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Comunicação da qualidade dos alimentos

Por José Otavio Menten (*) | 02/12/2016 10:39

É importante que as notícias do agro cheguem de maneira correta aos moradores dos grandes centros urbanos. A maioria destes consumidores de alimentos não tem mais raízes rurais. Tem muita dificuldade para entender como os alimentos são produzidos e chegam até os supermercados, feiras, restaurantes, etc.

Daí a necessidade das informações serem elaboradas e divulgadas de forma clara, objetiva e sempre com base técnico-científica. Se não, ao invés de ajudar, atrapalha! Um dos exemplos clássicos era a maneira que o monitoramento de resíduos de produtos fitossanitários em alimentos era entregue a população.

Eram apresentados dados muito técnicos que pouco esclareciam a população. O destaque era para as inconformidades como se elas fossem importantes para o consumidor. O que o consumidor quer é saber se o alimento que adquire apresenta risco a sua saúde.

O programa que tem mais repercussão na mídia é o PARA (Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos), da Anvisa/Ministério da Saúde. O Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e diversas empresas privadas também desenvolvem programas de monitoramento, porém sem a mesma visibilidade.

Na sexta-feira, 25 de novembro de 2016, pela primeira vez, a Anvisa divulgou os resultados da qualidade dos nossos alimentos de maneira sóbria, com base na avaliação do risco em conformidade com padrões internacionais, demonstrando que as frutas e hortaliças à disposição das pessoas são de qualidade aceitável quanto aos riscos de intoxicação aguda. Apenas 1% das amostras analisadas estavam com algum problema.

Nas edições anteriores, citavam-se cifras preocupantes, como 70-80% das amostras com problemas. Essas notícias, sem base científica, desestimulavam o consumo de frutas e hortaliças, prejudicando a saúde das pessoas e os agricultores.

O que mudou foi a metodologia de analisar os resultados obtidos. O procedimento atual representa a realidade. Avalia a quantidade de resíduo de produto fitossanitário presente nos alimentos que pode ser ingerida durante um período de até 24 horas sem causar efeito(s) adverso(s) a saúde. Antes, as cifras apresentadas eram baseadas na porcentagem de amostras com traços de produtos não autorizados para a cultura ou com valores acima do LMR (Limite Máximo de Resíduos). Estes valores tem grande importância para o aprimoramento das práticas agrícolas e pouco significado para o consumidor.

Como 99% dos alimentos que os agricultores brasileiros entregam a população estão livres de resíduos que representam risco agudo para a saúde, é possível que haja o aumento desejado do consumo de frutas e hortaliças, fundamental para a nutrição adequada das pessoas e prevenção de certos tipos de câncer e outras doenças crônicas. Devemos cumprimentar os agricultores brasileiros e todos os elos das cadeias produtivas pelos alimentos saudáveis que são colocados na mesa da população brasileira e de outros países do mundo.

(*) José Otavio Menten é diretor-financeiro do CCAS (Conselho Científico Agro Sustentável), vice-presidente da Abeas (Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior), mestre e doutor em Agronomia, pós-doutorado em Manejo de Pragas e Biotecnologia, professor associado da ESALQ/USP.

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