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Filosofia Clínica: uma nova abordagem terapêutica

Por Miguel Gomes Filho (*) | 22/06/2011 11:06

A Filosofia Clínica teve sua primeira turma de formação em 1995, e seu fundador é o Filósofo Gaúcho Lúcio Packter.

A partir de contatos com correntes filosóficas como consulência filosófica, aconselhamento filosófico, filosofia prática, existencialismo, assim como, vivências em cafés filosóficos etc, principalmente quando de sua estada no exterior, por longos anos, aprimorando seus estudos e, aliado a uma exaustiva pesquisa teoria e prática com estudos de casos por mais de duas décadas convivendo em hospitais na região sul do país, percebendo e coletando dados sobre o que, mais tarde ele veio a chamar de “a dor da alma humana”, desenvolveu e sistematizou o arcabouço teórico e prático da clínica filosófica.

Portanto, a Filosofia Clínica trata-se de uma produção brasileira com manifestação relativamente recente, porém, a sua história tem mais de 2.500 anos, tendo sua origem com Sócrates que concentrou o seu interesse na problemática do homem, passando pelos filósofos modernos e contemporâneos.

É o conhecimento da Filosofia Acadêmica (teoria) direcionada à terapia (prática), centrada no sujeito como um todo e no meio onde está inserido (circunstâncias).

Na Filosofia Clínica cada um é respeitado na sua singularidade (verdade singular), ou seja, cada um tem sua representação de mundo e de vida. Cada pessoa mensura, pensa e sente as coisas, o mundo e a si mesmo a sua maneira.

Filósofos clínicos são graduados em Filosofia, com Especialização em Filosofia Clínica - habilitação à pesquisa e à clínica (curso oferecido pelo em parceria com Faculdades conveniadas em todas as regiões do país). Atuam em consultórios, hospitais, escolas, empresas fazendo uso da metodologia filosófica clínica para abordar questões existenciais.

Inicialmente a pessoa que procura pela terapia filosófica recebe o nome de Partilhante, isto é, aquele que deseja partilhar o seu caminho existencial. Ela inicia partilhando uma queixa, uma reclamação de quaisquer ordens (problemas de relacionamentos, escolares, existencial, etc) que chamamos de assunto imediato, pois foi o que de imediatamente levou o Partilhante a buscar a terapia, mas que no desenrolar da clínica pode-se configurar em apenas um “sintoma” de algo a ser trabalhado verdadeiramente, e que chamamos de assunto último.

Em seguida, o partilhante começa relatando a sua historicidade (interpretação dos fatos vivenciais) de forma ordenada, sem saltos lógicos e temporais, objetivando a compreensão de sua vida. Estas vivências são contadas pelo próprio Partilhante com um mínimo de interferência por parte do terapeuta.

A partir daí, o Filósofo Clínico tendo conhecimento de como o Partilhante está estruturado e funciona internamente (modo de ser), poderá detectar os choques existentes ou problematizados que estão causando o mal-estar existencial.

E, fundamentado nessa visão contextualizada do Partilhante, o Filósofo Clínico juntamente com o próprio Partilhante, buscará ferramentas necessárias para desconstruí-los ou amenizá-los, fazendo com que ocorra uma melhora subjetiva.

O objetivo é levar o partilhante a ter consciência de seu funcionamento interno, de sua estrutura de pensamento, de seu modo de ser, possibilitando a ele uma autonomia de pensamento e ação.

Portanto, na Filosofia Clínica acredita-se que quando as pessoas tomam consciência de como a Estrutura de Pensamento (EP) determina a qualidade das relações, então a convivência tende a tornar-se mais harmoniosa.

(*) Miguel Gomes Filho é doutorando em Educação pela UFMS, mestre em Educação, especialista em Filosofia Clínica pelo Instituto Packter e Faculdade Bagozzi, Especialista em Prática Docente no Ensino Superior e Uso das Tecnologias pela UNAES, Graduado em Filosofia pela UCDB, diretor do Centro de Filosofia Clínica de Campo Grande – CEFIC, Presidente da Associação de Filósofos Clínicos de Mato Grosso do Sul – AMSFIC, Membro do Conselho de Ética da Associação Nacional de Filosofia Clínica - ANFIC pela Região Centro-Oeste e Professore em várias Instituição de Ensino Superior.

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