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Capital

"É um pedaço da gente que vai", diz mãe de rapaz assassinado a tiros

Luan acompanhava a colega de trabalho até em casa, quando foi surpreendido e morto a tiros pelo ex dela

Dayene Paz e Mariely Barros | 01/05/2023 09:28
Irmã de Luan (de roupa mais clara), abraçando a mãe. (Foto: Henrique Kawaminami)
Irmã de Luan (de roupa mais clara), abraçando a mãe. (Foto: Henrique Kawaminami)

Hoje, o dia foi de despedida para a família de Luan Roberto de Oliveira Oliveira, 24 anos, assassinado a tiros pelo ex-namorado da colega de trabalho, na madrugada deste domingo (30), no Jardim Colibri, em Campo Grande. "É um pedaço da gente que vai", disse a mãe de Luan, Edmar Braga de Oliveira. O velório começou ontem e o enterro na manhã de hoje (1º), acompanhado por familiares, amigos e colegas de trabalho.

Edmar tentou conter as lágrimas ao conversar com a reportagem, mas em meio a tristeza, relatou a indignação. "Queremos justiça, primeiro a de Deus, depois a do homem. A do homem pode até falhar, mas a de Deus não".

Ela conta que não conhecia o autor do crime e nem a namorada dele, que também foi ferida por tiros. "Não era para ele ter ido lá. Um outro amigo dela iria levá-la em casa, mas acabou dormindo e meu filho, que tinha um coração bom, se sentiu na obrigação de levar ela para casa. Ele era assim, muito querido, amoroso, cuidadoso e carinhoso com todo mundo. O Luan era assim, tão humano", lamenta.

Mãe de Luan enquanto conversou com a reportagem nesta manhã. (Foto: Henrique Kawaminami)
Mãe de Luan enquanto conversou com a reportagem nesta manhã. (Foto: Henrique Kawaminami)

Na despedida, o cenário é de indignação pela morte prematura de Luan, "de uma maneira repentina por motivo fútil", relatam os familiares.

Luan era o caçula e Handrielly de Oliveira, a filha mais velha. Ela conta que o rapaz transbordava alegria. "O Luan era muito bom, nunca estava triste e só sabia fazer a felicidade do outro. O que me indigna é que ele nunca foi maloqueiro e nem de bagunça, trocava qualquer coisa para ficar em casa com os sobrinhos, meus filhos, de 7 e 10 anos".

E Handrielly não tem lembrança melhor do irmão, brincando com as crianças. "Cuidava delas o tempo todo, até quando sofri um acidente, ele cuidou de mim. Eu tinha dificuldade para andar e todos os dias ele acordava, entrava no quarto e falava 'maninha, vamos dar uma volta', era assim que ele me chamava".

Agora, o sentimento é de revolta. "Não tinha porquê para isso ter acontecido com ele. Foi fazer uma caridade, ele era essa pessoa e se alguém ligasse, mesmo que estivesse dormindo, falando que estragou a moto, levantava e ia ajudar. Era um anjo na terra e não via maldade, achava que todo mundo era bom", diz a irmã.

Irmã lembra com alegria dos momentos com Luan. (Foto: Henrique Kawaminami)
Irmã lembra com alegria dos momentos com Luan. (Foto: Henrique Kawaminami)

Handrielly revela que desbloqueou o celular de Luan e constatou que ele era apenas colega de trabalho de Karolina Silva Pereira. "Ontem, desbloqueei o celular e confirmei que ele e essa menina eram apenas colegas de trabalho. As conversas eram 'oi, tudo bem, chegou bem?'. Ela falava 'estou com medo do meu ex, ele está me ameaçando, não quero ir sozinha para casa' e chamou meu irmão para acompanhar e ele só respondeu: 'demorou', era assim que ele falava".

Luan, inclusive, odiava briga. "Resolvia tudo na conversa, ele falava 'nada que uma conversa não resolva'. Eu perdi uma metade de mim, ajudei a criá-lo e é uma dor que nunca vai passar. Eu quero justiça, não vingança, mas sei que nossa lei é falha. Meu desejo é que ele [autor] apodrecesse na cadeia, porque acabou com uma família, não é justo ele passar ileso. Tirou a vida de um trabalhador, de uma pessoa honesta, então que a lei seja feita e não falhe outra vez", finalizou.

Luan de Oliveira, em foto postada no Facebook. (Foto: Redes sociais)
Luan de Oliveira, em foto postada no Facebook. (Foto: Redes sociais)

Entenda - Luan trabalhava em uma pizzaria no Bairro Guanandi e a colega Karolina, com medo, pediu para que a acompanhasse até em casa, no Jardim Colibri, ao fim do expediente, na madrugada de ontem.

Quando chegaram em frente ao imóvel, por volta das 2h50, cada um em sua moto, foram surpreendidos pelo ex-namorado de Karolina, Messias Cordeiro, de 25 anos, que armado, efetuou vários tiros. Luan morreu no local e Karolina foi socorrida, sendo que está em estado grave no hospital.

Após o crime, o assassino fugiu correndo a pé e, em seguida, enviou mensagens à mãe de Karolina, confessando o crime. Messias se entregou à polícia na noite de ontem e permanece preso.

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