Após ordem judicial, hospitais continuam com pacientes no corredor
Três dias após decisão da Justiça determinar o fim das internações em corredores de hospitais e nas unidades de saúde 24 horas de Campo Grande, o caos e a superlotação seguem nos dois maiores hospitais da Capital. Na Santa Casa, o pronto-socorro está operando, nesta segunda-feira (3), 59% acima da capacidade e, no Hospital Regional, o atendimento superou em 35% as condições legais.
Na sexta-feira (31), o juiz de direito auxiliar Marcelo Ivo de Oliveira, da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, assinou liminar que deu ao Estado e à prefeitura 10 dias para resolver a falta de leitos hospitalares na cidade. A multa diária, em caso de descumprimento, será de R$ 5 mil.
O problema, conforme consta na ação civil pública, movida pelo MPE (Ministério Público Estadual), é resultado do déficit de 816 leitos. Por isso, o órgão pediu a criação de 300 vagas no prazo máximo de três meses, além de mais 516 em um ano.
O caos não é de hoje e se agrava a cada dia. Nesta segunda-feira, por exemplo, 33 pacientes aguardam vaga no centro cirúrgico da pré-ortopedia da Santa Casa. Com 46 leitos ativos, no pronto-socorro, 77 pessoas estão em atendimento de urgência e emergência, 59,74% acima da capacidade técnica permitida.
Na área de decisão clínica, onde são encaminhados os pacientes menos críticos, mas que necessitam de cuidados e avaliação médico-hospitalar, o atendimento é realizado em 166,67% acima do limite. A unidade tem capacidade para nove leitos, mas, na manhã de hoje, 24 pacientes estavam sob avaliação médica.
Da última quinta-feira (30) até domingo (2), foram internadas 313 pessoas na Santa Casa. No mesmo período, o ambulatório atendeu 442 pessoas, o Centro Cirúrgico realizou 256 cirurgias, destas 148 de urgência e emergência e 117 eletivas. Além disso, o hospital realizou 23 partos cesarianas e normais.
No Hospital Regional, o problema da superlotação também vem se arrastando. Na manhã de hoje, conforme o diretor-presidente, Rodrigo Aquino, a equipe atendeu 35% acima de sua capacidade. Na quinta-feira passada (30), o pronto-socorro, que tem capacidade para 77 pacientes, estava com 119 pessoas.
Titular da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), Jamal Salem frisou que “o problema de falta de leitos não é de hoje” e insinuou que a bomba explodiu na atual gestão. “A falta de leitos hospitalares se arrasta há mais de 10 anos e não foram tomadas decisões”, comentou.
Como exemplo, ele citou a falta de medidas para retomar as obras paradas do Hospital do Trauma. “Por uma questão burocrática e não financeira, tudo está parado. Acho que a Justiça poderia acionar o Ministério da Saúde para resolver esse impasse, seriam 135 leitos a mais”, disse.
Sobre o que a prefeitura fará para cumprir a determinação do juiz Marcelo Ivo, Jamal informou que o caso está na procuradoria jurídica do município. “Assim que sair o parecer deles, vou me manifestar sobre o caso”, afirmou o secretário.