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Capital

Número de homicídios culposos no trânsito tem queda de 28%

Carlos Martins | 18/12/2012 13:37
Janeiro a 17 dezembro, acidentes no trânsito causaram a morte de 122 pessoas (Foto:Simão Nogueira)
Janeiro a 17 dezembro, acidentes no trânsito causaram a morte de 122 pessoas (Foto:Simão Nogueira)

Dados da Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul (Sejusp-MS) mostram que houve uma redução de 28,3% nos casos de homicídios culposos em acidentes de trânsito em Campo Grande entre janeiro e novembro deste ano, quando morreram 86 pessoas, comparado ao mesmo período em 2011, que registrou 120 mortes. A redução faz parte dos esforços do governo do Estado em conformidade com o plano MS Forte Segurança.

“O plano previa uma redução entre 6% e 8% e os números mostram que a expectativa foi superada”, avaliou o tenente-coronel PM Alírio Villasanti, comandante da Companhia Independente de Polícia Militar de Trânsito (Ciptran). Para o coronel, mesmo com a redução nos casos de mortes quando existe um culpado, os números ainda “assustam” e fazem com que as ações continuem de forma intensa. “Estamos trabalhando para reduzir ainda mais esta estatística”, disse o comandante da Ciptran.

Para Villasanti, Campo Grande vive um momento de transformação no trânsito, com a mudança de comportamento dos motoristas e isso se deve às ações desenvolvidas. “É uma mudança de cultura, de comportamento. Não é da noite para o dia, demora algum tempo, mas os resultados estão aparecendo e a tendência é ampliar as melhorias e diminuir os casos com vítimas fatais”, analisa.

Dados do GGIT (Gabinete de Gestão Integrada do Trânsito) mostram que até agora - de janeiro a 17 de dezembro - houve uma pequena redução no número de mortos no trânsito comparado com o ano passado, embora faltem ainda 13 dias para encerrar o ano. O GGIT é integrado por 29 entidades e é responsável pelas ações e análise dos dados estatísticos. São 122 vítimas fatais, das quais 78 motociclistas, 15 ciclistas, 20 pedestres, 6 condutores e 3 passageiros do carro. Em 2011, segundo o GGIT, ocorreram 132 mortes no trânsito e mais de 60% destas mortes envolveram condutores de motos: morreram 82 motociclistas, 20 ciclistas, 19 pedestres, 4 condutores e 7 passageiros.

As melhorias na engenharia de tráfego e a intensificação da fiscalização são medidas que estão sendo adotadas para diminuir as mortes. “Nosso trabalho está sendo focado em três pilares: educação, com várias campanhas desenvolvidas; a engenharia de trânsito, como a implantação de ciclovias e organização do transporte coletivo; e também a intensificação da fiscalização”, explica Villasanti.

As mudanças começaram a partir da implantação do Projeto Vida no Trânsito em Campo Grande, em maio de 2011(assim como acontece em outras cinco capitais), e integra a “Década de Ação para a Segurança Viária 2011-2020”, desenvolvida em vários países sob a coordenação da Organização Mundial da Saúde (OMS), da Organização Panamericana de Saúde (OPAS), da Fundação Bloomberg Philanthopies e do Johns Hopkins University (UJH). Uma das campanhas educativas colocadas em ação e que ajudou a promover uma mudança nas atitudes de motoristas e motociclistas foi a “Pedestre, eu cuido”, que orientava os condutores a pararem para pedestres cruzarem as vias nos trechos onde não há semáforos.

Motociclistas que trafegam sem habiitação têm sido o alvo da fiscalização da Ciptran (Foto: Minamar Junior)
Motociclistas que trafegam sem habiitação têm sido o alvo da fiscalização da Ciptran (Foto: Minamar Junior)

Fatores de risco - Conforme Vera Matos, da Divisão de Trânsito da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), uma equipe da Comissão de Análises de Acidentes do GGIT vai até o local onde ocorreu um acidente com vítima fatal e verifica quais foram as causas do acidente. “A equipe identifica os fatores de risco. Se houve conduta inapropriada do condutor, se falta no local sinalização, faixa de pedestre, semáforo. Depois é feito um relatório que é utilizado para que providências sejam tomadas para que os riscos sejam eliminados ou minimizados”, diz Vera, que é responsável pelos dados estatísticos do Projeto Vida no Transito e secretária executiva do GGIT.

Este trabalho, além de propiciar o aprimoramento das estatísticas, ajuda no desenvolvimento de ações mais especificas de prevenção, já que os técnicos apontam onde está o problema e o que pode ser feito para resolvê-lo.

Conforme os dados do GGIT mostraram, os acidentes envolvendo os motociclistas são os que mais preocupam as autoridades do trânsito. De acordo com o comandante da Ciptran, o acidente envolvendo o motociclista tem características próprias, já que em grande parte dos casos o condutor se acidenta sozinho. “É nos fins de semana que cresce o numero de acidentes e o excesso de velocidade e o abuso no consumo do álcool estão entre os principais fatores causadores. O condutor da moto perde o controle, bate num poste, num carro”, diz Villasanti.

Tenente-Coronel Alírio Villasanti Romeiro, comandante da Ciptran (Foto: Pedro Peralta)
Tenente-Coronel Alírio Villasanti Romeiro, comandante da Ciptran (Foto: Pedro Peralta)

Internações - No primeiro semestre deste ano, foram internados no País 77.113 motociclistas, de acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde. Isso representou um custo de R$ 98 milhões ao sistema público de saúde. A estatística mostra que quase 90% dos mortos são homens. Cerca de 40% dos óbitos de motociclistas ocorrem na faixa etária de 20 a 29 anos, e o percentual sobe para 62% na faixa de 20 a 39 anos e chega a 88% na faixa de 15 a 49 anos. Das indenizações pagas pelo Seguro Obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores (DPVAT), sete em cada dez destinaram-se a vítimas de acidentes com motos.

O aumento da frota de motocicletas ajuda a explicar o aumento no número de acidentes. Estimativas do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), indicam que em uma década o número de motos no País quadruplicou, passando de 5 milhões para 20 milhões, o que representa 27% da frota nacional de veículos. Estima-se que a frota de motos no Estado aumente de 14% a 18% ao ano, enquanto que a de veículos cresça em média 8% ao ano. Em Campo Grande, da frota de 445 mil veículos registrados até agosto pelo Detran, 125 mil correspondem a motocicletas e motonetas, o que representa um índice de 29,13%.

Segundo o comandante da Ciptran, até o fim de dezembro, mês de festa e comemorações, as ações serão focadas em quatro pontos considerados fundamentais, com ênfase na aplicação da Lei Seca. “Vamos trabalhar com o apoio dos 1º, 9º e 10º batalhões para coibir o tráfego de motoristas alcoolizados; retirar de circulação motoristas que trafegam sem portar a carteira de habilitação; intensificar a fiscalização de condutores de motocicletas; e dedicar atenção especial ao jovem condutor, na faixa de 18 a 25 anos, que são as principais vítimas dos acidentes com mortos e feridos graves”, explica o tenente-coronel Alírio Villasanti. Outra ação anunciada recentemente pelo diretor-presidente da Agetran, Rudel Trindade, prevê, depois de uma campanha de esclarecimento, a utilização de um radar móvel para fiscalizar em pontos críticos os motociclistas que abusam da velocidade.

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