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Capital

Cabeça de bando preso com 800 kg de droga é ligado às Farc

Paula Maciulevicius | 24/09/2012 11:37

Organização do grupo impressionou policiais: eles usavam bluetooth para se comunicar

Delegados, Carlos Delano, Adriano Garcia e Marco Antônio Balsanini e todo efetivo da Denar trabalharam na maior apreensão de droga deste ano. (Fotos: Rodrigo Pazinato)
Delegados, Carlos Delano, Adriano Garcia e Marco Antônio Balsanini e todo efetivo da Denar trabalharam na maior apreensão de droga deste ano. (Fotos: Rodrigo Pazinato)

A quadrilha presa no último sábado pela Denar (Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico) além de muito bem organizada tinha como líder um jovem envolvido com as Farc (Forças Armadas Colombianas). O ‘cabeça’ da organização, Kleyton de Souza Silva, 24 anos, já foi preso em dezembro de 2010, no Estado de São Paulo, com cocaína fornecida pela organização colombiana.

Em liberdade há quatro meses, era ele quem comandava toda a ação que culminou na maior apreensão de drogas já feita pela Denar. Os 878,5 quilos de maconha apreendidos neste último sábado são avaliados, pelo mercado de São Paulo, em R$ 600 mil. Abastecidos em Bela Vista, os integrantes da quadrilha levariam todo entorpecente para a capital paulista.

Entre os cinco presos, dois eram batedores que tinham em todos os veículos um avançado sistema de comunicação por rádio usando bluetooth, um sistema de transferência de dados sem fio. “Eles eram muito bem organizados, com uma tecnologia nova. Equipamentos de conversa e pontos de captação via bluetooth”, ressaltou um dos delegados na ação, Adriano Geraldo Garcia.

Em um dos veículos o delegado explica como funcionava na prática. Um pequeno botão abaixo do freio de mão, escondido, praticamente invisível era acionado e o microfone que não era visível, captava toda a conversa na cabine.

Da esquerda para direita, Jheniffer, Kleyton, Diego, Denivaldo e Jefferson. Todos presos no último sábado.
Da esquerda para direita, Jheniffer, Kleyton, Diego, Denivaldo e Jefferson. Todos presos no último sábado.

“A Polícia jamais pegaria se não houvesse a informação da quadrilha”, completou. O sistema, geralmente é adquirido no Paraguai, de acordo com a Polícia.

Prisão - Depois de 40 dias de monitoramento, a Polícia chegou até a quadrilha em uma abordagem feita ao condutor do Ford Ká, no Indubrasil, saída para Aquidauana, Diego Coutinho Moreira, 21 anos, que era o batedor que vinha logo à frente do caminhão.

“Surpreendemos o Ford Ka, que era dirigido por Diego, fechamos a rodovia e o motorista do caminhão ainda conseguiu fugir em alta velocidade”, completou o delegado Adriano Garcia. Houve perseguição e o caminhão só parou sete quilômetros À frente, quando a Polícia efetuou disparos. Dirigindo o veículo, um caminhão Volkswagen, estava Denivaldo Coutinho Moreira, 28 anos.

Ao mesmo tempo outra equipe realizava a prisão de Kleyton e da esposa, Jheniffer de Souza Aguirre, 23 anos, no município de Aquidauana, onde o casal morava. Na rua, eles também tentaram fugir em um S10 prata, mas foram pegos depois que tiros dados pela Polícia estouraram um dos pneus.

Com a prisão do batedor que dirigia o Ford Ka, Diego e do motorista do caminhão, Denivaldo, os policiais chegaram ao primeiro batedor, Jefferson Luiz Magalhães, 26 anos, que estava aguardando os demais veículos em um posto de combustíveis na saída para Três Lagoas.

Com os cinco foram encontrados R$ 4 mil, celulares e aparelhos de GPS.

Rádio de comunicação era escondido dentro do painel dos veículos e acionado por um botão posicionado abaixo do freio de mão.
Rádio de comunicação era escondido dentro do painel dos veículos e acionado por um botão posicionado abaixo do freio de mão.

Rota - O trajeto que a droga faria para chegar até a capital paulista foi feito por Kleyton. Depois de abastecer o caminhão com entorpecente, ele deveria seguir o mapa que indicava diversas estradas vicinais onde não haveria fiscalização. A rota começou em Bela Vista, seguiu por Dois Irmãos do Buriti, entrava em Campo Grande e daqui seguia via Inocência, passando por Água Clara.

O nível de organização e a certeza de que não seriam pegos fez com que a quadrilha não se preocupasse em acobertar a droga. Os mais de 800 quilos estavam na caçamba do caminhão, cobertos apenas por uma lona, sem nada que camuflasse.

Para um dos delegados do caso, Carlos Delano, a estrutura da quadrilha indica que eles costumavam transportar até mais do que o apreendido.

“Pela grande quantidade de droga e os veículos escolhidos, essa quadrilha é bem organizada e movimentava grandes quantidades de droga. Os 800 quilos não era p máximo, eles costumavam transportar bem mais pela logística”, ressaltou.

A investigação, segundo a Denar, continua para saber o destino da droga.

Paralelamente ao crime de tráfico e associação para o tráfico de drogas, um deles, Denivaldo Coutinho Moreira, 28 anos, usava documentos em nome de José Augusto e vai responder pelo crime de uso de documento falso. A mesma documentação foi usada para compra do caminhão Volkswagen, usado na ação, no interior de São Paulo.

A Polícia ainda vai entrar em contato com o Estado de São Paulo para averiguar se o nome usado era de um laranja ou se teria outros envolvidos.

Além da S10 apreendida com o casal que chefiava a quadrilha, o Ford ká usado pelo batedor e o caminhão, a Polícia conseguiu localizar um Pálio Weekend e uma caminhonete D20 que foram deixados penhorados em uma garagem de revenda em Campo Grande.

O dinheiro, segundo o delegado Adriano, seria usado para compra de mais quantidade de entorpecente. Os responsáveis pelo local também serão ouvidos.

Todos, com exceção de Jheniffer, já tinham passagens pela Polícia. “Temos elementos suficientes para comprovar a participação de todos. Eles vão responder de acordo com a sua culpabilidade”, explicou o delegado Adriano.

Com Jheniffer foram apreendidos também recibos de depósitos que mostravam a movimentação da compra e venda de entorpecentes.

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