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A herança maldita do Carnaval

Por Edgar Segato Neto (*) | 29/01/2016 15:58

O Carnaval é uma festa que mobiliza todo o país, proporcionando momentos de lazer para alguns e gerando emprego e renda para outros. No entanto, como em todo grande evento, precisamos falar sobre os resíduos gerados e que, muitas vezes, são descartados de forma equivocada, causando impacto ambiental para os ecossistemas de nossas cidades.

Todos os anos, o setor de Asseio e Conservação tem sua demanda ampliada nesta época – o que é um aspecto positivo para empresários e empregados, mas o desafio de um carnaval com menos impacto ambiental cabe a todos os brasileiros, e deve ser encarado ainda na hora do descarte. Acredito que são necessários investimentos constantes em campanhas de conscientização da população com relação ao lixo produzido durante os blocos carnavalescos e com orientações de como descartá-lo corretamente a fim de viabilizar a reciclagem.

Durante as festas de carnaval, é possível encontrar bitucas de cigarro, latas de cervejas, garrafas, confetes e outros lixos espalhados pelas vias públicas. Mesmo no período da seca, em algumas cidades, os resíduos entopem os bueiros e podem gerar transtornos à população quando estiver na época das chuvas. Para locais como Brasília, que esperam dias chuvosos no Carnaval, o descarte incorreto do lixo pode trazer ainda mais dor de cabeça.

Em algumas cidades, já temos programas com pouca tolerância aos foliões que jogarem lixo ou fizerem xixi nas vias públicas. Isso é positivo e deveria ser estendido para todo o país. Entretanto, precisamos observar, também, se os municípios estão oferecendo à população e aos turistas um número adequado de lixeiras e banheiros químicos durante as festas, pois não adianta exigir consciência da população se a cidade não oferecer esse suporte básico.

Talvez os números impactem: milhares de toneladas de lixo são gerados todos os anos durante o período do Carnaval. Em 2015, quase 2 mil toneladas em Salvador, a campeã na produção de lixo. No Rio de Janeiro, milhões de pessoas produziram 930 toneladas; e em São Paulo, 395 toneladas.

Na capital paulista, metade do lixo produzido foi parar nos aterros sanitários, ou seja, não foram reciclados. E não foi porque todo este lixo era orgânico, mas porque, ao jogar uma latinha no chão, o folião acaba comprometendo o material para reciclagem.

Outro ponto importante é que o simples gesto de jogar latas no lixo e de fazer xixi apenas nos banheiros químicos, evita um desperdício desnecessário de água para a limpeza do local após o término da festa. Se cada um fizer sua parte, conseguimos brincar o Carnaval sem prejudicar o futuro do nosso planeta.

(*) Edgar Segato Neto é presidente da Federação Nacional das Empresas Prestadoras de Serviços de Limpeza e Conservação

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