Dependentes ficam mais tempo que o necessário no Regional e lotam setor
Decisões judiciais mantêm seis dependentes químicos internados há mais tempo que o necessário na ala psiquiátrica do Hospital Regional, expondo o precário sistema de recuperação em Campo Grande. A unidade realiza apenas a desintoxicação aguda, quando o paciente é acompanhado por até 15 dias para que o organismo elimine as substâncias e o deixe apto a começar a verdadeira reabilitação.
O caso foi parar nas mãos do MPE (Ministério Público Estadual), que abriu inquérito nesta quarta-feira (11) para investigar as causas do problema.
Em ofício encaminhado ao órgão, a diretoria do Regional explica que o tratamento eficaz precisa de espaço onde possam ser desenvolvidas terapias em grupo, atividades ao ar livre, treinamento de habilidades sociais, consultas, etc.
O hospital, em contrapartida, está cadastrado no SUS somente para os trabalhos paliativos, não dispondo de espaço e funcionários para fazer a recuperação dos dependentes.
Assim, as sentenças acabam prejudicando os pacientes, que são mantidos em leitos hospitalares sem qualquer tipo de suporte que as incentive a ter forças para abandonar os vícios.
“Sabemos que muitas vezes, essa solicitação de internação judicial é um ato desesperado de famílias, que estão cansadas em busca de uma salvação, porém a solução está acontecendo no local errado”, diz o governo no ofício encaminhado ao MPE.
Um dos pacientes, conforme o poder público, está no local há mais de três meses. Avaliação do estado motivacional dele mostra que não há consciência em largar o vício e “desejo alto de consumo, o que é justificado pela falta de abordagens terapêuticas e medicamentosas”.
Alternativas - Na Capital, a rede municipal atende a esses pacientes com serviços de psicologia, psiquiatria, terapia ocupacional, entre outros, por meio dos Caps (Centros de Atenção Psico-Social).
Conforme a prefeitura, a partir desse mês a Sesau implantou o atendimento 24h aos dependentes químicos nesses locais e pretendem implantar ainda este ano uma residência terapêutica para atender os moradores do Hospital Nosso Lar e aqueles que aguardam vagas para tratamento.
Atualmente, conforme o município, existem seis unidades que atendem em média 450 pessoas por mês e uma unidade de acolhimento com somente 14 vagas onde moradores de rua ou dependentes químicos podem ficar por até seis meses.
O município não informou se existem vagas disponíveis para novos pacientes nesses locais.