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Pantanal: 87% preservado

Por Marcela Lemos Monteiro (*) | 04/08/2011 10:14

Mérito do Pantaneiro com sua atividade pecuária, respeitando e tolerando o Ciclo de Cheia e Seca, há 200 anos!

O Pantaneiro é respeitador.

Quando a boiada estoura, a única alternativa é correr junto no costado, tentando dar o rumo. Assim é feito com a Natureza. Convive-se nas condições adversas de excesso ou falta de água todo ano.

Esta sazonalidade impõe respeito, ela vem e vai mais intensa ou não, de acordo com a mãe natureza (por uns chamado de El Nino, La Nina, aquecimento global entre outros).

O Pantaneiro é cordial.

Suas palavras podem soar rústicas, porém seu intimo é humilde e a intenção é boa. Quem trabalha em condições adversas passa por dificuldades diárias e o lema é um ajudar o outro.

Para se chegar às fazendas, durante a enchente, contornam-se pontes sem cabeceiras e longas aguadas. Trechos, às vezes, só puxado por trator de algum vizinho!

O Pantaneiro é desconfiado.

Qualquer mudança na rotina que altere alguma das tradições pantaneiras é visto com muita cautela. Especialmente, se ele se sente intimidado. Defende com unhas e dentes o que lhe pertence.

Anos atrás, gente de fora, com PhD e tudo, recomendou “tirar o boi”. Os Pantaneiros indignados avisaram, mesmo assim eles esvaziaram os pastos, e tiveram um incêndio de proporções incontroláveis: a macega serviu de combustível ao invés de produzir carne. Um desastre!

O Pantaneiro é informado.

Temos sempre a impressão de alguém retirado num outro mundo, meio alongado, mas qual não é a surpresa para quem chega da cidade ao campo e ouvir uma noticia recentíssima.

Ela vem inclusive acompanhada de interpretações e colorido novo. Funciona bem o Radio Peão e/ou o Jornal Pantaneiro; são virtuais.

O Pantaneiro é trabalhador.

A crescente demanda mundial por alimentos pressiona cada vez mais o produtor a ser eficiente. A dedicação é máxima, o Pantaneiro é motivado por PAIXÃO.

87% do Pantanal se encontra preservado. Nos 13 % de produção semi-intensiva, nem só o gado se beneficia. A fauna silvestre, a exemplo do veado campeiro pasta capim humidícola, lambe sal no cocho e bebe água dos açudes.

O Pantaneiro faz o que sempre foi feito, atravessa as cordilheiras, na cheia e atalha no meio da vazante e dos campos, na seca. A estrada se molda assim como o Produtor Pantaneiro. Quem trabalha em condições adversas passa por dificuldades diárias e as contorna da melhor maneira possível!

O Pantaneiro tem orgulho do seu jeito de ser, da bezerrada sadia, da tropa alinhada e da fauna silvestre que convive entre estes tranquilamente.

Harmonia entre homem e natureza. E assim se faz há mais de 200 anos. Não é a toa que temos o Bioma mais preservado do Brasil.

(*) Marcela Lemos Monteiro é engenheira agrônoma e produtora rural

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