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O 'terror de Estado', suas farsas e método

Por Valfrido M. Chaves* | 04/01/2012 17:04

O “Terror de Estado” tem sido um fenômeno trágico na humanidade. Consiste no uso abusivo do aparelho estatal contra indivíduos ou grupos de uma sociedade para intimidar, aterrorizar, eliminar, torturar aqueles que se interpõe aos objetivos políticos e ideológicos daqueles que, no poder, controlam o Estado.

No século passado a nossa civilização foi impactada pelo terror de Estado no mais trágico grau, principalmente entre os povos submetidos aos regimes totalitários do fascismo e do marxismo-leninismo, na Europa e Ásia. Minorias étnicas foram exterminadas, junto com oposições e grupos sociais eleitos como inimigos de classe, da civilização, da humanidade. Vimos que o terror estatal sempre soube elaborar teses politicamente corretas para o resgate da raça pura, ou a libertação da humanidade dos grilhões da propriedade privada, cumprindo, assim, a “marcha da História” para o socialismo. Cada época teve seu “infiel”, seu herege a ser eliminado.

Em grau menor como fenômeno massivo, principalmente na América Latina, tivemos o terror de Estado liberando a tortura, a eliminação física de “subversivos”, o exílio de muitos por puro delito de opinião. Foi na época da “Guerra Fria”, quando o Bloco Soviético, cumprindo a determinação ideológica de eliminar a propriedade privada no mundo, estimulava e financiava “movimentos de libertação”, sem escrúpulos morais para suas ações.

O terror de Estado com tonalidade ideológica oposta, ainda que em menor grau, teve seu espaço em nosso Brasil e, acreditamos, apenas espíritos fanatizados negam o fato. Nós, identificados com o regime democrático e que nos opúnhamos ao dito regime militar, éramos denominados de “direita progressista” por aqueles que seguiam a ideologia que sempre abrigou o “terror de Estado”, quando no poder. Chegaram ao poder no Brasil, sem nunca terem feito uma autocrítica ou terem renegado a ideologia totalitária que os movia na “luta armada”. Tampouco nunca se viu um só documento da época em que os totalitários falassem em redemocratização da nação. Mas gira o mundo, leitor, e cá estamos entrando em 2012, olhando o passado para compreender o presente e, talvez, prever o futuro.

Isso posto, constata-se a realidade de que a cabeça e a prática dos impregnados pela ideologia totalitária marxista leninista, não muda. A ideologia é onipotente e expressaria a marcha da história e da humanidade, estando acima do bem e do mal, da verdade e da moral. Bem, verdade e moral seria tudo o que favorece a causa. O mal seria o que se lhe opõe, ponto final. Constata-se que tal impregnação ideológica, tanto é aceita pelas pessoas com sede de sentimento de poder, como é capaz de, tal como as drogas, levar qualquer alma ao vício mórbido do “a tudo posso”. Sabe-se ainda que a mentira e a manipulação de pessoas são práticas que conferem aos seus agentes o inefável, extasiante e viciante sentimento de poder, sobretudo quando tais manipulações levam as massas à prática do terror e da violação de direitos alheios. São ensaios, cacoetes, leitor, para o “terror de Estado” que, um dia sonham implantar. Sempre foi assim. Temos visto tais ensaios entre nós.

O MST, porta voz de uma reforma agrária que faveliza o campo, tenta impactar um agronegócio que segurou a peteca em dias difíceis e diz que “primeiro mundo é aqui”. Entidades com fachada religiosa manipulam nossas comunidades indígenas, mantidas em condições sub-humanas exatamente com esse propósito, levando-as ao conflito e violação de direitos constitucionais de quem confiou no Estado, comprou, pagou, recolheu impostos, produz, em fim, cumpriu tudo aquilo que o Estado definiu como correto e legal. Numa prática sutil de “terror de Estado”, o Estado brasileiro mantêm e promove o assistencialismo, o favelamento, o ócio, o despreparo para o trabalho nas comunidades indígenas. Da deterioração social resultante, os índices de criminalidade nessas comunidades chega ser o dobro da sociedade em geral. Braços do Estado ideologizado fecham os olhos ao financiamento externo das violações, ousando chamar as invasões de “ocupações”, tomando-as como ponto de partida para fundamentação de direitos. Não bastando tais práticas, inaugura-se farsas tais como “sumiço” de cacique que depois faz saque com cartão em Brasília e o suspeitíssimo ataque incendiário a um ônibus em Miranda.

O franco terrorismo em Japorã, uma vergonha absoluta que só o MPF pareceu não testemunhar, foi explicitamente apoiado por “entidades sociais” cumpanheiras, todas portadoras da ideologia que abriga a onipotência e o terror. Por isso tudo, leitor, o Brasil pode emprestar bilhões ao FMI, mas não pode comprar terras para as comunidades indígenas ou prepará-los para o trabalho produtivo e integrador. Suicídios? Assassinatos? Droga, alcoolismo? Não se faz omelete sem quebrar ovos...

O bode expiatório é o fazendeiro, cuja violação de direitos faz parte da preconizada impactação do estatuto da propriedade privada por parte da ideologia da onipotência, da farsa e do terror. No Leste Europeu, em Cuba, China, em Antonio João ou Sidrolândia, são sempre iguais. Que melhores ventos soprem as velas de nosso destino em 2012, porque o ano que finda, com violação de direitos, indiferença do Estado a elas e ao uso das comunidades indígenas com fins ideológicos e outros mais fisiológicos, foi uma lástima. E que autoridades religiosas, que lamentam a lentidão das demarcações, lembrem-se de que a onipotência e a ideologia ainda não esmagaram totalmente a Constituição de 88. Embora pareçam sonhar com isso.

(*) Valfrido M. Chaves é psicanalista, produtor rural, pós graduado em política e estratégia - Adesg/UCDB

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