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Capital

Ferido em brincadeira criminosa, motociclista conta que nasceu de novo

Aline dos Santos e Ricardo Campos Jr. | 24/02/2011 11:40
Vagno foi ferido por linha com cerol na última sexta-feira, quando seguia para o trabalho. (Foto: João Garrigó)
Vagno foi ferido por linha com cerol na última sexta-feira, quando seguia para o trabalho. (Foto: João Garrigó)

Com pontos por todo o pescoço, o motociclista Vagno Ferreira da Silva, de 25anos, traz as marcas de um crime que se apresenta como brincadeira. “Agora, para mim, isso é uma arma. Poderia ter custado a minha vida”, afirma.

No último dia 18, ele seguia de moto para o trabalho quando foi ferido por uma linha de pipa com cerol (mistura de cola e vidro), no Jardim Marabá. Com muita dificuldade na fala – a voz só ganha projeção devido a um aparelho na garganta - ele conta que só percebeu o ferimento quando viu o sangue jorrando da garganta.

De moto, Vagno foi até um posto de saúde. O local estava fechado, mas uma mulher pediu ajuda ao guarda municipal, que acionou o Samu. “Na hora, pensei que se me apavorasse poderia perder mais sangue. Tentei ficar calmo, mas não foi fácil”. Já em casa, na Vila Margarida, ele relata que não viu pessoas soltando pipas e acredita que foi atingido pela linha de uma pipa já cortada.

Sem prazo para retornar ao trabalho de montador em uma loja de colchões, ele aguarda o prazo de 15 dias para pedir auxílio doença. Por hora, ele e a esposa Tássia Luges, de 24 anos, que é manicure, contam com a solidariedade de amigos.

A mãe de Vagno veio de Pedro Gomes para ajudar o filho. Ela comprou R$ 150 em remédios que devem durar, o máximo, duas semanas. A família também vai comprar um novo aparelho para voz devido ao risco de infecção. O aparelho custa R$ 150. Os curativos são feitos no posto de saúde.

Apesar das dificuldade, Vagno comemora: “Nasci de novo. Graças a Deus estou bem. Deus me deu outra oportunidade”.

Reação - Após dois casos de pessoas feridas por pipas neste mês, a Polícia Civil prepara operações contra o cerol. Nestas ações, são apreendidas pipas suspeitas de estarem com cerol e quem for flagrado será conduzido à delegacia e poderá responder criminalmente por expor a risco a vida ou saúde de outrem (se não tiver causado ferimento); por lesão corporal (se houver ferimento) e até homicídio doloso (com intenção de matar), em caso de morte.

Em caso de flagrantes de crianças e adultos, os pais também poderão ser responsabilizados e pagar multa de três a 20 salários mínimos.

Tragédia - Em 2009, a batalha entre as pipas nos céus da cidade degolou um motociclista na avenida Norte/Sul, no Aero Rancho. A vítima foi Valdir Rodrigues Cavalcante, de 36 anos. A tragédia provocou uma corrida para compra de antenas para moto no comércio da Capital, além de intensificar as ações da polícia no combate à prática.

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