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Capital

Entidades criticam Febraban e exigem permanência de portas giratórias em bancos

Fabiano Arruda | 29/02/2012 12:04
Alguns bancos no País iniciaram retirada do mecanismo de segurança sob argumento de sofrerem prejuízos por ações judiciais de clientes. (Foto: João Garrigó)
Alguns bancos no País iniciaram retirada do mecanismo de segurança sob argumento de sofrerem prejuízos por ações judiciais de clientes. (Foto: João Garrigó)

Os representantes de entidades que participaram de audiência pública na manhã desta quarta-feira, na Câmara Municipal de Campo Grande, para discutir a possível retirada de portas giratórias em bancos, criticaram a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) e exigiram a permanência dos dispositivos de segurança.

A audiência foi proposta pela Comissão Permanente de Segurança Pública da Casa de Leis, composta pelos vereadores Marcos Alex (PT), Carlão (PSB) e Mário César (PMDB), após reportagem da Folha de São Paulo, no início do mês, divulgar que os principais bancos brasileiros iniciaram um processo de retirada das portas com detectores de metal das agências espalhadas pelo País em detrimento ao grande número de processos judiciais, ideia defendida pela Febraban.

A presidente do Sindicato dos Bancários de Campo Grande, Iaci de Azamor Torres, afirmou que a categoria foi pega de surpresa com a possibilidade, que considerou retrocesso. Ela destacou que, no último ano, foram 49 mortes no País decorrentes de crimes relacionados a bancos, enquanto, no Estado, foram cinco assaltos à mão armada.

“Precisamos trabalhar sem risco de morte”, discursou, mencionado que lei municipal de 1997 obriga instalação as portas giratórias em Campo Grande.

Segundo ela, pelo menos nove agências do Banco Bradesco não possuem portas giratórias em Campo Grande, mas a ausência do equipamento tem maior incidência no interior do Estado.

O chefe do Estado-Maior da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, coronel Guilherme Gonçalves, disse que, quanto mais dispositivos de segurança, melhor para o trabalho da Polícia.

Para ele, o mecanismo na entrada dos bancos inibe a ação de “aventureiros”, geralmente sob efeito de drogas, já que bandidos e quadrilhas planejam as ações e superam o dispositivo.

Carlos Constantino, representante da Associação dos Delegados de Polícia no Estado, ironizou a ideia da Febraban sob a justificativa de retirar as portas por conta de ações de clientes que se sentiram constrangidos, o que geraria prejuízo aos estabelecimentos.

“Não acredito que os bancos tenham prejuízo pelos números divulgados semestralmente”, criticou. “E toda a atividade econômica gera lucros e prejuízos. Isto é normal. Agora vamos apoiar a retirada de um mecanismo de segurança, enquanto vemos os índices de criminalidade aumentarem?”, questionou.

Para o presidente do Sindicato dos Vigilantes de Campo Grande, Celso Adriano da Rocha, a retirada do equipamento vai influenciar negativamente a função dos profissionais. “A Febraban, com isto, coloca pressão no trabalho dos vigilantes, que estarão em maior risco”, comenta, considerando que, dos dispositivos de segurança em bancos, a porta giratória é a mais eficiente.

O titular do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros), Roberval Maurício Cardoso Rodrigues, também afirmou que a Polícia Civil apoia a permanência do equipamento, no entanto, fez ressalvas. Segundo ele, as vítimas nas saídas de banco, por exemplo, não oferecem dificuldades à ação dos bandidos, já que seguem a mesma rotina diariamente.

“Quando um cidadão passa por um detector de metal no aeroporto não se sente constrangido e qual é o motivo do constrangimento nos bancos?”, perguntou, alertando para os golpistas que utilizam das ações contra bancos meios de receber dinheiro por meio de indenizações.

O vereador Marcos Alex, presidente da comissão, considerou positiva a realização da audiência como “termômetro” da opinião da população sobre o tema. “Agora vamos transformar isto em prática e realizar movimento popular, com abaixo assinado, para cobrar a permanência das portas giratórias nos bancos”, explicou.

Do outro lado, o assessor técnico da Febraban, Virgílio José Ribeiro, disse que a segurança em bancos é regulamentada por lei federal em conjunto com portarias da Polícia Federal. Ele garantiu que nenhuma mudança será feita de forma estapafúrdia e que a alteração tem embasamento em estudos da instituição.

“Não somos contra legislações municipais e estaduais no País, desde que sejam legais e tenham possibilidade de execução”, esclareceu, sinalizando que ações judiciais podem ser ingressadas para tornar sem efeito as leis nas cidades, já que o assunto é regido por lei federal.

“Algumas agências no País estão retirando as portas giratórias e aumentando a segurança aos clientes”, defendeu, argumentando que as alterações nestes bancos garantem a segurança aos usuários e não são divulgadas pelas instituições por questões de segurança.

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