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Os dez ingredientes da “Economia X-Tudo!”

Por Paulo Sérgio de Moraes Sarmento (*) | 18/07/2013 09:03

Você conhece o X-Tudo? Aquele enorme sanduíche com presunto, queijo, bacon, ovo, maionese, tomate, alface e até hambúrguer? Pode até ter mais ingredientes, de acordo com o gosto do freguês. Tudo misturado confundindo os sabores, sem dizer a enormidade de calorias e colesterol que provocam danos à saúde.

Na economia não é diferente. Sempre com muito mais sabores e ingredientes que gostaríamos, situações misturadas e nem sempre fazendo bem à saúde empresarial. Pode vir a ser mais indigesta que o grotesco sanduíche e, dependendo do momento, a única opção do cardápio.

No criativo Brasil, a gororoba vem com um molho especial: o jeito de se fazer política para eleições, corrupção e conchavos de políticos. Se consultarmos o cardápio para saber o que contém a “economia X-Tudo”, encontraremos os seguintes ingredientes:

Desaceleração: O ritmo de produção vem caindo em vários setores da economia brasileira. Essa queda no consumo costuma causar pressão alta nos empresários porque afeta diretamente o seu caixa. Não há ameaça de enfarto, mas todos estão começando a cortar excessos e gorduras.

Política internacional: A China não está nem um pouco preocupada com o consumo brasileiro. Ela exporta para o mundo inteiro. Ela também tem os seus problemas e tudo o que acontece lá interfere no equilíbrio do comércio internacional resvalando nos outros países. A economia americana e europeia também continuam complicadas. Há alguma reação positiva nos EUA e, com certo otimismo, podemos visualizar sinais para novos caminhos na Europa num processo lento e intrincado.

Comércio internacional: Os governos dos países estão inquietos, tentando medidas protecionistas e de fomento à produção e consumo. Só que, quando todos fazem isso, temos efeitos anulados e certamente uma concorrência mais forte. Todos querem vender! Mais pressões para exportar, mais endurecimento para importar. O Brasil exporta muito pouco: aproximadamente 1% das exportações mundiais, o que também é um comportamento histórico.

Manifestações: Uma parcela da população no Brasil surpreendeu com as manifestações nas ruas. Foi um grito de “basta” sem promover clima alarmista e sem apologia ao caos. O caos já existia. Consequência da saturação das políticas adotadas para enganar o eleitor, totalmente desconexas com as necessidades do povo e na contra mão do cenário internacional.

Pibinho: No Brasil, o PIB tem sido historicamente fraco e abaixo da média do planeta. Nunca atendeu as nossas necessidades. Há décadas que isso se repete. Excluindo-se dessa análise o discutível “Milagre Econômico” da era Delfin Neto, o melhor número que tivemos foi o do período entre 2003 e 2010, quando o crescimento médio esteve na casa dos 4%, igualmente inferior à média mundial. Em 2013, o PIB não deve chegar a 2%.

Politicagem: A manobra eleitoreira de abertura de crédito dos governos Lula/Dilma criou um mercado interno maior e que agora está cobrando o seu alto preço. Entre outros efeitos colaterais, gerou demanda para importações em detrimento da produção nacional. Um tiro no pé!

Crédito fácil: O crédito na pessoa física está se fechando porque a renda é baixa e chegou ao limite da inadimplência. O crédito na pessoa jurídica está com análises mais exigentes pela situação de grande parte das empresas estarem com produção baixa, endividamento e sem planos. Há uma expectativa de que a taxa SELIC suba além dos 8,5% atuais podendo chegar a 9,5% até o final do ano.

Inflação: A inflação vai baixar com a alta dos juros? É o que se espera, mas pode não cair mesmo com as medidas tomadas e o consumo retraído. Com a desvalorização do Real frente ao Dólar os preços sobem. O governo vem gastando acima da medida e isso atrapalha o combate à inflação. Temos baixa produtividade no geral e a única solução para o aumento da produtividade é a educação, treinamento e inovação. Ou seja, o tipo de investimento que nem o nosso governo e nem as nossas empresas fazem direito.

Burrocracia: O governo se mete demais em tudo, quer controlar tudo e impõe muita burocracia, o que impede a agilidade do país. Carga tributária altíssima, custo social elevado e total ineficiência da máquina governamental. Temos custos a níveis absurdos. Os investimentos anunciados em infraestrutura foram tardios, alguns são discutíveis e com grande dificuldade de saírem do papel.

Insegurança: Índices e moedas oscilando todo o tempo tornando complexas quaisquer previsões de custos, vendas e investimentos. O dólar está em alta e é definitivo. Espera-se que venha a se estabilizar em algo como 2,70. Se for esse o patamar, dará para convivermos. Já o modelo econômico brasileiro só voltado ao consumo está ultrapassado e na contramão. A política também. Exportamos commodities quando deveríamos exportar produtos fabricados com essas matérias primas.

Para somar essa avalanche de ingredientes ainda poderia colocar que teremos eleições em 2014. Com essa situação é natural que o empresário se pergunte como agir, o que fazer? Não existe apenas uma resposta, muito menos simples. O dinheiro certamente não sumiu do mercado e as oportunidades estão aí... Muitas! A realidade é que cada empresário tem que fazer a sua parte para defender o seu negócio, precisando se reinventar a todo instante. Sugestão: estar atento, bem informado e tomar decisões rápidas e certas. Ter um planejamento estratégico possibilita manter um olho no peixe, outro no gato.

(*) Paulo Sérgio de Moraes Sarmento é economista e sócio da VSW Soluções Empresariais.

 

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