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Freud, o poder, mensaleiros e seus delírios

Por Valfrido M. Chaves (*) | 11/02/2014 08:24

O companheiro mor venezuelano, cujo Socialismo do Século XXI encanta nossos chefões mensaleiro-companheiros, deu uma genial contribuição ao pensamento político latino americano: a falta de papel higiênico na Venezuela se deveria a que, como a população está comendo mais, mais estaria ocupando as latrinas e, conseqüentemente, muito mais papel higiênico. Daí, a crise. Aliás, o socialismo tradicionalmente teve um problema curioso com o inocente papel: na Rússia, por sua escassez, era usado nas feiras como valiosa moeda de troca por outros produtos também raros, no setor alimentar.

Não sei se o papel higiênico é freudiano, mas os delírios a que o poder induz, o são. O poder, caro leitor, pela pompa, puxa-saquismo, posse da chave dos cofres públicos, remete as pessoas mais despreparadas ao imaginário de seus primeiros dias de vida, quando a criança, pelos mimos necessários à sua sobrevivência, imagina-se todo-poderosa e que o mundo existe para cultuá-la e servi-la. Essa ilusória auto-percepção, se natural nesse período, é impactada vida a fora e, quanto mais sobrevive, mais inadequada se torna. Os ditadores, desde os familiares aos chefes de Estado, são usuários desse “delírio de poder”. O pensamento e os regimes democráticos pouco atendem a tais “usuários”, que muito se assemelham aos dependentes químicos.

Já os regimes e ideologias ditatoriais e totalitárias servem como luvas àqueles que deliram serem deuses, donos da verdade, da moral, das almas alheias e, naturalmente, do poder que transforma seus delírios em realidade. A realidade e a verdade não existem para os personagens do palco ideológico totalitário. Vimos isso no Brasil quando o Mensalão veio à tona, e nosso então Presidente, primeiro disse que “todo mundo faz”; depois afirmou ter sido traído por maus companheiros e, por último, aferrou-se à tese de que tudo no Mensalão, inclusive o seu julgamento, não passou de uma conspiração das elites e da imprensa contra um governo popular. Ou seja, bandido é a imprensa, o MPF, o STF e quem mais se indigna com o maior show de corrupção de nossa História. Deliróides somos nós que vimos a assinatura do Genuíno no empréstimo ao seu partido, não pago e não cobrado por anos a fio, até a explosão do escândalo. Deliróides seriamos nós que não percebemos que bandido é o Supremo, que teria cometido um “julgamento político a serviço das elites...”

O punho cerrado, gesto revolucionário e provocativo ao Presidente do Supremo, em cerimônia recente vem expressar, caro leitor, a absoluta negação da realidade e da noção de verdade e de moral compartilhada por quantos não estão embriagados pela ideologia que, mais uma vez, induz seus usuários ao delírio de onipotência, como sempre se viu mundo a fora e que, aqui, testemunhamos. Quando Mao Tsé Tung acabou por eliminar 70 milhões de chineses; Stalin metralhou 6 mil oficiais poloneses culpados de serem católicos; nosso governo abandonou nossa segurança, portos, estradas e saúde pública, enquanto dispunha de milhões para financiamento de portos e verbas secretas para Cuba e outros; quando se diz que “retomada não é invasão” para induzir indígenas ao crime, caro leitor, não estamos diante da loucura particular de ninguém, seja esse ninguém um ditador, um presidente, um agente do Estado brasileiro ou meliante mensaleiro pego com a boca na botija.

Todos se vêem acima do bem e do mal ou do moralismo burguês que não compreenderia a grandeza de suas ações. Essa é a cartilha, esse é um roteiro ideológico, esse é um delírio presente em nosso meio e nefasto, sobretudo porque tem nas mãos a chave do cofre e o fanatismo de possuídos ideológicos. Os insultos ao STF e ao Ministro Joaquim Barbosa não nos dementem.

(*) Valfrido M. Chaves, psicanalista

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