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Dia Mundial em memória das vítimas de trânsito

Por Silas Fauzi* | 21/11/2011 19:43

Há dias venho pensando em escrever um artigo sobre a situação caótica em que vivemos no trânsito das grandes cidades. Conseqüência da melhora da condição de vida das pessoas que puderam ter acesso a bens de consumo duráveis. Quem não tinha carro, passou a ter e quem já tinha, comprou mais um. Campo Grande é a 12ª no ranking de carros por domicílio entre as capitais brasileiras. Na última contagem do Denatran de setembro de 2011, nossa capital aparecia com o número de 414.988 veículos automotores no universo de 766.461 pessoas, contando com crianças e idosos, segundo o censo do IBGE de 2010. Isso significa que é um carro por 1,84 habitante. Com o aumento de veículo nas ruas, cresce na mesma proporção o número de acidentes. Mas isso não deveria ser assim.

No Brasil, a violência automotorizada ceifa, por ano 37.000 vidas, e causa lesões em outras 120.000 pessoas, a maioria condenada por invalidez (IPEA/DENATRAN/ANTP). Os gastos com vítimas de acidentes somam, por ano R$ 34 bilhões (resgate, tratamento, perdas de produção e materiais, etc.). Isso equivale a mais da metade de todo o orçamento anual do ministério da Saúde. É importante frisar que, na faixa etária de 15 a 19 anos, os acidentes no trânsito já são a primeira causa de mortes no mundo, à frente da Aids, da tuberculose e da violência.

Preocupada com esta catástrofe, a ONU declarou 2011-2020 a Década de Ação para a Segurança Viária, e o terceiro domingo de novembro como o Dia Mundial em Memória das Vítimas de Trânsito.

Mas o que eu mais gostaria de colocar aqui para apreciação é a questão de sensibilização dos condutores. Grande parte desse problema ocorre por conta da atitude de algumas pessoas que parecem não ter tido a consciência necessária para se comportar em um ambiente coletivo como o trânsito. Muitos entram em seu carro e acham que estão num mundo particular onde tudo é permitido. É preciso que haja uma intensa campanha de educação no trânsito, reforçando o respeito à lei e à sinalização. Mas é preciso que exista, também, maior rigor em punir quem comete crime de trânsito. Não podemos tratar todo acidente como acidente. Tem acidente que são verdadeiros crimes e deveriam ser punidos como tais. É lamentável constatar a mansidão do Judiciário com os assassinos do volante: permanecem impunes, continuam a portar carteiras de habilitação e a dirigir. A fiscalização precária e, não raro, guardas e fiscais são facilmente corrompidos, sem que ocorra punição severa.

É preciso que seja feito um grande mutirão com o empenho de cada um, assumindo como sua a responsabilidade de melhorar o fluxo e o tráfego nas ruas de cada cidade, sabendo que essas são um espaço de convívio coletivo e que por elas passam vidas. É lógico que precisamos ter um esforço também do poder público em investir na melhora do sistema de transporte de nossas cidades, ofertando assim possibilidades de locomoção com qualidade e eficiência que o mundo moderno exige, mas é preciso que as pessoas cumpram com seus compromissos também.

(*) Silas Fauzi é professor e militante de movimentos sociais (www.silasfauzi.blogspot.com)

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