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2015 - Que venha o pessimismo ensolarado.

Fábio Zugman | 27/12/2014 09:57

O fato de muita gente estar me pedindo dicas de como lidar com o ano que vem me leva a concluir que 2014 é um ano que não vai deixar saudades para muitos brasileiros. Inflação e juros para cima, atividade econômica para baixo. Muitos comerciantes e empresários reclamando da diminuição do movimento nos dois grandes eventos do ano, Copa e Eleições. Incertezas de um novo cenário internacional com novos conflitos entre grandes potências mundiais, e analistas mais uma vez errados (onde está o pessoal que falava que o petróleo nunca cairia abaixo de cem dólares novamente?).

Minha previsão para 2015: Um monte de analistas vai errar. Algum vidente vai prever que um avião vai cair em algum lugar do mundo, alguém vai jurar que 2015 será o pior ano da história (provavelmente depois de ter dito o mesmo sobre 2014, 2013 e assim por diante…).

No fim do ano, todo mundo vai se dar as mãos e dizer como se surpreendeu com o noticiário econômico, como o mundo é uma caixinha de surpresas e continuar ouvido os mesmos videntes em 2016.

O que fazer, então, face a tanta previsão e confusão?

Uma de minhas descobertas favoritas de meus estudos sobre criatividade é o termo “pessimismo ensolarado”. Pessimismo ensolarado é a capacidade de ver o mundo com a devida noção da realidade, o pessimismo, e ainda assim enxergar a possibilidade de sol. Se você é apenas pessimista, pode jogar os braços para cima e concluir que não vale a pena fazer nada. Se é apenas otimista, vai ficar gritando que o copo está meio cheio enquanto ele esvazia rapidamente (se você está nesse grupo, provavelmente perdeu um bom dinheiro na bolsa esse ano). Apenas pessimismo leva à depressão, otimismo à estupidez.

É preciso encontrar um equilíbrio entre os dois: Aquele lugar em que você enxerga os problemas do mundo, mas ainda assim vê espaço para poder melhorar as coisas. O Brasil continua um país grande, com população jovem e profissionais experientes acostumados a lidar com crises.

Os juros podem explodir e a economia ir pro inferno e ainda assim as pessoas vão continuar estudando, indo ao trabalho, se alimentando todos os dias e cortando o cabelo de vez em quando. Ao olhar para a imensidão de análises, previsões e sugestões do que fazer no ano que vem, mantenha isso em mente: Nem desespero, nem alegria sem limites.

Evite os analistas desesperados, os videntes de ocasião e a turma do “tudo está uma maravilha”. A maioria das oportunidades aparece localmente: no mercado em que você atua, na rotina em que você vive, no modo como conduz seus afazeres.

Tudo isso é passível de melhorias. Procure soluções para aquilo que está ao seu alcance. Melhore a sua situação e a daqueles à sua volta. Procure novas formas de atender seus clientes, de lidar com fornecedores e oferecer os seus serviços. A incerteza do futuro pode dar um certo desconforto, mas também pode trazer belas oportunidades.

Mantenha o equilíbrio, e minha previsão é que, para você, 2015 será melhor do que o ano que passou.

*Fábio Zugman é professor universitário e Mestre em Administração pela UFPR. É autor dos livros Empreendedores esquecidos (Elsevier, 2011); Administração para profissionais liberais (Elsevier, 2005); Governo eletrônico: saiba tudo sobre essa revolução (Livro pronto, 2006); O mito da criatividade (Elsevier, 2008); e coautor de Dicionário de termos de estratégia empresarial (Atlas, 2009) e Criatividade sem segredos (Atlas, 2010).

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