do filho e do marido e assistiu a tudo, bem de perto. “Eu voltei para fechar o portão e quando eu cheguei perto deles o carro passou. Era para eu ter sido atropelada também, mas só não fui porque ainda não tinha subido na bicicleta”.

Acidente: Vizinhos e testemunhas que passavam pelo local contaram detalhes do acidente. “Era por volta das 16h30. O carro vinha na pista ao lado da ciclovia. Ele devia estar pelo menos a 100 km/h, no mínimo. Ele bateu no meio fio e, mais para frente um pouco, rampou o meio fio e pegou os dois de costas. O carro passou bem do lado dela (Virgínia)”, contou um morador do bairro que não quis se identificar.

Crianças observavam o lugar onde as vítimas foram arremessadas. (Foto:Luciana Brazil)
Crianças observavam o lugar onde as vítimas foram arremessadas. (Foto:Luciana Brazil)

“O pai foi jogado para cima e voou muito alto. Ele caiu a mais de 50 metros depois da batida e o menino a cerca de 40 metros. Eles caíram no mato. A mãe se desesperou, ela disse ‘meu filho’ e saiu correndo para ver o menino e depois voltou para ver o marido”.

Depois da batida, as testemunhas disseram que o pai gemia alto e o menino estava inconsciente. “Ele gritava alto e estava consciente, mas o menino ficou desacordado. Eu acho que o pai morreu logo depois de entrar na viatura do Samu porque ele estava muito mal”, disse o morador.

Os vizinhos disseram que o motorista do carro desceu do veículo logo depois do incidente e ficou perambulando pelo lugar. “Ele saiu tão rápido que ninguém percebeu que ele era o motorista. Ele tirou a camiseta e colocou no nariz, que estava quebrado. Ele também quebrou todos os dentes e saia muito sangue da boca dele”.

Segundo um jovem que presenciou o fato, um homem teria falado ao motorista, que seria melhor se ele entrasse no carro da polícia para não ser linchado pelos moradores.

Evandro Ribeiro dos Reis, 33 anos, escutou quando o condutor disse que havia perdido a direção. “Depois do acidente, eu escutei o motorista do carro dizendo que ‘caçou’ o freio, mas não achou e disse que tinha perdido a direção. A impressão que deu, foi que ele acelerou ao invés de frear. E eu vi que antes de bater o carro no meio fio, ele já vinha com o veículo em ziguezague. Eu ouvi ele dizendo também que não fazia revisão no carro e ficou falando que perdeu a direção”, contou Evandro.

Os moradores estão com medo de se envolver no caso, já que um sobrinho do condutor teria os ameaçado. “Esse rapaz é encrenqueiro e já arranjou confusão aqui no dia do acidente”, contou uma mulher.

Outra moradora do bairro contou que a locatária do motorista esteve no local do atropelamento e assegurou que o inquilino nunca deu problema. “Ela disse que ele é um bom homem, que não bebe e trabalha como pintor. Ele já mora lá há um ano”, completou.

Momentos antes da tragédia - Alex Alves dos Santos estava em frente a casa da irmã, ao lado da residência das vítimas, quando foi a casa deles para buscar uma ferramenta. “Cerca de 10 minutos antes do acidente eu fui até a casa deles. Luiz Carlos estava deitado na rede e o menino disse que ia pegar a bicicleta para andar com o pai”.

Os moradores confirmaram que a família costumava caminhar e andar de bicicleta na ciclovia.

Via perigosa - De acordo com os vizinhos, o pai alertava constantemente o filho para tomar cuidado com a calçada. “Luiz falava para o Vinícius que não era para ele ficar na calçada porque era perigoso. É muito triste”, disse Alex.

Os moradores afirmaram que a via é rápida e ninguém respeita o limite de velocidade. “Praticamente não tem sinalização, só o sinal. Tinha que ter lombada eletrônica e quebra-mola para evitar que as pessoas corram tanto. Porque se o cara (motorista) viesse mais devagar poderia ter evitado tudo isso”, disse uma testemunha.

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