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Leitura e celulares -

Por Gerson Luiz Martins (*) | 12/09/2012 08:45

O hábito de uso dos celulares se tornou uma febre em todo mundo. Na Espanha, por exemplo, nos deslocamentos das pessoas nos trens, é muito comum essas pessoas manusearem os celulares (móvil), principalmente na leitura de mensagens, jogos e aplicativos web, via rede de dados 3G, e secundariamente para fazer ou atender chamadas telefônicas. Afinal, o espaço publico não é o local mais conveniente para conversas no telefone. A visão que se tem das pessoas nesses trens é de 90% cabisbaixos, de olhos atentos nas telas dos celulares. Uma outra parcela, pequena, num hábito muito saudável, com a leitura de livros. Embora tantas outras pessoas fazem essa leitura nos tabletes, ou seja, estão diante de uma tela.

O uso de celulares, especialmente de tabletes para leitura se tornou comum em muitas cidades. De um lado, essa situação apresenta um alento, pois mostra um crescimento no nível de leitura, ainda muito deficitário no Brasil e, de outro, o crescimento dos dispositivos móveis, bem como, consequentemente, uma diminuição no uso do papel e suas consequências ecológicas.

O Brasil é um dos países onde se observa um crescimento significativo do uso dos celulares e também da rede de internet, apesar dos altos preços praticados de forma predatória pelas indústrias eletrônicas e pelas empresas que exploram o serviço de telefonia. Recentemente a revista Veja deu destaque a isso, mostrou que o celular da Apple vendido do Brasil é o mais caro de todo mundo. Como aliar popularização dessas tecnologias e educação nesta situação.

O governo e as empresas precisam entender que essas facilidades, o crescimento do nível de leitura, mesmo do entretenimento via dispositivos móveis como celular e tabletes, ocorreram na medida que a população tiver acesso a esses aparelhos. E devem entender também que o lucro real de suas operações comerciais ocorrerá pela quantidade de bens e serviços que o mercado vai demandar.

É urgente e necessário que as empresas fabricantes dos dispositivos móveis e as de telefonia coloquem seu preços a níveis mais realistas. Todos sabem que também os planos de acesso a internet no Brasil são muito caros. Enquanto um plano de dados, via rede 3G, de 20MB custa, na Espanha, algo em torno de R$ 60,00, no Brasil esse mesmo plano não sai por menos de R$ 300,00. Isso sem mencionar que as empresas não entregam o serviço que vendem, ou seja, o cliente adquiri um plano de dados de 20MB, mas só recebe 7MB, compra um plano de 5MB e só recebe 2MB.

A melhoria da educação passa, necessariamente, pelo aumento do hábito de leitura. Se os dispositivos móveis são agentes para potencializar esse fato, se deve implementar o acesso dos mesmos para a população. É fato que o hábito de leitura, nos países europeus, para mencionar uma realidade que se pode observar, cresceu de modo significativo pelo uso dos dispositivos móveis. Para se verificar isso, basta circular pelas linhas de ônibus ou metrô nas cidades europeias. Os tabletes, principais agentes desse crescimento, hoje está disponíveis a preços muito acessíveis ao consumidor. Aparelhos com preços acessíveis provoca o aumento nas vendas e promove também um crescimento na venda de livros eletrônicos (e-books) e de revistas.

A perspectiva de crescimento do hábito de leitura via livros e revistas eletrônicos fez com que várias empresas editoriais criassem aplicativos de acesso à sua produção. Recentemente a editora Abril lançou um aplicativo, para o celular da Apple por enquanto, que dará acesso não somente às revistas do seu catálogo, mas também a livros que vai colocar a venda. A empresa Livraria Cultura oferece o seu aplicativa há cerca de um ano. Se houver a popularização do tabletes e uma rede de dados vendidos pelas empresas de telefonia com preços mais realistas, haverá também uma forte tendência de crescimento do nível de leitura. Do ponto de vista da educação, esse fato é importante.

Apesar de várias situações adversas, como papel caro, poucos livrarias, o mercado editorial brasileiro é significativo se comparado a muitos países. Ainda se está muito distante do mercado norte-americano e europeu. O brasileiro gosta muito de ler, mas precisa de condições de acesso aos livros e revistas. Não basta que o governo institua programas para baratear o custo, para a população, dos dispositivos móveis. É preciso que as empresas pratiquem preços mais acessíveis. Para acesso aos livros e revistas se necessita tabletes, celulares e redes de dados a preços bem menores do que hoje são praticados.

(*) Gerson Luiz Martins Jornalista e pesquisador do PPGCOM/UFMS

www.gersonmartins.jor.br

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