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Educar para a convivência

Núbia de Oliveira (*) | 28/05/2016 09:19

Nos últimos anos, a percepção é de que a temática de Direitos Humanos (DH) na educação vem sendo mais difundida. Muitas instituições de ensino têm se mobilizado para o desafio de educar para a convivência, e educar para a convivência implica em educar para o respeito às diferenças, sejam elas de ordem cultural, social, econômica, política ou até mesmo física!

Com esse olhar, os educadores têm buscado atuar nos espaços educacionais para que não promovam ou reproduzam indiferenças, discriminações, desigualdades ou invisibilidades. Nesse aspecto, algumas normativas legais têm norteado as discussões e subsidiado a formação continuada em Direitos Humanos, sendo esse, inclusive, um dos caminhos possíveis para o estabelecimento de uma cultura de convivência.

Iniciadas as formações em Direitos Humanos, muitos questionam se há resultado prático fruto dessas iniciativas. A experiência cotidiana no ambiente escolar tem indicado mudanças na percepção de estudantes, famílias e educadores sobre o respeito às diferenças, induzindo que estamos no caminho certo. Todavia, ainda se faz necessária a construção de indicadores para mapear e avaliar os resultados efetivos desse processo no cotidiano das práticas profissionais e institucionais. Eis o sentido da formação em DH!

Um caso bem-sucedido de trabalho com as diferenças está relacionado ao aprendizado de história e cultura indígena nas escolas. A professora e pesquisadora Daniele Kowalewski e o filósofo e doutor em Educação Daniel Munduruku, especialistas no assunto, dão grandes contribuições sobre a representação histórica, social e cultural da população indígena, enfatizando a latente necessidade de repensar o lugar que temos destinado a esse grupo populacional.

Segundo Daniele Kowalewski, a diversidade no Brasil é pensada sob quatro vértices: natureza, raça, miscigenação e cultura. Para ela, é muito importante incorporar o conceito de reconhecimento, na abordagem do convívio escolar, para uma educação vinculada aos direitos humanos. Kowalewski também aponta alguns resultados de sua pesquisa nas revistas do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, dos anos de 1839 a 1945, em que constatou como a temática indígena sempre esteve presente nas inquietações dos sócios do Instituto. Todavia, a preocupação desses sócios era a de conhecer a língua e os costumes dos indígenas para poder “civilizá-los” de acordo com padrões etnocêntricos, sem compreender a alteridade de cada povo.

Daniel Munduruku, pertencente à etnia munduruku, alega que a cultura indígena ainda é vista como folclórica. Isso é fruto de uma política que sempre tratou os indígenas como seres do passado e o resultado tem sido desastroso para a sociedade, pois negou a participação efetiva dos indígenas na composição da identidade nacional.

Discutir assuntos dessa envergadura é importante para reavaliarmos concepções e práticas no caminho para uma educação plena em direitos humanos, convívio e respeito pelas diferenças.

(*) Núbia de Oliveira, Assistente Social do Colégio Marista Arquidiocesano, da Rede de Colégios do Grupo Marista.

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