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Capital

Esperando há 13 anos por casas, 100 famílias indígenas invadem área

Helton Verão | 06/09/2013 20:15
Ocupação acontece na manhã da última quarta-feira (Foto: João Garrigó)
Ocupação acontece na manhã da última quarta-feira (Foto: João Garrigó)

Aproximadamente 100 famílias indígenas estão ocupando uma área de cerca de cinco hectares, desde quarta-feira (4) próxima aos bairros Tarsila do Amaral e Água Bonita, na região Norte da Capital. Elas consideram que o local é uma extensão da Aldeia Urbana Água Bonita e que todos ali estão há mais de 13 anos esperando a construção das casas populares prometidas, na época, pelo Governo Zeca do PT.

Eles já dividiram os lotes e trabalham na construção dos barracos. A Agehab (Agência de Habitação Popular de Mato Grosso do Sul) na época chegou a construir 62 casas onde vivem algumas famílias, mas ao longo desses 13 anos as famílias cresceram e os demais indígenas que possuem documentação da terra estão passando necessidade.

“Passaram os 13 anos e as pessoas que tem o direito por esta terra não podem ficar esperando mais. Estamos aqui desde quarta-feira, são 104 famílias. Nosso objetivo é ser visto pelos governantes e alguma coisa ser feita”, comenta o representante dos índios e presidente do conselho do direito indígena, Nito Nelson, 52 anos.

De acordo com os indígenas, o agora vereador Zeca do PT prometeu se mobilizar para enviar o projeto para a Funai (Fundação Nacional do Índio) em Brasília.

Seu Nito já reside em uma das casas populares no Água Bonita, mas lembra da dificuldade que tem para sobreviver na casa que possui praticamente quatro cômodos (com o banheiro) para morar quatro pessoas. “Moro com a minha esposa e mais dois filhos, é muito apertado. Todos trabalhando aqui tem documentação e o direito por um espaço”, argumenta Nelson.

Silvana Polidório, de 32 anos, ela e os três filhos trabalham no local para levantar seu barraco (Foto: João Garrigó)
Silvana Polidório, de 32 anos, ela e os três filhos trabalham no local para levantar seu barraco (Foto: João Garrigó)
Indígenas aguardam há 13 anos pela construção das demais casas (Foto: João Garrigó)
Indígenas aguardam há 13 anos pela construção das demais casas (Foto: João Garrigó)

Pelo menos cinco etnias indígenas estão ocupando o local, a maioria Guarani Kaiowá, muitos moram de favor até hoje na esperança da construção das casas acontecer. É o caso da dona Silvana Polidório, 32 anos, ela e os três filhos trabalham no local para levantar seu barraco. “Na minha casa, além de morar de favor, moramos em seis, é muito apertado, precisamos muito que nossa casa aqui aconteça logo”, comenta a indígena.

Outros indígenas, moram em bairros espalhados pela Capital, Florêncio da Silva, 69 anos, pegou ônibus para ir até o local para carpir o seu lote. “Moro de aluguel no Coronel Antonino com toda a família, são nove pessoas apertadas e eu pagando por uma coisa que nem vai ser minha. É bom erguermos nossos barracos aqui para evitar que outras pessoas aproveitadoras ocupem”, lembra seu Florêncio que paga aluguel de R$ 550 com seu salário mínimo da aposentadoria.

Aos 69 anos, seu Florêncio mora em uma casa de aluguel no Coronel Antonino com mais oito pessoas (Foto: João Garrigó)
Aos 69 anos, seu Florêncio mora em uma casa de aluguel no Coronel Antonino com mais oito pessoas (Foto: João Garrigó)
Bairro Água Bonita chegou a ter 62 casas construídas, mas parou por aí (Foto: João Garrigó)
Bairro Água Bonita chegou a ter 62 casas construídas, mas parou por aí (Foto: João Garrigó)

O Campo Grande News entrou em contato com o secretário de Habitação do Estado, Carlos Marun, ele disse desconhecer esse projeto para a continuidade do bairro Água Bonita, mas prometeu analisar a situação.

Eles prometem sair do local apenas quando alguma autoridade der uma resposta concreta para o início da construção das casas.

Os indígenas não tratam a ocupação como invasão, já que eles afirmam serem donos e terem os documentos dessa terra. De acordo com os índios, os responsáveis pelas propriedades particulares vizinhas visitaram o local e apenas pediram para respeitar o limite das terras.

No planejamento dos índios está também reservado espaço para uma área de alfabetização, um Ceinf e um Posto de Saúde.

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