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Depressão: doença da alma ou do cérebro?

Por Benedicto Ismael Camargo Dutra (*) | 03/09/2014 14:34

Durante séculos, os seres humanos têm levado uma existência vazia, sem parar para uma reflexão sobre o significado da vida. Num passado longínquo, os indivíduos tinham de se movimentar para obter o sustento, confeccionar vestimentas, construir um abrigo; no entanto mantinham a sua essência humana, reconhecendo a temporalidade de sua existência e a necessidade de evoluir continuadamente. Mais tarde isso se modificou, surgindo a cobiça e a sede de poder que sufocaram as considerações morais.

Com o passar do tempo, atingimos um novo estágio de desenvolvimento material com a possibilidade de produzir bens em grande quantidade. No entanto, tudo ficou atrelado ao dinheiro, que progressivamente foi gerando indiferença e insensibilidade. Apesar dos inúmeros recursos oferecidos pela natureza, o viver se tornou uma luta pela sobrevivência. Na turbulência, o viver se tornou áspero, sem leveza, sem tempo para reflexões mais profundas.

Sem a consciência para prosseguir o aprendizado, o ser humano moderno se tornou indolente, perdendo a visão maior do sentido da existência, apegando-se a superficialidades. No agressivo confronto diário, nas dificuldades no trabalho e nos relacionamentos, muitas pessoas se fragilizam, ficando incapazes de lidar com as complicadas situações que vão surgindo, uma após outra, e de repente, se veem diante de doenças psíquicas como a depressão, os transtornos mentais, a ansiedade e o pânico, afetando o comportamento e atraindo outras doenças.

A depressão se interioriza, entristecendo, desmotivando, incapacitando. Não há objetivos a serem alcançados, nem disposição para estabelecê-los, pois falta energia, predominando pensamentos negativos, ausência de interesse pelas atividades diárias, sentimento de culpa.

A depressão seria uma doença da alma ou da mente, ou de ambas? É do espírito que provém a energia; o cérebro auxilia e ordena as nossas atividades e comportamento através da mente. É fato que as experiências dolorosas nos afetam profundamente. Os psiquiatras se esforçam para auxiliar pessoas que, tendo sofrido fortes abalos emocionais e fortes pressões, acabaram sendo vítimas desses distúrbios.

A vida moderna tem induzido os humanos a se afastarem cada vez mais do conhecimento da alma e sua finalidade, caminhando para a indolência e, com isso, dormitam, perdem a força de vontade, e precisam de fortes estímulos para que a sua atenção seja despertada. Restaram o desejo de sobressair, a vaidade e o sexo, fatores sobre os quais se concentram os apelos da propaganda dirigida ao cérebro para oferecer os produtos que sejam aceitos pela multidão.

No passado, a família e a escola contribuíam fortemente para o desenvolvimento da personalidade. Hoje a grande influência é exercida pela mídia. Os filmes, infelizmente, oferecem poucas imagens e atitudes dignas da espécie humana. Precisamos entender que se as coisas vão mal, a culpa cabe a nós mesmos, que permitimos tudo isso sem opor uma resistência visando um mundo melhor. Temos de ser motivados para a melhora e combater a depressão de forma construtiva.

A nossa atuação externa resulta da nossa força interior. Para preservar a saúde do corpo e da alma devemos nos alegrar com a bela criação, como agradecimento pela existência. Vamos nos movimentar adequadamente e cultivar a paz e a alegria. Nada de impor pretensões injustas aos nossos semelhantes, nem atuar de forma desintegradora. Temos de agir com respeito e consideração para não nos sobrecarregarmos com pesado fardo de culpas. Sejamos aprendizes na escola da vida para evoluir continuadamente e assim encontrarmos a felicidade, libertando-nos da depressão.

(*) Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP e associado ao Rotary Club de São Paulo. Realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br, e autor dos livros “ Conversando com o homem sábio”, “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”, “O segredo de Darwin”, e “2012...e depois?”. E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

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