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A Língua Portuguesa no Vestibular: o que trazem as novas provas?

Silvio Profirio da Silva (*) | 29/07/2013 08:39

Nos últimos anos, as discussões concernentes à leitura proliferaram-se consideravelmente. No dizer de Albuquerque (2006), estudiosos de diversos campos de investigação – Pedagogia, Psicologia Cognitiva, Linguística Aplicada, Análise do Discurso, Análise Crítica do Discurso Linguística de Texto etc. - debruçam-se sobre essa temática, trazendo à tona novas teorias acerca da metodologia do ensino dessa ferramenta linguística (ALBUQUERQUE, 2006).

Tais estudos, nos últimos anos, ocasionaram modificações paradigmáticas no currículo escolar e, por conseguinte, nas avaliações, que aferem a competência leitora dos estudantes brasileiros. Com isso, as mais recentes provas de vestibular mudaram completamente a tipologia das suas questões, trazendo um enfoque diferenciado. Mas, afinal, o que trazem as novas Provas de Língua Portuguesa no Vestibular?

O primeiro aspecto que podemos destacar é o fato de as mais recentes Provas de Vestibular serem ancoradas em uma perspectiva de diversidade/variedade textual. Com isso, elas trazem consigo uma ampla seleção textual – como, por exemplo: Anúncios, Cartuns, Charges, Gráficos, Histórias em Quadrinhos – HQS, Notícias, Propagandas, Reportagens, Textos Expositivos Argumentativos, Textos injuntivos, Textos Literários, Tirinhas etc.. O propósito, aqui, é fazer o aluno refletir acerca das especificidades e das particularidades de cada um desses gêneros e/ ou tipos textuais.

Diante dessa gama de gêneros e tipos textuais que se fazem presentes nas Provas de Língua Portuguesa do Vestibular, é requerida uma ampla quantidade de habilidades de leitura. Ou seja, esse aluno não irá, simplesmente, decodificar um texto escrito, localizando e reproduzindo conteúdos/ informações. Pelo contrário, na ótica de Koch (2002) e Koch & Elias (2006), desse aluno será requerido uma gama de estratégias de leitura, por meio das quais ele irá fazer uso conhecimentos de diversos expedientes – linguísticos, enciclopédicos [conhecimento de mundo e/ ou sociais] e textuais. Isso, com o propósito de atribuir e/ ou elaborar sentido face o texto (KOCH, 2002; KOCH & ELIAS, 2006).
Uma das mais comuns habilidades de leitura refere-se aos textos da Tipologia Expositiva.

Aludimos, nesse ponto, à habilidade de “Identificar a Ideia Central do Texto”. Segundo Therezzo (2002), todo texto gira em torno de uma temática, que tem pode ser abordada sob vários enfoques. Por exemplo, a temática do Preconceito é ampla, podendo seguir várias linhas de pensamento e de tratamentos. Com isso, o autor do texto vai dar uma delimitação a esse tema, mostrando o direcionamento e o enfoque dado a ele. Aí está a Ideia Central do texto, que vem, em geral, expressa no primeiro parágrafo do texto. Nesse sentido, o aluno teria que perceber essa oposição entre o Geral [Tema] e o Particular [Ideia Central] do texto. Em outras palavras, o tema ampliado e a delimitação feita pelo autor do texto.

No que se refere aos textos da Sequencia Tipológica Expositiva, há, ainda, outra habilidade de leitura. Referimo-nos, nesse ponto, à habilidade de “Identificar a Argumentação e as Considerações Finais do Texto”. Na composição do texto, o autor vai lançar mão de Argumentos e/ ou Argumentação com o propósito de comprovar e fortalecer sua Ideia Central. Diante disso, ele pode se utilizar de uma ampla quantidade de estratégias e recursos linguísticos, tais como: Citação de Autoridades [Especialistas e/ ou Instituições relacionados e um determinado tema – Marilena Chauí [Especialista na área da Filosofia], IBGE etc.], citação de exemplos de fatos relacionados ao tema, citação de dados quantitativos etc..

Aí está a Argumentação do texto, que vem, em geral, expressa nos parágrafos do meio do texto. Portanto, o aluno teria que identificar e perceber como esses argumentos sustentam as informações expressas na Ideia Central do texto. Há, ainda, as Considerações Finais do Texto e/ ou Conclusão, que têm como objetivo trazer uma reflexão acerca da temática abordada durante o decorrer do texto. Tal reflexão, em geral, pode trazer uma síntese daquilo que foi expresso anteriormente no corpo do texto e/ ou trazer soluções para problemáticas abordadas (THEREZO, 2002).
No entanto, as mais recentes Provas de Língua Portuguesa no Vestibular debruçam-se sobre a diversidade/ variedade textual, focando, sobretudo, nas questõesque levam os alunos a refletir acerca do funcionamento dos mais diversos gêneros textuais.

Nesse campo, destaca-se a habilidade de leitura de perceber o Proposito Comunicativo do Autor, pautando-se, para isso, nas pistas textuais trazidas pelo texto. Essas pistas abrangem/ englobam desde os elementos verbais [linguagem escrita, tais como: frases dispostas no corpo textual, falas e diálogos presentes nos gêneros textuais] até os elementos semióticos [linguagem não-verbal e/ ou imagética, como, por exemplo: imagens, cores, formatos, tipos de letras etc.].

Ainda no campo das pistas textuais, o aluno deve atentar para os elementos globais do texto, uma vez que eles consistem em marcas e traços que estão intrinsicamente ligados à temática do texto e, em especial, aos propósitos comunicativos do autor. No tocante aos elementos globais do texto, podemos mencionar o Título, a Data de Publicação e o Local/ Veículo de Publicação. Gaydeczka (2007) postula que o Título, em sua essência, exerce um papel atrativo, isto é, ele atrai o leitor, fazendo com que este se debruce sobre o texto.

Todavia, o título possui outro papel, que é de estabelecer elos de ligação com o corpo textual, evidenciando, assim, aspectos temáticos da sua construção linguística. Com isso, o título consiste em um elemento textual de substancial importância, para a elaboração de hipóteses que conduzem aos objetivos do autor. Ainda, nesse campo, destacam-se a Data de Publicação e o Local de Publicação, que são elementos que dizem muito acerca dos objetivos do autor. Em alguns casos, só é possível chegar ao propósito comunicativo de um gênero textual e/ ou tipo textual, por intermédio desses elementos.

Sendo assim, todos esses elementos – sejam eles advindos do plano verbal e/ ou visual – devem ser articulados pelo aluno/ leitor com a pretensão de perceber os propósitos comunicativos do autor, auxiliando-o, por conseguinte, na atribuição de sentido. Percebemos, desse modo, que as mais recentes Provas de Língua Portuguesa do Vestibular primam por uma perspectiva de Leitura como Construção/ Produção de Sentido, ancorada em uma multiplicidade de enfoques dados ao texto, levando o aluno e/ ou leitor a se utilizar de múltiplas e diversificadas práticas cognitivas de leitura (KOCH, 2002, KOCH & ELIAS, 2006).

(*)Silvio Profirio da Silva, graduando em Letras pela Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE. E-mail: silvio_profirio@yahoo.com.br

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