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Limites humanos

Por Adilson Luiz Gonçalves* | 13/01/2012 15:30

Resiliência é um termo cada vez mais empregado no cotidiano:

Na Engenharia, ele é utilizado para definir a capacidade que um material tem de absorver tensões e recuperar-se após a supressão das mesmas.

Materiais sujeitos a tensões também sofrem deformações. Podem ser frágeis ou dúcteis, conforme deformem menos ou mais antes da ruptura. Em “condições normais de temperatura e pressão”, o vidro é frágil e o cobre é dúctil. No entanto, dependendo das condições ambientais, essas características podem ser afetadas.

No caso de materiais dúcteis, ou seja, que apresentam maior elasticidade, a relação entre as tensões e as deformações resulta em gráfico característico, onde alguns pontos têm nome e significado:

O Limite de Proporcionalidade corresponde ao fim do equilíbrio entre tensões e deformações da chamada Região Elástica, onde as deformações desaparecem quando as tensões são suprimidas, ou seja, o material se recupera integralmente.

O Limite de Escoamento, logo após o anterior, marca o início de um patamar, que corresponde a uma deformação que evolui sem aumento da tensão, indicando, também, o início da Região Plástica, na qual a recuperação das deformações não é total, quando o esforço é suprimido: restará uma residual, sequela definitiva.

Apesar disso, o material poderá suportar tensões ainda maiores, com deformações também superiores, inclusive as residuais. Só que as “marcas” serão cada vez maiores e visíveis, inspirando progressivos cuidados.

Essa capacidade de suportar tensões maiores, apesar das progressivas deformações residuais, evolui até o Limite de Resistência: máxima carga que o material pode suportar.

Ele pode ser ultrapassado e o material deformará cada vez mais, só que sob tensões cada vez menores, até alcançar o Limite de Ruptura, inferior ao de Resistência, que representa a falência do material.

As tensões que geram as deformações podem ser estáticas, dinâmicas e/ou cíclicas. No caso das dinâmicas, se aplicadas num curto espaço, às vezes o material suporta mais do que sob prolongadas. Já no que se refere às cíclicas, o esforço repetitivo leva a colapsos, mesmo sob tensões menos importantes. É o que se convencionou chamar de fadiga do material.

Ossos, peles e membranas também são materiais: tecidos orgânicos de resistências variáveis, para os quais a teoria acima é perfeitamente aplicável. Serviria também para a mente humana?

Bem... Dependendo da pessoa e do ambiente, a resiliência, os limites e danos, entendidos como traumas, podem ser diferentes:

Alguns, depois de um sofrimento prolongado, tornam-se mais fortes. Outros são tão frágeis, que sucumbem perante qualquer adversidade. Há ainda os que, submetidos a tensões cíclicas, sofrem estresse psicológico ou, no extremo, colapso mental: “espanam”!

É... A mente humana é de uma complexidade que ainda estamos muito longe de entender. Talvez por isso, algumas pessoas gostem de testar os limites dos outros, impondo-lhes sofrimento físico e mental, isoladamente ou em massa, como forma de ocultar suas limitações ou por “simples” exercício de poder.

Não fazer nem se submeter a isso é um grande desafio para o ser humano! E nos cabe buscar esse equilíbrio, para que nosso “limite de ruptura” jamais seja atingido, o qual é tão mais iminente quando cometemos o supremo erro de desistirmos de nós mesmos.

Para evitar esse colapso, é preciso ser resiliente! Mas também é preciso que nossa “têmpera” seja forjada com amor, amizade e respeito, pois ninguém é de ferro!

(*) Adilson Luiz Gonçalves é mestre em Educação, escritor, engenheiro, professor universitário e compositor

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