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Uma bela Seresta na sexta-feira 13

Por Raimundo Edmário Guimarães Galvão* | 16/01/2012 10:36

Quero registrar uma cena belíssima na Noite da Seresta que ocorreu no dia 13 de Janeiro desse ano, aqui em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, no centro-oeste do Brasil.

Era uma sexta-feira chuvosa e durante o dia ficamos pensando que cancelariam o evento, porque a chuva não dava trégua e a meteorologia previa mais água pra aquela noite. A banda que iria se apresentar era “Os Pholhas”, um conjunto musical da década de 1970 que ficou muito famoso e que acalentou nossos romances (pra quem tem mais de 40 e tantos com eu) naquela época com baladas melosamente românticas, e em inglês, como a famosa My Mistake. Coincidentemente, no ano passado o show deles foi cancelado pelo mesmo motivo: o mal tempo. Mas à revelia do tempo, não foi anulada sua apresentação, nessa noite. Os organizadores não queriam isso, ninguém, nem muito menos o público ali presente.

Pra quem não sabe, todos os meses, na segunda sexta-feira, é realizada pela Fundação de Cultura do município, a Noite da Seresta em parceria com a Associação dos seresteiros presidida pelo cantor, advogado e outras cositas, Sílvio Lobo. Eu sou responsável pela banda que acompanha os seresteiros locais que fazem a abertura da atração de fora, na maioria das vezes, são artistas fora de catálogo, mas que ainda são uma brasa, mora? O importante dizer, que esse evento até certo ponto é muito nosso, ele não existe em Cuiabá, Teresina, Recife e nem em São Paulo e mesmo com todas as dificuldades já tem uma sobrevida de mais de oito anos de existência.

Desde as dezoito horas, daquela noite, havia uma garoazinha sobre a cidade morena, mas nada que atrapalhasse. Desde o começo da noite também já havia um público desejoso por música e animados na Praça do Rádio Clube, onde ocorre a Noite da Seresta. O clima estava delicioso. O carrinho de pipoca fumegava com cheirinho bom. Na esquia tinha o vendedor de cerveja no isopor, geladinha! E o dançarino vendedor de amendoim torrado circulava pra lá e pra cá com seu fogareiro. Logo daqui a pouco a praça estava cheia, não lotada, como nas noites de tempo bom, mas aconchegante. As pessoas presentes, pude notar, estavam impacientes pra que começasse logo, pediam música, gritavam e aplaudiam pra apressar o início da seresta. Devido a isso, houve poucas formalidades. Os apresentadores Sílvio e Marlene deram o sinal e começamos com a nossa música de abertura: “abram alas pra minha folia, já está chegando a hora!”. Depois que nós, artistas locais, terminamos nosso espetáculo, seria anunciado Os Pholhas, todavia exatamente nesse momento cai uma chuva forte. O pessoal do som fazia os últimos reajustes, enquanto os Os Pholhas já estava a postos, no palco pra entrar em cena.

Nesse momento uma imgem que muito me emocionou, eu olho, de cima do palco para o público e a praça está tomada de guarda-chuvas. Centenas de guarda-chuvas que eu até então nunca havia visto. Uma imensa lona de guarda-chuva. Uma cena lindíssima como que dizendo o show não pode parar, nunca! Não sei, mas penso que isso deu o combustível para o “Os Pholhas” fazer uma apresentação impecável de boa! E isso fica como uma deixa para os nossos promotores de eventos, Campo Grande, não é mais uma criança, cresceu, é uma moça viçosa. A cidade está ávida por eventos culturais e o mal tempo e a chuva não são mais desculpas pra se cancelar os shows, como nos tempos de outrora e uma anunciada sexta-feira treze pode ser adoravelmente sortuda.

(*) Raimundo Edmário Guimarães Galvão é músico, jornalista e mora em Campo Grande.

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