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Capital

Cresce total de casos de coqueluche e médico alerta pela amamentação

Nícholas Vasconcelos e Francisco Júnior | 08/04/2013 18:46
Pai defende campanha para conscientizar sobre o risco da coqueluche (Foto: João Garrigó)
Pai defende campanha para conscientizar sobre o risco da coqueluche (Foto: João Garrigó)

Neste fim de semana, cinco crianças foram internadas na Santa Casa de Campo Grande com coqueluche e uma delas precisou ser transferida para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) devido à gravidade do quadro de saúde. O aumento atípico dos casos da doença chama a atenção dos médicos, que alertam que a amamentação pode ser saída para evitar complicações nos pequenos.

O assessor parlamentar Thiago Brandão levou um susto ao saber que o diagnóstico para a tosse do seu filho, Matheus, era de coqueluche, doença contagiosa transmitida por uma bactéria. O diagnóstico só veio 28 dias após o início dos sintomas e a criança, de apenas oito meses, passar por cinco médicos e tomar 14 medicamentos diferentes.

Ele conta que o filho apresentou quadro de febre e diarréia após tomar a vacina prevista para idade. “A gente achou que a febre fosse alguma reação da vacina, suspeita que foi confirmada pelo médico”, revela. Porém, passados cerca de 8 dias, os sintomas não cessaram ele levou a criança novamente para o hospital. “Desta vez o diagnóstico foi virose e o médico receitou mais remédios”.

Como continuou apresentando os sintomas mesmo tomando medicamentos, Matheus foi levado ao médico mais três vezes. Neste período, ele fez vários exames , segundo Brandão, mas nada fazia o filho melhorar. “Ele tomou remédio contra alergia, tosse, mas nada passava”.

Só no quinto retorno é que o bebê foi diagnosticado com a doença. “A minha mulher estava na sala de espera do consultório, quando meu filho começou a tossir e a médica escutou. Ela chamou minha mulher para sala e examinou meu filho e disse que a tosse era do tipo coquelucheia”, disse.

Sem saber o que fazer, parentes disseram que Thiago deveria procurar leite de égua já que essa era uma prática adotada para tratamento. O pai então resolveu apelar ao Facebook, postou uma foto com o filho durante uma inalação e pediu doações do leite. Em pouco tempo, vários compartilhamentos do apelo e a ajuda inesperada.

“Não tenho palavras para agradecer a solidariedade das pessoas. Nos dias de hoje que as pessoas não estão preocupadas com o problema do outros, receber esse carinho foi maravilhoso”, agradece.

Thiago compartilhou fotos do filho para pedir ajuda nas redes sociais. (Foto: Facebook)
Thiago compartilhou fotos do filho para pedir ajuda nas redes sociais. (Foto: Facebook)

De acordo com o médico pediatra Sandro Benites, a coqueluche fica em um quadro de encubação por uma semana, seguido por sintomas parecidos com o de uma virose e após dez dias começam os sintomas característicos: tosse prolongada seguida por um guincho, que é uma tentativa de respiração, e o paciente chega a ficar arroxeado. Todo o quadro clínico da doença chega a durar

“A coqueluche é uma pneumonia sem a característica da febre”, explica o especialista.

Sandro explica que a coqueluche é causada pela bactéria Bortedella Pertussis, que não é atacada por antibióticos comuns. Para o tratamento da doença é preciso um tipo específico de remédio, que age diretamente no DNA da bactéria.

A vacina da coqueluche é oferecida gratuitamente pelo Ministério da Saúde e a criança recebe a imunização aos dois, quatro, seis meses e um ano e meio. Antes dos dois meses não há forma médica de prevenção e até que se complete o ciclo de vacinação o bebê continua exposto ao risco. A única solução para evitar a doença ou a ocorrência dela com maior gravidade é a amamentação.

“O único jeito que vai proteger a criança é o leite materno já que todas as doenças e vacinas que a mãe recebe, ou teve, ela produz anticorpos que ela passa pelo leite”, disse. O pediatra alerta que os casos mais graves são aqueles que não estão amamentando.

“Os casos aumentaram tanto pelo SUS quanto pelos atendimentos particulares, de convênio. A coqueluche não distingue classe social”, destaca.

Sobre o recurso do uso de leite de égua, o pediatra afirma que a prática não passa de uma lenda urbana e que inclusive pode trazer riscos às crianças. “A égua não foi não teve coqueluche, não foi imunizada, além do leite não ser pasteurizado. E o leite humano atende todas as necessidades do bebê”, reforça.

Usando o caso do filho como exemplo, Thiago pretende iniciar uma campanha para orientar a sociedade sobre os perigos da doença. “A gente não vê muita informação sobre os riscos da coqueluche. È uma doença perigosa que pode trazer graves problemas. Não quero que outras pessoas passem pelo meu filho passou”. De acordo com ele, vários amigos e parentes estão mobilizados nessa iniciativa.

Apesar de todo o transtorno até a descoberta da doença, Matheus está em plena recuperação.

O Campo Grande News entrou em contato com a assessoria de imprensa da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) para saber sobre a situação da doença na Capital, mas não houve retorno.

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