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Capital

Adolescentes fugitivos da UNEI têm passagens por homicídio e latrocínio

Francisco Júnior e Alan Diógenes | 19/11/2014 11:08
Unidade está lotada. (Foto: Pedro Peralta)
Unidade está lotada. (Foto: Pedro Peralta)

Os 19 adolescentes que fugiram da UNEI (Unidade Educacional de Internação) Dom Bosco, em Campo Grande, são considerados de alta periculosidade. Entre eles, há quem cumpre medida socioeducativa por homicídio, latrocínio (roubo seguido de morte) e roubo a mão armada.

A fuga aconteceu por volta das 23h30 de ontem (18). A unidade fica distante 17 quilômetros da Capital, às margens da BR-262, na saída para Três Lagoas.

De acordo com o diretor da unidade, Jean Lesseski, os adolescentes ignoraram o fato do prédio ser monitorado por câmeras e ter dois policiais militares armados que fazem a guarda do local.

Todos os foragidos são da ala A da unidade. Eles quebraram cadeados usando pedaços de ferro retirados das paredes de um dos banheiros. O grupo partiu para cima dos 10 agentes, que faziam o monitoramento e conseguira fugir pelo portão dos fundos da UNEI.

Durante a madrugada, 20 policiais militares juntos com 10 agentes fizeram diligências pela região para poder encontrar os adolescente, realizaram campanas no meio do mato, mas não conseguiram capturar nenhum dos foragidos.

Conforme o diretor, há pelo menos um mês o grupo estava tentando fugir da unidade. “Os agentes perceberam durante as atividades que eles estavam mais agitados. Eles fogem nessa época do ano para passar as festividades de Natal com família”, afirmou Lesseski.

A unidade está lotada, a capacidade é para 86 internos, porém até a fuga abrigava 93.

Ao longo deste ano foram registradas várias fugas e confusões na UNEI, que abriga os adolescentes que cometeram atos infracionais mais graves.

Umas das últimas ocorrências registradas na unidade aconteceu no mês de setembro deste ano. Cerca de 20 adolescentes aproveitaram o intervalo da aulas e tentaram fugir do local. Um agente ficou ferido durante a confusão e precisou ser socorrido.

No dia 15 de março, internos fizeram uma rebelião e incendiaram alojamentos no bloco B. O Batalhão de Choque atuou na repressão ao motim. Após a rebelião, o juiz da Vara da Infância e Juventude, Roberto Ferreira Filho, determinou que a PM só pode entrar nas unidades após notificar a Justiça, MPE (Ministério Público Estadual) e Defensoria Pública.

No dia 11 de março deste ano, antes mesmo da rebelião, o defensor público Eugênio Luiz Damião, da 3ª Defensoria Pública da Infância e Juventude, ingressou com um pedido de interdição parcial da unidade, limitando ao número de 70 adolescentes.

De acordo com o defensor, a unidade é precária e o problema se arrasta há anos. “Este acontecimento da noite passada é resultado de diversos fatores, como a precariedade do espaço físico, o reduzido número de agentes, e o ciclo vicioso, da ociosidade ou abandono de crianças e adolescentes que levam-nas à drogadição, e por fim a criminalidade, o que deve ser combatido não com mais violência, mas com educação e atenção do poder público”, afirmou o defensor.

Segundo ele, “os adolescentes que cometeram atos infracionais, pela lei, podem cumprir medida socioeducativa privativa de liberdade, mas não privativa de dignidade e de direitos fundamentais”.

Conforme Damião, a precariedade da estrutura física e de pessoal da Unidade Educacional Dom Bosco se arrasta por anos. “A Defensoria Pública da Infância e Juventude atuou com representações pela interdição da Unei Dom Bosco, devido a falta de condições para a execução da medida socioeducativa de internação. Uma unidade superlotada e sem profissionais suficientes para trabalhar pela socioeducação desses adolescentes não torna possível o alcance dos objetivos de uma medida socioeducativa”, ressaltou.

A Defensoria moveu ação civil pública para adequar o prédio da Unei Dom Bosco ao projeto arquitetônico estabelecido pelo Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo. No Estado, há 10 unidades que abrigam adolescentes infratores, sendo três na Capital.

Portão por onde os adolescente fugiram. (Foto: Pedro Peralta)
Portão por onde os adolescente fugiram. (Foto: Pedro Peralta)
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