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Consumismo não é qualidade de vida

Por Luiz Flávio Gomes (*) | 18/10/2013 10:03

O Brasil tem seu lado vitorioso. Existe o Brasil que deu certo. Nas três últimas décadas, por exemplo, alcançamos impressionantes conquistas: (a) movimento das diretas-já, em 1984, que sepultou a ditadura militar e restabeleceu a democracia, nos legando a Constituição de 1988; (b) o movimento dos “caras pintadas” que postulavam o fora Collor, (c) o Plano Real de 1994 que venceu a inflação e estabilizou a moeda assim como os referenciais econômicos; (d) o programa de inclusão social e a luta contra a miséria, que se transformaram em política de Estado em 2002 (essa iniciativa, de acordo com o IDHM, da ONU, contribuiu para o Brasil crescer - de 1991 a 2010 - 47,5%, em média, nos itens expectativa de vida, renda per capita e matriculados em escolas); (e) as jornadas de junho, que provaram que o brasileiro é capaz de mobilização contra as injustiças.

As condições de vida do brasileiro melhoraram nas últimas décadas, mas o problema é que isso se deu muito mais da porta da casa para dentro (geladeira nova, fogão última marca, reforma da casa, carro e moto na garagem, celular último tipo, acesso à internet, consumo de mais alimentação etc.)

Da porta da casa para fora vivemos um verdadeiro inferno: falta esgoto, o trânsito não anda, mas mata muito, a violência é cruel, a corrupção está disseminada, o transporte público virou lata de sardinha, o hospital não tem médico, a educação deseduca (não prestigiam os professores), a urbanidade é selvagem etc.

Da falta de qualidade de vida veio o mal-estar, que é fonte de muitas incertezas. As incertezas produzem medo, o medo gera insegurança, a insegurança cria ansiedade, esta desencadeia ira, que é fonte de intensa indignação. É neste estágio crítico que nos encontramos, com o quadro agravado pela sensação enorme de impotência (perda da identidade).

No meu livro "Por que estamos indignados?" (Saraiva) procuro mostrar que tudo isso fez eclodir os movimentos populares, que pedem um Brasil mais justo, menos desigual e ético. O consumismo se revelou insuficiente, porque o manifestante quer qualidade de vida, ao descobrir que esta é a vida que vale a pena ser vivida.

(*) Luiz Flávio Gomes, jurista e coeditor do portal atualidades do direito.com.br. Estou no facebook.com/blogdolfg

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