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Capital

Debaixo de lona, família despejada se abriga em Associação de Moradores

Mariana Lopes | 22/02/2013 13:39
Na Associação de Moradores, a família improvisou um barraco com lona (Fotos: Rodrigo Pazinato)
Na Associação de Moradores, a família improvisou um barraco com lona (Fotos: Rodrigo Pazinato)

Depois de mais 30 anos morando em uma área de comodato no bairro Santa Emília, em Campo Grande, e de ter sido despejada de lá sob ordem judicial de Reintegração de Posse, a família do aposentado Raimundo Lendo de Castro, 62 anos, teve que improvisar um lar na Associação de Moradores. Debaixo de uma lona, os móveis estão entulhados e as roupas ainda ensacadas.

Raimundo conta que comprou o título da área na década de 1970, assinado pelo prefeito da Capital à época, Juvêncio César da Fonseca. “Paguei 2 mil cruzeiros e fui eu que levantei aquela casa, comprei todos os materiais e construí com as minhas mãos”, enfatiza.

O aposentado declara que tem consciência de que a área pertence à Prefeitura e de que era necessário desocupar o local. Mas a revolta é com o descaso por parte da Emha (Agência Municipal de Habitação), que prometeu moradia à família e até agora não cumpriu.

“Nos deram só essa lona e nada mais, nem assistente social veio aqui para ver como a gente está vivendo. Nos tiraram de lá para ficar mendigando aqui”, pontua o genro do aposentado, Amilton Ales de Freitas, 29 anos, que também morava na casa.

Com a lona, Raimundo levantou as "paredes" da "casa", para garantir um pouco mais de privacidade, já que no local funciona alguns cursos e o acesso à população é livre.

Filha do aposentado e esposa de Amilton, Maria Inês Santos Castro, 37 anos, está grávida de 8 meses e afirma que a pequena Maria Eduarda pode nascer a qualquer momento, de acordo com as palavras da médica depois do exame feito na manhã de hoje.

“Como vou trazer uma bebê recém nascida para cá? Nem temos onde dormir”, diz Maria Inês, com a voz embargada pela preocupação. Ela conta que no espaço improvisado, os pais dormem na cama de casal, o marido no sofá e ela com as duas filhas em colchões no chão.

Embora seja de boa vontade que o local foi cedido à família, alguns detalhes na estrutura do prédio dificultam ainda mais a situação. Segundo Amilton, o telhado está quebrado e quando chove alaga tudo. O mesmo acontece quando alguém abre a torneira do tanque, que também está com o cano quebrado.

“O banheiro não condições de usar, o vaso está solto e a pia também, se uma criança esbarrar, racha a cabeça”, comenta Amilton.

A família ainda conta que perdeu alguns móveis, como guarda-roupas e sofá, quando a casa na qual morava foi demolida, na última quarta-feira (21). “O prazo que o juiz deu para demolir foi até às 18h, daí não deu tempo de tirar tudo lá de dentro. Era umas 15h o pessoal da prefeitura já estava passando com as máquinas por cima das casas”, explica Amilton.

À mercê da Emha, a família espera que seja providenciada o quanto antes uma casa para morar. “É um direito nosso, não éramos invasores, eu tenho documento do acordo feito com a Prefeitura, não é um favor que estão fazendo para a gente, é uma obrigação”, pontua Raimundo.

A outra família despejada, que também não tem para aonde ir, teve que se dividir entre as casas das mães do casal.

A reportagem do Campo Grande News entrou em contato com a assessoria de imprensa da Prefietura, mas até o fechamento desta matéria não obteve resposta sobre o posicionamento da Emha.

Amilton mostra o documento de comodato, assinado ainda pelo prefeito de Campo Grande à época,  Juvêncio César da Fonseca
Amilton mostra o documento de comodato, assinado ainda pelo prefeito de Campo Grande à época, Juvêncio César da Fonseca
À mercê da boa vontade da Emha, o casal mostra a condição na qual estão vivendo
À mercê da boa vontade da Emha, o casal mostra a condição na qual estão vivendo
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