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Conflito e ideologia no comando

Por Valfrido M. Chaves (*) | 11/05/2012 08:33

Permita-me o leitor passar-lhe alguns detalhes de minha história, para que possa ele talvez melhor avaliar nossas afirmações e entendimento sobre o tema aqui enfocado.

Aluno da PUC-Rio, na Escola de Sociologia e Política, na década de 60, entrei em contato com as diversas correntes do pensamento e práticas políticas ao longo da História. A Universidade era então um foco de resistência à ditadura vigente, havendo aqueles que pensavam numa restauração democrática e outros que tinham como objetivo a instalação do regime marxista-leninista no Brasil.

Foram estes que, almejando a troca de uma ditadura militar por outra, totalitária, ingressaram na dita “luta armada”, logo derrotada pelas Forças Armadas. Eram dias da Guerra Fria, e a “guerrilha” tinha recursos de Cuba e URSS, até recebendo treinamento nesses países.

Nesse contexto, aprofundei meu conhecimento dessa ideologia e, embora tenha sido preso, afirmo que a ela não “entreguei a alma”. Avaliando hoje, creio que minha maior resistência a isso foi perceber o descompromisso com a verdade, com a moral e o respeito humano da militância dela imbuída.

Tais posturas, leitor, tem como moldura alguns dogmas: destruição da propriedade privada e a noção de que o “conflito é o motor da história” sendo “a luta de classes” seu sagrado instrumento. Ante o fracasso do “modo socialista de produção” no mundo todo e do insucesso em destruir a propriedade privada com a “luta de classe”, isto é, jogando os que tem pouco contra os que têm mais, as esquerdas latino-americanas julgaram necessário estimular o conflito étnico, ou seja, o ódio racial para “adubar “ a “luta de classes”.

Essa filosofia, leitor, orienta a política indigenista brasileira e internacional. É nesse sentido que tenta-se manter e estimular o “conflito indígena”, impedindo que o Estado brasileiro, simplesmente compre terras para a expansão das aldeias.

Os indigenistas ongueiros e funaiamos expressam radical descontentamento diante da possível compra de terras para as aldeias, pois, sem conflito, como estimular o ódio étnico e o isolamento do índio?

Como acobertar o total fracasso da FUNAI em promover o progresso e bem estar indígena? Como esconder que a União, o Estado brasileiro, este e outros governos federais têm traído maldosamente aqueles que o Império e a República trouxeram para as fronteiras, para povoá-las, guarnecê-las e torná-las prósperas?

Como permitir e estimular que, pioneiros vindos através de políticas publicas e estratégicas, que compraram, pagaram, trabalharam e recolheram impostos, sejam tratados como nem traficantes o são, tendo suas propriedades invadidas e dela saiam com a “mão abanando”?

O leitor sabe que, quando buscam na Justiça a reintegração de suas posses legítimas, é o próprio Estado, através do MPF, que representa contra? Em que país civilizado e sob o dito “Estado Democrático e de Direito”, a prática de crimes (Invasão de propriedades legítimas) serve de base para algum tipo de Direito? Até quando quistos ideológicos e o conflito comandarão a política indigenista da Nação?

(*) Valfrido M. Chaves é psicanalista, pós graduado em Política e Estratégia.

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