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A crise é geral

Por Benedicto Ismael Camargo Dutra (*) | 06/12/2014 13:52

Há uma crise geral no mundo. Diferentemente das ocorridas em outras épocas, os países se empobrecem em seu conjunto, perdendo a beleza e a sustentabilidade. A esperança desaparece no coração da população e a discórdia separa mais e mais pessoas, inclusive as ligadas por laços de sangue. O problema principal não está no capitalismo ou no mercado. É a crise geral dos seres humanos que se afastaram do significado da vida e construíram um mundo áspero, não titubeando em causar danos a outros para satisfazer a própria cobiça.

Após a Segunda Guerra Mundial, a humanidade teve em suas mãos a oportunidade de iniciar uma reconstrução geral das cidades e do seu modo de vida, pois o sangue derramado de milhões de seres humanos clamava por uma nova forma de viver em paz e harmonia. Com a entrada da televisão nos lares, logo tudo se converteu numa jornada de consumismo, lazer e trabalho para pagar o crediário. O ciclo da vida compreendia o nascimento, escolarização até os 20 anos, trabalho continuado por 35 a 40 anos, e em seguida a pessoa se aposentava e passava os anos finais sem muitas coisas para fazer, o que acabava acelerando o falecimento. Esse tem sido o ciclo da vida de muitos seres humanos. Em nenhum momento foi inserido o primordial, ou seja, a busca pelo significado da vida.

Com o passar dos anos, a população foi aumentando e muitas coisas se encaminharam para o imediatismo. Fatalmente se chegaria à imposição da austeridade econômica para resgatar os abusos cometidos, e possivelmente obter uma sobrevida para o planeta tão sugado em seus recursos naturais. A população acabou perdendo a confiança na elite endinheirada. No entanto, tem de ser encontrada uma forma de equilíbrio sem travar o desenvolvimento e a produção dos bens essenciais.

No século 20 o tempo foi desperdiçado. Temos de encontrar a forma certa de agir para sairmos da rota de declínio. Essa deveria ser a grande motivação de todos, mas o dinheiro ainda é dominante no estabelecimento das motivações e dos objetivos. Faltam estadistas, que administrem a coisa pública com seriedade não permitindo toda sorte de desequilíbrios nas contas, no endividamento, no comércio exterior. Sem equilíbrio nas contas externas o país sofre uma sangria, a economia fica estagnada, os empregos vão embora, o país perde a independência, o mercado financeiro se aproveita.

Desde épocas longínquas o homem vem perdendo a compostura, escravizando os prisioneiros de guerra. Depois foram os índios das Américas. Lamentavelmente vieram os africanos, que deveriam ter desenvolvido sua cultura em sua região, mas foram transplantados para as Américas de forma indescritível. No Brasil, D. Pedro II foi banido. Depois disso não foram desenvolvidos meios para a inclusão. Uma questão muito difícil, mas que precisa encontrar soluções.

A República proclamada em1889 ainda não mostrou com clareza a que veio, mantendo o Brasil na dormência. Depois do golpe de 1964 vieram o choque da dívida e o da estabilização com dólar congelado. Pressionado pela dívida e falta de visão de seus líderes, o Brasil acabou perdendo o bonde no novo ciclo de integração global e desenvolvimento tecnológico, permanecendo como fornecedor de minérios e matérias primas.

A partir do século 21, a ascensão do Partido dos Trabalhadores deu uma guinada na política e provocou duplo choque, buscando melhorar a inclusão social, embora de forma atabalhoada, pois inclusão não se faz apenas com distribuição de renda. Urge dar preparo para a vida para as famílias e seus descendentes. O outro choque foi na corrupção com aumento geral dos percentuais. Quem sabe agora com a nova equipe mais conservadora e o modo de ser da presidente Dilma, mais sensível, possamos, com bom senso, reencontrar o caminho do progresso humano. Vamos torcer para que isso aconteça.

(*) Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, e associado ao Rotary Club de São Paulo. Realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br, e autor dos livros “ Conversando com o homem sábio”, “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”, “O segredo de Darwin”, e “2012...e depois?”. E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

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