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Capital

Após duas mortes, suspeitas de gripe continuam provocando internações

Flávia Lima | 25/06/2015 17:01
Mariah Barros alerta sobre a maior incidência do subtipo H3N2. (Foto:Fernando Antunes)
Mariah Barros alerta sobre a maior incidência do subtipo H3N2. (Foto:Fernando Antunes)
Antiviral utilizado no tratamento da Influenza é prescrito apenas pelos médicos e disponibilizado gratuitamente na rede pública. (Foto:Fernando Antunes)
Antiviral utilizado no tratamento da Influenza é prescrito apenas pelos médicos e disponibilizado gratuitamente na rede pública. (Foto:Fernando Antunes)
Após duas mortes, suspeitas de gripe continuam provocando internações

A chegada do inverno exige uma atenção redobrada com as doenças respiratórias. Historicamente, a estação é a que mais registra casos dessas doenças, incluindo a gripe. No momento, quatro pessoas estão internadas com os sintomas da doença na Capital.

Para evitar que os casos se propaguem, as campanhas de vacinação antecedem o período do frio e muitas vezes são prorrogadas, como aconteceu este ano em Mato Grosso do Sul, onde as prefeituras, incluindo Campo Grande decidiram continuar com a ação até o final dos estoques.

No entanto, todo esse cuidado não tira a preocupação dos profissionais da área de Saúde, que advertem sobre a circulação mais comum dos subtipos da gripe Influenza, o H1N1 e o H3N2. Este último, inclusive, já causou duas mortes de idosos na Capital este ano.

De acordo com dados da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), só neste primeiro semestre foram notificados 125 casos suspeitos no município. Desses, 14 foram confirmados, sendo 2 de H1N1 e 11 do tipo H3N2, além de um de Influenza B. Entre esses confirmados, duas mortes foram provocadas pelo H3N2.

No momento, segundo a enfermeira Mariah Barros, gerente técnica da área de Influenza da Sesau, existem quatro pessoas internadas em hospitais das Capital com suspeita de Influenza e aguardando resultado que deve ser emitido pelo Lacen (Laboratório Central) até o final de semana.

Em todo Estado, conforme dados da Secretaria de Saúde, mais de 150 casos suspeitos foram registrados desde o início do semestre. A maior parte na Capital. Os exames também indicam que o H3N2 é o vírus com maior circulação este ano em Campo Grande e pelos registros da secretaria estadual, também vem prevalecendo no interior, já que dez suspeitas foram notificadas até o momento.

Além de Campo Grande, também houve confirmações em Sidrolândia, São Gabriel D’Oeste e Rio Brilhante. Segundo a enfermeira Mariah Barros, não há um fator determinante para a circulação de um tipo específico do vírus. Diferente de 2014, quando houve uma incidência maior de H1N1, este ano é o tipo H3N2 que vem circulando com maior frequência. “O surgimento de um ou outro vírus não tem qualquer ligação com o tipo de clima ou meio ambiente. Eles simplesmente surgem e tem o mesmo grau de periculosidade. Além disso, diferente da Dengue, é possível contrair mais de uma vez o mesmo tipo de vírus”, alerta.

Os sintomas ocasionados por esses dois tipos de vírus também são os mesmos. No entanto, o quadro clínico do paciente pode variar conforme seu estado geral de saúde e se ele apresenta uma doença crônica ou esteja debilitado. Nesses casos, a gripe pode evoluir para uma pneumonia, exigindo uma internação.

Devido a essa gravidade, a enfermeira ressalta a importância da imunização, principalmente das populações consideradas de risco, como idosos, crianças e gestantes. Apesar do preconceito que a vacina ainda desperta, Mariah diz que é importante o trabalho da família em convencer os idosos, grupo que geralmente apresenta resistência por acreditar que a prevenção não vai surtir efeito.

Um dos principais pontos que impede a ida dessas pessoas aos postos, é o fato de acreditar que terão alguma reação e ficarão doentes. “O que ocorre é que as vacinas produzidas não conseguem englobar a grande quantidade de vírus, por isso pode ocorrer de alguém ficar gripado, mas será por ter contraído algum vírus que a vacina não abrange”, explica a enfermeira.

O preconceito, segundo ela, não deve servir de barreira. “A imunização é a maneira mais eficaz de prevenção”, alerta. Quando não há a prevenção, ela ressalta a necessidade de adotar cuidados básicos de higiene, cobrir nariz e boca quando tossir ou espirrar e evitar locais fechados e aglomeração.

Pelo número de casos suspeitos apresentados até o momento na Capital, Mariah diz que é preciso ficar alerta, já que eles representam quase metade dos números registrados em 2014, quando houve 300 casos suspeitos, com 55 confirmações de Influenza. Desse total, 35 foram provocadas pelo vírus H1N1 e 20 pelo tipo H3N2. No total houve 16 mortes, sendo que 11 foram em decorrência do H1N1. Em todo o Estado, houve 29 mortes ano passado.

O que é – Os vírus da Influenza estão em circulação durante todo o ano, porém a incidência maior da doença acontece no inverno devido a facilidade de transmissão, já que com o tempo frio é comum ficarmos em ambientes fechados, sem ventilação.

Os vírus são transmitidos por vias aéreas, 24 horas antes do início dos sintomas e provocam febre acima de 38ºC, calafrios, tremores, dor de cabeça, além de tosse seca, dor de garganta e coriza. A infecção geralmente dura uma semana. O Influenza se divide em três tipos, o A, B e C, que ainda apresentam subtipos.

Em Campo Grande, o tipo A tem sido o mais comum, apresentando os subtipos H1N1 E H3N2. O vírus influenza C causa apenas infecções respiratórias brandas, já o A e B são os responsáveis por epidemias sazonais, como as ocorridas no inverno. O tipo A é o responsável pelas grandes pandemias.

Para ajudar no controle da doença, além da campanha de imunização, os postos de saúde do Coophavila 2 e Coronel Antonino funcionam como sentinelas, ou seja, semanalmente técnicos que atuam nesses locais coletam secreção nasal de pessoas que apresentam sintomas da Influenza para facilitar o monitoramento dos vírus na Capital.

As amostras são encaminhas ao Lacen e levam e o resultado fica pronto em, no máximo, três dias. “Esse trabalho ajuda o Ministério da Saúde a identificar quais os vírus com maior circulação no país. Com essas informações, é possível produzir a vacina utilizada nas campanhas. “A partir do momento que temos essa identificação, é produzida uma vacina para combater esses vírus mais comuns, que será utilizada nas próximas campanhas, explica Mariah Barros.

Porém, a enfermeira ressalta que quando há suspeita da Infleuza, mesmo antes dos resultados, os médicos das unidades de Saúde podem antecipar o tratamento prescrevendo um antiviral conhecido por Tamiflu, distribuindo mediante receita médica gratuitamente na rede pública.

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