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Questões do nosso tempo: ocorrências e decorrências

Por Guido Bilharinho (*) | 30/01/2011 10:35

Nas últimas semanas deram-se fatos que, alguns, não se imaginavam poder ocorrer e, outros, demonstraram plano articulado em plena implementação. Todos em detrimento da democracia, da liberdade e do aperfeiçoamento civilizatório do país.

Tais ocorrências e decorrências estão a exigir, para defesa da sociedade, que cada um em particular e, principalmente, as entidades e associações existentes tomem posição e enfrentem as tentativas obscurantistas de retrocesso e de controle e domínio da sociedade por entes e grupos organizados para evitar que se torne realidade o mundo descrito nos livros Admirável Mundo Novo (de 1932), de Aldous Huxley, 1984 (de 1948), de George Orwell, e Fahrenheit 451 (de 1963) de Ray Bradbury, o que em muitos aspectos já está acontecendo. Ao contrário do que se pensa, esse perigo é real, porém sofisticado e insidioso, o que dificulta entendê-lo e combatê-lo.

A investida da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicação) para monitorar por meio da internet os contatos telefônicos fixos e móveis soma-se a outras do mesmo gênero, oriundas de organismos estatais e privados para controlar tudo o que os cidadãos fazem, falam e produzem.

Como já denunciado, a referida agência sem autorização judicial terá acesso irrestrito e total aos números telefônicos chamados e recebidos, datas das ligações, horários de duração e valor das chamadas.

Aduzido a isso, e correndo em paralelo, vem arcebispo da Igreja Católica dizer, em inadmissível ingerência, que a presidente Dilma “precisa explicar melhor as suas convicções religiosas para que o diálogo possa progredir”.

A presidente não precisa e não pode explicar tais “convicções” sob pena de subordinação indevida do Estado à religião, seja ela qual for. Nesse caminho, todas as demais religiões também se sentirão autorizadas a exigir tais “explicações”, como também, com mais razão ainda, os ateus. O Estado é laico e a sociedade é composta de inúmeras crenças e descrenças, que devem se compor e se comportar democrática e civilizadamente nos seus limites, não além.

Já o movimento religioso liderado por outro arcebispo para revogação do disposto no artigo 128 do Código Penal, que não criminaliza o aborto nos casos de gravidez resultante de estupro e em que põem em perigo a vida da mãe, é do mesmo naipe, além de contraditório, tanto por admitir a possibilidade da morte da mãe como por violar o sentimento maternal, impondo-lhe o fruto de inaudita violência.

O pensamento unilateral, que é de estrato ditatorial e discricionário, além de frequentemente atrabiliário, mantendo-se isolado, protegido e distante dos bates e embates da vida concreta, tem dessas cavilações. Principalmente, quer infligir e aplicar seu ideário e pontos de vistas às demais pessoas e a toda a sociedade.

Já não basta, ao povo brasileiro, suportar a atuação predatória dos partidos políticos, que só vêm atuando como via de obtenção de cargos e empregos governamentais para em grande parte deles cometer fraudes e desvios de recursos, como os acontecidos na Funasa (Fundação Nacional da Saúde) e no porto de Paranaguá?

(*) Guido Bilharinho é advogado em Uberaba, foi candidato ao Senado Federal e editor da revista internacional de poesia Dimensão, sendo autor de livros de literatura, cinema e história regional.

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