ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  25    CAMPO GRANDE 24º

Artigos

Pedagocia do abuso ou "a persistência do mal"

Por Valfrido M. Chaves (*) | 14/10/2013 10:56

Diz-se que não convém acomodar-se à maldade e ao abuso. Além das conseqüências imediatas de qualquer ação destrutiva, a acomodação a ela gera efeitos continuados que devem ser analisados, conforme a área da vida humana ou social que afete.

Sem o conhecimento da dinâmica do exercício e conseqüências da maldade, não há como fazer um juízo crítico, sanar cicatrizes e fazer sua prevenção. Estas considerações vêm a propósito da franca deterioração que se abate sobre a sociedade brasileira num momento em que a propaganda oficial anuncia ganhos de recuperação social e econômica estabelecidos, ironicamente, com o continuísmo irracional da política econômica FHC que ainda é, nos palanques oficiosos, apontada como “herança maldita”.

Concomitantemente, o banditismo dá um salto de qualidade e, se não domina, já pode levar o caos às duas maiores capitais brasileiras.

Nota-se ainda que o famoso “peleguismo”, que já denegriu a função de tantos sindicatos, hoje se manifesta também em organizações ditas sociais que, financiadas por dinheiro público, cumprem a agenda ideológica daqueles que controlam o poder e o cofre.

Essa agenda, senhores, caminha incutindo nas massas a noção de que os nossos direitos e valores democráticos são um estorvo. Eles devem ser atropelados pela militância que enche a boca para falar em Estado Democrático e de Direito no momento em que ele lhes assegura prerrogativas até para destruí-lo, mas passa a ser nomeado como “democracia burguesa”, quando se trata de romper com as normas mínimas de civilidade que possibilitam o convívio democrático.

Tais rupturas pretendem ser pedagógicas e exemplares para grupos manipulados, pois prepara o clima e quadros para o grande golpe através do qual pretendem obter seu triunfo ideológico totalitário. Eis, leitor, algumas “lições exemplares” de abuso que temos testemunhado:

-o espancamento do prefeito Mario Covas por organizações pelegas quando, leucêmico, tentava entrar na Prefeitura de SP, da qual era prefeito. Conforme a imprensa, a ação recebeu apoio explicito do PT, através do Deputado José Dirceu que teria então afirmado: “se estivesse lá, faria a mesma coisa”;

-efetuar oficiosamente o financiamento de organizações especializadas em promover invasões e seqüestros em propriedades rurais, premiando a tais ações com verbas públicas, confirmando para seus executores que a prática abusiva tem “costas largas”;

-premiar também invasão e depredação de instituições públicas que sejam simbólicas como representação do Estado, tal como o Congresso e Ministérios;

-promover abertamente o acobertamento e impunidade da corrupção e seus agentes, quando efetivada com objetivo de domínio político-partidário. Tal postura tem por objetivo mais desmoralizar a “democracia burguesa” e suas instituições, conforme conhecida lógica maoísta.

-fechar os olhos ao financiamento e manipulação estrangeira de invasões indígenas, dando cobertura, através do movimento social pelego, a todo tipo de crimes que então se dêem;

-impedir a prosperidade e integração das populações indígenas com a sociedade em geral, semeando ódios para, especialmente nas fronteiras, construir condições para futura impactação dessas fronteiras e nossa soberania, bem como “irrigar” a luta de classes com o ódio étnico;

-semear a descrença nas instituições e no Estado Democrático, quando a mais alta autoridade da Republica e seu Partido assumem a mentira e o acobertamento como respostas aos crimes denunciados pela CPIs e nossa imprensa, tais como o Mensalão, o Valerioduto;

Como pode concluir o leitor, o mal não se esgota em suas conseqüências imediatas, seja no caso de uma invasão, depredação, espancamento, corrupção, assassinato. A vulgarização dessas práticas como exemplares e a desmoralização do Estado Democrático e de Direito vêm a reboque e, seguramente, esses são os objetivos a serem atingidos, graças ao clima de frouxidão moral pedagogicamente estabelecido, volto a dizer, conforme a prática maoísta-leninista em curso.

Lamentavelmente, é o que se passa hoje, na “Nação de chuteiras”, neste junho de 2006.

(*) Valfrido M. Chaves é psiquiatra.

Nos siga no Google Notícias