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O que o Brasil precisa para bombar em 2015

Por Alfredo Bonduki (*) | 21/05/2014 14:59

Tudo o que os empresários, trabalhadores e a sociedade mais desejam é a concretização do vaticínio feito pela presidente Dilma Rousseff, no jantar com mulheres jornalistas, dia 6 de maio, de que “o Brasil vai bombar em 2015”. Isso só ocorrerá, porém, se o governo começar a trabalhar já em algumas mudanças de rumos, pois há medidas urgentes a serem adotadas para que o PIB volte a crescer em índices mais elevados.

A primeira providência é restabelecer o equilíbrio fiscal, decisivo para que o setor público possa fazer mais investimentos em infraestrutura, que geram estímulos em cascata na economia, e também para a redução dos juros e menor pressão inflacionária. Ou seja, o governo precisa parar de gastar mais do que arrecada e começar a aplicar a receita tributária de modo a beneficiar mais a economia e a sociedade.

Tão urgente quanto é restabelecer a competitividade da indústria de transformação, com a redução de custos impostos (literalmente!) pelo Estado a quem produz e trabalha. É mais caro fabricar no Brasil do que na maioria dos países, em especial os emergentes e aqueles que são nossos competidores mais diretos no comércio global (inclusive na disputa de nosso próprio mercado interno).

Nessa conta tão desfavorável às empresas nacionais, entram vários fatores agravantes: os juros muito elevados; os impostos e taxas demasiadamente onerosos, inclusive incidentes sobre investimentos e folha de pagamentos; os fretes, cada vez mais atrasados e caros, majorados pela precariedade dos transportes e a burocracia exacerbada. O mais grave é que tudo isso tem o amargo tempero da insegurança jurídica e incertezas quanto à adoção e durabilidade de algumas políticas públicas, como ocorreu com o Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (Reintegra).

O governo precisa entender que o empresariado apenas voltará a investir de modo mais efetivo se houver desoneração tributária generalizada, com a extinção de impostos em cascata. É necessário eliminar distorções como a incidência, sobre a mesma base, de distintos impostos e taxas. Do mesmo modo, as empresas nacionais não podem continuar tendo seus investimentos taxados e recolher PIS/Cofins sobre o seu faturamento. São distorções que devem ser corrigidas com urgência.

A política econômica não deve seguir sendo realizada como se ainda estivéssemos no pico da crise econômica internacional. Ainda há dificuldades globais, mas muitas das medidas anticíclicas já não fazem mais sentido, pois começam a desorganizar a economia. É hora de definir estratégias de longo prazo, desonerar efetivamente a produção, remover o controle artificial da inflação e oferecer ao mercado um cenário claro e transparente para estimular os investimentos produtivos.

É gratificante observar o otimismo da presidente Dilma Rousseff quanto a 2015. No entanto, independentemente da retórica mais livre e criativa que os políticos costumam adotar nos anos eleitorais, para o Brasil bombar, como ela predisse, precisamos agir e iniciar desde já uma mudança de atitude, devendo o governo implementar de imediato as políticas para que isso aconteça. Afinal, “a melhor maneira de prever o futuro é criá-lo”, afirmava o austríaco Peter Drucker, escritor de 30 livros, professor universitário nos Estados Unidos e um dos maiores especialistas mundiais em gestão.

(*) Alfredo Bonduki é engenheiro e empresário do setor têxtil

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