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Cidades

“Queria sonhar com meu filho e dar um abraço nele”, diz pai de Brunão

Mariana Lopes | 11/08/2013 08:27
(Foto: Marcos Ermínio)
(Foto: Marcos Ermínio)

Ele perdeu o filho há pouco mais de 2 anos, de uma forma bastante violenta, e desde então, sua maior frustração é nunca ter sonhado com ele. E neste Dia dos Pais, o funcionário público João Márcio Escobar, 48 anos, não pensaria duas vezes em abrir mão de qualquer joia para ganhar o maior e melhor presente do mundo.

“Tudo o que eu queria é sonhar com meu filho e dar um abraço nele, peço a Deus essa graça”, desabafa o pai de Jeferson Bruno Escobar, que era mais conhecido por Brunão. O jovem, que morreu aos 23 anos, no dia 19 de março de 2011, era segurança da Valley Pub, em Campo Grande.

Ele foi agredido por Christiano Luna de Almeida, também de 23 anos, que havia se envolvido em uma briga dentro do bar, foi levado para fora e bateu no segurança. O agressor é acusado pela morte de Brunão, mas o caso ainda não foi julgado pela Justiça.

Neste domingo, será o terceiro Dia dos Pais que João Márcio passa sem Brunão. “O último que passamos juntos, em 2010, almoçamos na casa da minha mãe, o Bruno levou carne, cerveja, fez o churrasco... É um dia que trago na memória”, recorda o pai do segurança.

Apesar da lembrança alegre, João Márcio carrega consigo o remorso de não ter se despedido do filho. “Quando ele morreu, fazia uma semana que eu não o via, só tinha falado com o Bruno por telefone, e sinto muito por isso”, comenta.

No dia do depoimento das testemunhas de acusação, um funcionário da Valley disse que as últimas palavras de Brunão foram “cadê meu pai? Quero meu pai...”, e isso João Márcio carrega até hoje como fardo. “Me corta o coração, me consome, eu não estava lá para ajudá-lo, isso me machuca muito ainda”, desabafou o pai, com chorou e voz engasgada.

O que ficou – Na casa da avó paterna, onde Brunão morava quando morreu, o quarto foi desfeito e a maioria das coisas do jovem doada. Guardado, ficou apenas o violão, que era uma das paixões dele.

Do instrumento, Bruno tirou várias composições, que João Márcio encontrou gravadas no celular do filho. “Dei a um amigo meu de Dourados para ele colocar melodia e estamos fazendo um trabalho de recomposição das músicas”, conta o pai, em primeira mão e cheio de orgulho do talento do rapaz.

“Queria sonhar com meu filho e dar um abraço nele”, diz pai de Brunão

Por falar em músicas, João Márcio se recorda que uma das preferidas de Brunão era uma da banda Catedral, que o pai canta hoje para o filho. É bem assim: “Tenho certeza que vou te encontrar, não sei o dia e a hora, mas sei o lugar. Sei que você está bem, mesmo assim, isso não me impede de chorar”.

Nas paredes da casa, ficaram também as fotos de Brunão, junto com todas as lembranças. “Não passa um dia sequer que eu não dou bom dia para ele olhando os retratos”, conta o pai do jovem.

Impunidade – Outra dor que corrói o peito de João Márcio é a impunidade em relação ao acusado da morte de Brunão. “Tive meu filho assassinado e para a Justiça isso não quer dizer nada, pois o cara que tirou a vida dele contratou um advogado caro e saiu da delegacia pela porta da frente”, lamenta o pai.

Porém, mesmo julgando que a própria Justiça tenha sido cúmplice da morte de do rapaz, o pai não perde a esperança. “Sou cristão e creio em Deus, não vou jamais fazer justiça com as minhas mãos, mas espero que a lei dos homens faça o que tem que ser feito, já que a própria justiça foi cúmplice, pois um ano antes o jovem que matou meu filho tinha agredido outra pessoa, tinha passagem por isso e estava solto”, pontua João Márcio.

Dia de festa e recolhimento – Neste domingo (11), João Márcio vai passar o Dia dos Pais com os outros dois filhos dele, Márcio Vinícius Escobar, 22 anos, e a caçula Daniela Escobar, de 7 anos. Após o almoço, que ele conta que prefere ficar recolhido, em silêncio, como faz há três anos, desde que Brunão morreu.

“Sou feliz pelos meus filhos, mas nada preenche o vazio que ficou, sou um pai que falta metade do meu coração”, suspira.

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