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Milho RR: vantagens, desvantagens e custos

José Fernando Jurca Grigolli (*) | 16/04/2013 09:32

O milho RR está liberado comercialmente no Brasil pela CTNBio desde 2008. Não há dúvidas que esta tecnologia é mais uma estratégia disponível no mercado para o cultivo do milho tanto na safra quanto na safrinha. Mas quais suas vantagens e desvantagens no sistema soja milho? Quando plantar estes materiais? Qual o custo desta tecnologia? Estas são apenas algumas perguntas que os produtores se deparam na hora de comprar as sementes.

Em Mato Grosso do Sul, predomina o cultivo de soja RR na safra e milho na safrinha. Após a colheita do milho safrinha e plantio da soja transgênica, plantas de milho RR “tiguera” podem se desenvolver nas lavouras de soja. Este milho irá se comportar como uma planta daninha resistente ao glifosato, onde será necessário o uso de outros herbicidas para eliminá-las e evitar a competição com a soja.

A situação se complica se levarmos em conta o cultivo do milho safrinha consorciado com capins, principalmente as braquiárias. Até o momento, as duas tecnologias não são compatíveis se usadas juntas. O fato de uma braquiária se desenvolver na mesma área que o milho impossibilita o uso do glifosato, caso contrário o capim correria o risco de ser eliminado. A única possibilidade de utilizar o milho RR em consórcio com os capins seria a não utilização do glifosato. Assim, o custo das sementes com a tecnologia RR não traria o retorno desejado, pois se paga por esta tecnologia e não há o uso de seus benefícios de resistência ao herbicida. Haveria, ainda, a necessidade de se utilizarem outros herbicidas no controle desse milho em meio à soja RR. Além disso, já é conhecido que os plantios de milho safrinha consorciado com braquiária resultam em maiores produtividades de soja nas safras seguintes.

Áreas com altas infestações de plantas daninhas e com grandes dificuldades em seu manejo podem ser cultivadas com os materiais de milho RR, a fim de facilitar o controle dessas plantas e reduzir o banco de sementes. Nesses casos, mesmo sendo a recomendação para o milho RR ser glifosato + atrazina, é preciso atenção às plantas daninhas com resistência ao glifosato, como a buva e o capim amargoso. A adoção deste cultivo na safrinha implicará em duas ou três aplicações a mais de glifosato, o que poderá aumentar a pressão de seleção sobre as plantas daninhas nessas áreas e resultar na seleção de plantas daninhas resistentes.

No caso do milho safra, o RR também é uma alternativa, pois o plantio é geralmente de milho solteiro, sem que haja impedimento no uso do glifosato para controlar as plantas daninhas. Além disso, estará nas áreas onde a soja seria plantada, não aumentando a pressão de seleção sobre plantas daninhas e com o grande intervalo para próxima safra, os efeitos de tigueras de milho RR sobre um eventual plantio de soja na safra seguinte é reduzido.

Mas qual é o custo desta tecnologia? Estudos desenvolvidos pela Embrapa Agropecuária Oeste em 2012 indicaram que o custo de produção do milho safrinha Bt+RR é 9% maior que o milho safrinha convencional consorciado com braquiária e 11,6% maior que o milho convencional solteiro. Essas diferenças nos custos de produção estão relacionadas aos custos de sementes e dos herbicidas usados com a tecnologia RR.

Posto isso, cabe a cada produtor avaliar o seu sistema de cultivo, as características de sua área e o quanto quer investir na safrinha, para decidir quais áreas serão cultivadas com o milho RR.

(*) José Fernando Jurca Grigolli é engenheiro agrônomo formado pela Universidade Federal de Viçosa (UFV, 2009), mestre em agronomia - produção vegetal - pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP, 2012) o doutor em andamento em agronomia (entomologia agrícola) também pela UNESP. Na Fundação MS, ocupa o cargo de pesquisador de fitossanidade.

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