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Capital

Alvo fácil e boa moeda de troca, roubo de celular é o crime do momento

Luana Rodrigues | 21/11/2015 08:50
Distração ao usar celular é apontada como principal causa do aumento dos crimes. (Foto: Marcos Ermínio)
Distração ao usar celular é apontada como principal causa do aumento dos crimes. (Foto: Marcos Ermínio)
Celulares apreendidos pela PM, em ponto de venda de drogas, no mês de junho. (Foto: Divulgação/ PM)
Celulares apreendidos pela PM, em ponto de venda de drogas, no mês de junho. (Foto: Divulgação/ PM)

De crianças a idosos, não é nem um pouco difícil encontrar alguém com o celular na bolsa, no bolso, nas mãos, e até no carrinho de compras do supermercado. Sofisticado e considerado de uso quase obrigatório na sociedade moderna, o aparelho também se transformou em um produto cobiçado pelos bandidos.

Autoridades policiais concordam que os roubos e furtos estão "comuns" e aumentando, mas a polícia diz que não tem uma estatística que mostre a quantidade exata, já que suspeita que o índice de casos pode ser bem maior do que os registrados. No entanto, somente na 7ª Delegacia de Polícia Civil da Capital, foram registrados 10 roubos e 13 furtos de celulares em outubro.

A onda de crimes se espalha de tal modo que criminosos atacam transportadoras, lojas e pedestres a qualquer hora do dia com a finalidade exclusiva de levar telefones, alguns ao custo de R$ 5,2 mil, dinheiro suficiente para comprar uma moto ou um carro popular antigo. "Tem bandido deixando o tráfico de drogas para roubar celular. É uma febre nacional", contou o delegado Luiz Alberto Ojeda, da DERF(Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos).

Em agosto deste ano, o delegado comandou uma investigação do furto de cerca de 130 aparelhos, ocorridos em um show em Campo Grande. A polícia descobriu que os crimes haviam sido cometidos por uma quadrilha com 10 integrantes, presa em Goiás, que era especializada em furtos dos aparelhos.

No mês passado, dois homens renderam e amarram um vigilante de 21 anos durante assalto a uma loja da Claro, também na Capital. Foram levadas dezenas de aparelhos. Na época, o delegado que registrou o crime apontou que os bandidos planejaram o roubo, porque sabiam da rotina da loja e também onde estavam todos os objetos de valor. Os criminosos fugiram e ainda não foram identificados.

A avalanche dos roubos causa prejuízos financeiros, traumas psicológicos e provoca mudanças de comportamento entre as vítimas, que passam a ter mais cuidado ao manusear os aparelhos, mesmo assim, tem muita gente que ainda se faz vulnerável.

 Antônio Aparecido de 44 anos, jardineiro. (Foto: Marcos Ermínio)
Antônio Aparecido de 44 anos, jardineiro. (Foto: Marcos Ermínio)
As professoras Ana Paula de 37 anos e Marlene Silva de 42. (Foto: Marcos Ermínio)
As professoras Ana Paula de 37 anos e Marlene Silva de 42. (Foto: Marcos Ermínio)

Alvo fácil - De acordo com o delegado titular do 1º DP de Campo Grande, Miguel Said, o descuido das vítimas é a principal causa dos roubos e furtos dos aparelhos. "A vitimologia explica a quantidade de crimes nesse sentido. As tem o costume de deixar o aparelho em balcões ou andar nas ruas mexendo sem prestar atenção no que está em volta, tudo isso facilita a ação dos bandidos", comenta.

O delegado explica que a principal maneira de evitar o crime e a crianção de uma cultura de prevenção. "É das pessoas desatentas e desinformadas que os bandidos se aproveitam, por tentamos mostrar a população que ela deve estar sempre alerta, e manter a atenção ao que está o seu redor", disse.

No Centro da Capital, a reportagem do Campo Grande News encontrou Antônio Aparecido de 44 anos, com fones nos ouvidos e o celular nas mãos. O jardineiro parecia distraído, mas ao ser abordado pela equipe negou a falta de atenção. "Ando sempre cuidando em volta, não dou moleza não. A gente usa muito o celular e sabe que é caro, por isso cuida", afirmou.

Já as professoras Ana Paula de 37 anos e Marlene Silva de 42, estavam com os aparelhos guardados na bolsa e também concordaram que é preciso manter a atenção. "Andamos sempre com ele guardado e a bolsa na parte da frente do corpo, porque já soubemos de muito assalto de gente que anda distraída. Tem gente que ao atravessar o sinal fica com o telefone na mão", disseram.

Moeda de troca - O destino dos telefones roubados e furtados muitas vezes é um mistério para a polícia pela quantida de possibilidades. Geralmente, os aparelhos surrupiados fomentam o comércio paralelo nas periferias, camelódromos e até páginas de classificados na internet, onde o produto é oferecido até pela metade do preço original. Uma pequena parcela é desmontada, e as peças abastecem “os ferros-velhos dos aparelhos”, oficinas de consertos de fundo de quintal, e outra vai parar dentro dos presídios.

Essa facilidade em "passar pra frente" o produto fruto do crime também é apontada pela polícia como um dos motivos para a atração dos bandidos pelo aparelho. "Enquanto as pessoas comprarem produto roubados, os assaltos não vão ter fim, estaremos enxugando gelo", disse o delegado.

Marcos Alexandre de 47 anos, mototaxista. (Foto: Marcos Ermínio)
Marcos Alexandre de 47 anos, mototaxista. (Foto: Marcos Ermínio)

Como evitar - Delegado da 7ª delegacia de Polícia Civil da Capital, Paulo Henrique Sá, reforça a importância do cuidado das vítimas para evitar os roubos e furtos. "Evitar falar ou expor o celular em lugares públicos, nas ruas, utilizar caminhos iluminados e movimentados, e proteger o aparelho na roupa ou em algum objeto", explica.

Conforme o delegado, as duas marcas preferidas dos bandidos são Samsung e Iphone, porque são mais caros e mais tecnológicos. "Uma das dicas de segurança é evitar os fones de ouvido brancos, por incrível que pareça eles chamam mais atenção que os outros".

Evitar ficar com o aparelho em pontos de ônibus e dentro do veículo não utilizar, deixar o aparelho no modo silencioso, e só atendê-lo em locais seguros também são orientações do delegado.

Trabalhando como mototaxista, Marcos Alexandre de 47 anos diz que para ele ter o celular roubado ou furtado seria um prejuízo muito grande, já que depende do aparelho para o trabalho, por isso todo o cuidado é pouco. "Tem muitos colegas que tem dois aparelhos, um mais velhinho e outro mais moderno. Eu só tenho um, mas acho que esse é um jeito para quem depende do celular e não quer ficar no prejuízo" diz.

Todo celular sai de fábrica com um número de série. É como se fosse o chassi mundial do telefone, chamado de Imei (Identificação Internacional de Equipamento Móvel).

Vítimas - Em caso de roubo, furto ou perda, a orientação para as vítimas é registrar uma ocorrência policial. Outra dica é solicitar à operadora o bloqueio do Imei, deixando o telefone mudo. "O Imei pode ser visualizado digitando na tela *#06# e também vem especificado na nota fiscal de compra do celular. Memorize ou tenha sempre o número em mãos", orienta o delegado.

O Brasil tem 281,4 milhões de celulares ativos, 5,7 milhões de aparelhos bloqueados por causa de furto, roubo ou extravio.

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