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Capital

Herdeiro destrói 6 casas em ação de despejo com as "próprias mãos"

Bruno Chaves e Lidiane Kober | 28/08/2013 17:37
Ao todo, comerciante que se diz dono de terrenos destruiu seis casas (Foto: Cleber Gellio)
Ao todo, comerciante que se diz dono de terrenos destruiu seis casas (Foto: Cleber Gellio)

Herdeiro de terrenos, o comerciante Gilmar Gobbi decidiu fazer “Justiça” com as próprias mãos e, em um ataque de fúria, pegou uma pá-carregadeira e destruiu seis casas de invasores de lotes no Bairro Nossa Senhora Aparecida, na região da Vila Nasser, em Campo Grande. Ele surpreendeu as famílias na tarde de hoje (28) ao promover a desocupação por conta própria. Ninguém ficou ferido.

Mais de 300 famílias foram surpreendidas pelo trator, que avançou e destruiu casas em diversas ruas. Os moradores ficaram desesperados e atribuíram o ataque ao comerciante, que se declara herdeiro dos terrenos.

Segundo a dona de casa Kellen Cristina da Silva Lopes, 19 anos, essa é a terceira vez que Gilmar ataca as residências. “Ele diz que essa área é dele, que é herança de família. Ele vive passando aqui de noite, ameaçando as famílias e dando tiros de revólver para cima”, afirmou. O ataque de hoje causou pânico entre os moradores.

Após a demolição, o cenário era de destruição. Muitas pessoas estavam chorando, desesperadas e pedindo socorro. Depois da sequência de destruição, Gilmar parou em uma casa onde estava a cozinheira Jurema Andrade Moreira, de 42 anos. A mulher estava deitada no quarto, pois está doente e tinha acabado de chegar do hospital.

Na mesma casa, estava Maíra Motta, 23 anos, grávida de sete meses. A moça contou que começou a chorar de desespero quando viu toda a destruição e diante da ameaça de perder seu canto. “O cara só parou porque os vizinhos começaram a apedrejar ele”, lembrou. Maíra também estava acompanhada do filho de três anos.

A Polícia Militar chegou no momento em que Gilmar era atacado a pedras pelos moradores. Testemunhas afirmaram que o comerciante contratou um motorista com pá-escavadeira. Gilmar estaria em cima do trator, acompanhado do motorista. Além da pá-carregadeira, outros três carros com seguranças acompanhavam Gilmar.

O pedreiro Eser Soares Ferreira, de 42 anos, teve a casa destruída. Ele falou que perdeu fogão, TV, cama, material de construção e outros objetos. Ele, a esposa, e dois filhos, um de sete anos e outro de 12, moravam no local há quase um ano. As crianças estavam na escola no momento do ataque. A casa da família foi completamente destruída.

“Não tenho nem R$ 1 no bolso para começar a levantar a casa de novo. Não sei o que fazer, estou desesperado”, se lamentou, dizendo que vai se acomodar na casa dos vizinhos enquanto decide o que fazer da vida.

De acordo com o advogado que representa as famílias moradoras da área, Euder Barcelos, a posse do terreno está em litígio e Gilmar não tem liminar para conseguir o lugar.

Euder disse que os atingidos irão entrar na Justiça com denúncias de invasão de domicílio, ameaça e porte de arma, já que testemunhas afirmam que Gilmar usava um revólver. “Ele vai ter que, pelo menos, indenizar essas famílias”, afirmou o advogado.

Kellen Cristina disse que a casa dela foi “salva por um triz”. “O pessoal começou a gritar porque tinha uma criança de três anos dormindo em casa”, disse. A mulher ainda contou que, escoltado pela polícia, Gilmar saiu rindo, dando tchau e dizendo que voltaria a noite. “Ele disse que dá a vida pelo terreno”, lembrou.

O acusado de destruir as casas foi levado para a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do Centro. Além dele, alguns moradores também foram detidas, já que estavam apedrejando o acusado.

Cenário é de destruição (Foto: Cleber Gellio)
Cenário é de destruição (Foto: Cleber Gellio)
Moradores contabilizam prejuízos (Foto: Cleber Gellio)
Moradores contabilizam prejuízos (Foto: Cleber Gellio)
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