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Agente de Cultura

Por Raimundo Edmário Guimarães Galvão (*) | 25/04/2014 13:32

As vezes uma idéia simples e barata pode fazer uma revolução na nossa cultura, ou não!. O que aconteceria se eu fosse um... Bom, é melhor desenhar hipoteticamente, com fundo musical de “Eu Sonhei que Tu Estavas Tão Linda:

Olá, eu sou um Agente de Cultura, visito a cidade todos os dias propondo as pessoas e as empresas idéias no sentido de divulgar nossa música, nossas artes. Do mesmo modo como fazem os agentes de saúde, conversando com os moradores da cidade em suas residências pra ver se há focos da dengue por ali, ou outro, pra propor medidas sanitárias, etc. O meu foco, enquanto Agente de Cultura, é a música.

Acabo de chegar num pequeno supermercado no bairro Zé Pereira. Há uma rádio interna, da própria loja tocando músicas diversas, tornando o ambiente mais agradável.

O repertório não me incomoda apesar de eu não gostar de Funk, tem bastante Sertanejo Universitário, idem, e no momento aquela grande clássico do gênero, a canção do cavalinho. Não vejo problema nenhum, não é isso: simplesmente não há músicas regionais na sua modesta produção! Pergunto se o gerente pode me receber e eu apresento pra ele o projeto Selo de Cultura da Secretaria de Cultura do Estado.

Entrego a ele um pacote com CDs diversos selecionados dos artistas regionais de nossa terra. Também um catálogo geral, um folder explicando a importância de divulgar nossos artistas e eu pergunto onde posso colar um “selo”(um pequeno cartaz auto-colante) com os seguintes dizeres: Esta empresa é amiga da Cultura! Explico também se um artista poderá fazer um pequeno show na sua empresa, sem custos, marco a data. Eu até brinco dizendo pra ele não colocar a Tetê muito alto na sessão de cristais!

Ontem estava num ônibus coletivo que ia para o Aero Rancho e me emocionei muito ao escutar uma música regional naquele itinerário.

Talvez ninguém estivesse se importando com isso e nem imaginava que aquela voz grave e metálica era do G. Ribeiro, que estava meio sumido, como todos anteriormente.

No meio daquele tumulto mais uma conseqüência: um pequeno declamador gritava versos do Rubenio Marcelo, entre solavancos do veículo!

A cidade está sendo invadida por artistas em todos os cantos Está pipocando apresentação de em feiras, dentro de lojas, supermercados, em ônibus, nas praças.

Nunca se divulgou tanto nossa cultura aqui mesmo, pra nós mesmos. Passou-se a consumir mais nossos produtos depois desse projeto governamental do Selo de Cultura com agentes de cultura trabalhando ininterruptamente.

Todos os bares têm, graças ao apoio do projeto, no elenco de programação, apresentação de artistas com repertório regional com divulgação da própria secretaria!

A Secretaria de Cultura fez um convênio com a TAM, sem custos, pra colocar na grade de audição dos vôos, música regional de Mato Grosso do Sul, juntamente com as já existentes: MPB, Jazz, Sertanejo, etc. Esse projeto é muito lindo!

Agora sábios em vão tentarão decifrar o eco de antigas palavras, fragmentos de cartas, poemas, vestígios de antigas civilizações insistindo em ver a qualquer custo um cenário, a partir daqui para os próximos 30 anos:

- As micaretas da Bahia com seus Axés, estão sendo trocado aos poucos por polka-rock e por artistas regionais!

- Acabou-se o uso de verbas públicas para artistas de fora. Eles são bem vindo, mas com verbas privadas. Entendeu-se que Roberto Carlos não precisa mais de verbas do Estado pra se apresentar aqui.

- Houve uma renovação de compositores como nunca havia existido desde a Comitiva esperança.

- Centenas de produção local de artistas diversos.

- Nossas produções estão sendo exportadas para os mais longínquos lugares do Brasil e do Mundo!

...”Olhavas só para mim

Vitórias de amor cantei

Mas foi tudo um sonho acordei”.

(*) Raimundo Edmário Guimarães Galvão é músico, compositor e jornalista.

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