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Capital

Após maior enchente em oito anos, MPE investiga obras em avenida

Ricardo Campos Jr. | 07/04/2015 17:20
Avenida alagada em dia de chuva na Vila Popular (Foto: arquivo Campo Grande News)
Avenida alagada em dia de chuva na Vila Popular (Foto: arquivo Campo Grande News)
Pedreiro mostra a altura em que a água chegou no alagamento de dezembro (Foto: Marcelo Calazans)
Pedreiro mostra a altura em que a água chegou no alagamento de dezembro (Foto: Marcelo Calazans)

O MPE (Ministério Público Estadual) oficializou nesta terça-feira (7) inquérito civil público para investigar omissão do município de Campo Grande na fiscalização das obras que ocasionam danos ambientais e alagamentos na avenida José Barbosa Rodrigues, na Vila Popular. Em dezembro do ano passado, a região teve a pior enchente desde 2006, segundo afirmaram os moradores na época.

A situação foi perto do Natal e algumas pessoas tiveram que ser retiradas das casas e abrigadas em uma escola próxima, enquanto outras foram para casa de parentes.

“Perdemos mobília completa. O que estiver na frente da água, perde. Na minha casa sobraram uma cama e dois colchões que a prefeitura me deu”, diz o pedreiro Luciano Lima de Rezende, 42 anos, que mora na avenida.

Ele afirma que as inundações ocorrem há cerca de 20 anos, quando o viaduto na avenida Duque de Caxias foi construído. “Eu já parei de construir, parei de limpar e parei de pagar imposto há quatro anos porque não adianta. Acho que meu imóvel já deve ter desvalorizado uns 50%. Se eu vendê-lo agora, perco dinheiro. Meus investimentos estão todos aqui”, explica.

A diarista Rosimeire da Silva Delfino, 34 anos, mora em uma residência na avenida com os quatro filhos, de 9, 11, 12 e 16 anos. “Já perdi geladeira, sofá, guarda-roupa. Quando vai chover, fico com medo. Não dá nem gosto de comprar coisas novas. É horrível”, relata.

Essa mesma insegurança é partilhada por vizinhos. “Quando troveja, ninguém dorme, ficamos de guarda chuva e capa na mão”, diz o motorista Manoel dos Santos, 63 anos. “O MPE já deveria ter investigado isso há muito tempo”.

O aposentado Eloy Coene, 77 anos, mora sozinho. Ele comprou uma geladeira nova no mês passado e, prevendo o pior, já providenciou um calço para evitar que ela seja atingida pela água. “Quando o tempo está feio, não posso nem sair. Nós queremos ter as coisas, mas não temos condições, porque a água estraga”, afirma.

A assessoria de imprensa da prefeitura informou que ainda não foi notificada a respeito da abertura do inquérito e, portanto, não vai se pronunciar, por enquanto.

Aposentado improvisou calço já pensando na próxima enchente para não perder geladeira nova (Foto: Marcelo Calazans)
Aposentado improvisou calço já pensando na próxima enchente para não perder geladeira nova (Foto: Marcelo Calazans)
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