ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEXTA  26    CAMPO GRANDE 24º

Capital

Autora lamenta ter livro usado em suposto desvio milionário de verbas

Paulo Yafusso | 24/05/2016 17:45
Investigações da Operação Lama Asfáltica indicam que Gráfica e Editora Alvorada pagou propina pela publicação de livros para o governo, sem licitação (Foto: Fernando Antunes)
Investigações da Operação Lama Asfáltica indicam que Gráfica e Editora Alvorada pagou propina pela publicação de livros para o governo, sem licitação (Foto: Fernando Antunes)

A professora universitária e doutora em educação e relações raciais, Lucimar Rosa Dias, lamentou que nomes de autores de livros tenham sido citados em investigação da Operação Lama Asfáltica, já que eles apenas tiveram contratos para a publicação de suas obras sem qualquer ligação com órgãos públicos. “Os autores recebem os direitos autorais, quem comercializa a obra é a editora, é lamentável que os autores tenham sido citados nesse processo abominável”, afirmou.

Lucimar Dias explica que foi procurada pela Gráfica e Editora Alvorada para elaborar um parecer sobre o motivo que teria levado o governo de Mato Grosso a ter recusado um livro que tratava da questão racial. Após elaborar o parecer sem cobrar pelo serviço, o editor perguntou se ela poderia melhorar a referida obra, no que ela respondeu negativamente, já que a obra era de outro autor.

Como a professora tem forte atuação neste segmento e com várias publicações sobre história e cultura afro-brasileira, o editor da Gráfica e Editora Alvorada perguntou se Lucimar Dias não teria uma obra nesta área para que fosse publicada. Como ela tinha o “Cada um com seu jeito, cada jeito é de um”, que trazia a temática racial e ainda estava no papel, o editor acertou com Lucimar Rosa Dias a sua publicação.

Para isso foi assinado contrato em que ficou estabelecido que receberia 5% a título de direito autoral de cada livro vendido. Quando a obra ficou pronta, a autora recebeu como adiantamento R$ 5 mil, que foi descontado à medida em que as publicações eram vendidas. No total, recebeu R$ 15 mil.

Segundo ela, a editora não informou a tiragem e nem como foram feitas as vendas. “A comercialização é feita diretamente pela editora, eu recebia relatório trimestral e o valor dos direitos autorais”, afirmou. Lucimar Dias disse que, como ocorre com qualquer outra editora, os autores apenas assinam os contratos para o recebimento dos direitos autorais, sem tomarem conhecimento de como as obras são vendidas.

Os outros autores que tiveram livros publicados pela Gráfica e Editora Alvorada e foram citados no relatório da Operação Fazendas de Lama, Gilberto Matjje e Ariadne Cantu, também foram procurados. Nas várias ligações feitas ao consultório mestre em psicologia Gilberto Matjje, a informação é de que ele estava em atendimento. Ariadne Cantu não quis comentar o assunto.

Relatório da CGU (Controladoria-Geral da União) que faz parte do acervo da Fazendas de Lama, aponta irregularidades na contratação da Gráfica e Editora Alvorada e suposto pagamento de propina da empresa ao ex-governador André Puccinelli. Os indícios seriam as conversas telefônicas gravadas com autorização da justiça, em que ele conversa com o ex-secretário Adjunto de Fazenda, André Cance, sobre pagamento à Gráfica e Editora Alvorada, nos últimos dias de governo.

Na Gráfica e Editora Alvorada, a informação é de que só o sócio Mirched Jafar Júnior pode falar sobre o assunto, e ele já teria avisado que não atende a imprensa.

Nos siga no Google Notícias