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A cosmopolita Campo Grande

Por Gilson Cavalcanti Ricci (*) | 28/08/2012 10:35

Campo Grande é abençoada por seu rico patrimônio humano, representado por sua população cosmopolita. A cidade acomoda em seus quadrantes um peculiar contexto de pessoas oriundas de várias partes do mundo, que a escolheram para viver com dignidade. Poucas cidades brasileiras possuem tão distinto acervo humano, que a destaca no cenário do Novo Mundo como acolhedora de imigrantes estrangeiros, que aqui chegaram notadamente no final do século XIX até meados do século XX.

Neste aspecto histórico, Campo Grande se ombreia a Nova York, São Paulo e Buenos Aires, que receberam grandes contingentes de imigrantes europeus e asiáticos nessa mesma época. A pequenina e heróica Campo Grande atraiu levas de sírios, libaneses, japoneses, paraguaios, italianos, espanhóis, portugueses, chineses, e outras nacionalidades em menor escala. Esse caldeirão de línguas e costumes deram à Cidade Morena o toque singular de uma pitoresca Torre de Babel.

Sírios e libaneses dinamizaram o comércio, aglomerando-se notadamente na Rua 14, onde ergueram suas primeiras lojas, nas quais comercializavam desde alfinetes até os mais sofisticados utensílios domésticos da época. Começavam como mascates, carregando nas costas volumosas malas cheias de mercadorias, que vendiam de porta em porta “à vista ou à prestação”, e assim iam conquistando freguesia.

Os japoneses chegaram aqui por volta de 19l4, quando os trilhos da Noroeste do Brasil atingiram a cidade. Algumas famílias se fixaram na região do Cascudo, e outras às margens do córrego Segredo, onde cultivaram hortaliças num extenso cinturão verde, que se estendia desde a chácara do Zé Bonito até além do Portão de Ferro, e assim supriram a cidade por muito tempo. Com bacias na cabeça as japonesas vendiam verdura pelas ruas, emoldurando o cenário urbano como uma graciosa tela de Portinari.

Os paraguaios trouxeram para cá a experiência no trato do gado de corte, razão porque se fixaram ao redor do saladero – charqueada que existia na baixada da atual Vila Carvalho, onde a maioria dos trabalhadores era de origem paraguaia -. Eles enriqueceram Campo Grande com seus costumes típicos, destacando-se, além da música e da dança, o tereré e as variadas iguarias da apreciada culinária paraguaia.

Brasileiros de outras regiões do Brasil também fazem parte desta pitoresca aquarela humana, predominando mineiros, gaúchos, paulistas e nordestinos, que escolheram Campo Grande para viver com suas famílias, e aqui, ao lado dos imigrantes estrangeiros, construíram esta cidade gostosa, que orgulha seus moradores pela excelente qualidade de vida, que a destaca no cenário nacional.

Campo Grande é a minha Jerusalém sagrada. Aqui nasci, aqui vou morrer. Criei filhos, que me deram netos e um bisneto. A Cidade Morena nos concedeu oportunidade para o trabalho, premiando-nos com vida digna e prosperidade.

Na feliz efeméride comemorativa de seus cento e treze anos de profícua existência, juntemos todos os sotaques para gritarmos a uma só voz: PARABÉNS CAMPO GRANDE!

(*)Gilson Cavalcanti Ricci é advogado. (gilson-ricci@hotmail.com)

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