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Capital

Apuração isenta brinquedoteca em episódio de maus tratos a crianças

Marta Ferreira | 30/09/2011 17:55

Para quem investiga o caso, foi um ato isolado de funcionárias que tinham desavenças

Picuinha entre mulheres foi a razão para o episódio de maus tratos envolvendo duas crianças que frequentam uma brinquedoteca no Jardim São Bento, que se transformou em uma das notícias mais comentadas da semana, junto com a intoxicação alimentar de 180 estudantes de uma escola municipal de Campo Grande. Uma decidiu “armar” para a outra ser demitida, usando as crianças atendidas no local, com a crença de que o caso ficaria no ambiente de trabalho.

O episódio foi denunciado à Polícia Civil pela mãe de uma das crianças, ao ver a foto do filho com fita crepe na boca, mostrada por uma delas, na tentativa de atingir a outra. As funcionárias acabaram demitidas, viraram alvo de inquérito policial e a brinquedoteca teve a imagem abalada e ainda não reabriu.

A conversa com quem investiga o caso na Polícia Civil revela que os elementos colhidos até agora isentam o estabelecimento de responsabilidade pelo ocorrido. Também não indicam problemas anteriores. “Foi um fato isolado, que ocorreu num único dia, por causa da desavença entre as funcionárias”, afirma a delegada Regina Márcia Rodrigues, da DPCA (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente), responsável pela investigação.

Uma das funcionárias indiciadas por maus tratos a criança em brinquedoteca. (Foto:Pedro Peralta)
Uma das funcionárias indiciadas por maus tratos a criança em brinquedoteca. (Foto:Pedro Peralta)

A dona do estabelecimento, uma psicóloga de 39 anos, falou com o Campo Grande News com exclusividade sobre o assunto, e disse que, ao saber de tudo, se sentiu “traída, impotente, anestesiada”.

Formada em Psicologia, ela contou que escolheu trabalhar com crianças desde antes de terminar a faculdade. Disse que o estabelecimento, que tem 15 anos, nunca teve problemas nem reclamações.

Andamento-A Polícia Civil indiciou duas ex-funcionárias da brinquedoteca por maus tratos, crime que pode gerar pena de um ano de detenção, por taparem a boca da criança com fita crepe e ainda filmar.

Ainda está sob investigação a mesma agressão envolvendo uma outra criança, que pode gerar novo indiciamento. Segundo a proprietária, uma terceira monitora sabia de tudo, e também foi demitida. Foi por essa funcionária que soube que algo errado havia acontecido no estabelecimento, após ela mandar avisar que não trabalharia mais.

A funcionária já havia pedido demissão e decidiu sair antes do prazo previsto. Questionada, contou que uma criança havia sido filmada com fita crepe na boca. Isso ocorreu no mesmo dia em que a mãe denunciou o caso à Polícia Civil, na quarta-feira. Não houve tempo de conversa entre a dona e as outras monitoras, nem com os pais das crianças, segundo ela informou.

A Polícia Civil foi ao local no dia, junto com uma equipe de televisão, e a partir daí, a picuinha entre funcionárias virou caso de Polícia e notícia na imprensa.

Três dias depois, o estabelecimento segue fechado, e o inquérito sobre o assunto em andamento. “Espero concluir na semana que vem”, afirmou a delegada.

E agora?-Para a dona do estabelecimento, sobrou a tarefa de convencer a clientela de que é seguro deixar as crianças ali. De acordo com ela, 90% dos pais já avisaram que os filhos vão continuar frequentando o estabelecimento.

Como atua como brinquedoteca, ou seja, local onde as crianças vão para atividades lúdicas, a empresa não precisa de autorização do Conselho Estadual de Educação.

O fato de não ter fachada, conforme a dona, é por opção, uma vez que os clientes vêm por indicação de outros.

A Polícia Civil requisitou os documentos que garantem o funcionamento da empresa, como os alvarás da Prefeitura, assim como uma vistoria da Vigilância Sanitária, para confirmar que a empresa está regular. A psicóloga disse que toda a documentação está em dia.

No meio desse tumulto, ela disse que ainda está avaliando que providências vai tomar em relação ao envolvimento da empresa em uma confusão que, pelas investigações feitas até agora, é entre as funcionárias. “Primeiro quero reabrir na segunda-feira e me reerguer”.

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