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Capital

Longe de sessões de tortura, quarto isolado é nova "casa" de menino

Luana Rodrigues | 26/02/2016 11:57
Único contato de garoto é com cuidadora e funcionários de hospital. (Foto: Divulgação)
Único contato de garoto é com cuidadora e funcionários de hospital. (Foto: Divulgação)

Um quarto de hospital é a nova casa de um menino de quatro anos que, por meses, foi vítima de torturas durante rituais de magia. A afirmação soa triste e trágica, mas, se tratando de uma criança que era torturada pelos tios, o ambiente frio e isolado ganha novo sentido, o de alívio.

O menino, que foi torturado durante cerca de nove meses pelos tios que o adotaram e um primo, agora passa a maior parte do dia dormindo, conforme a assessoria de imprensa da Santa Casa. O único contato que o garoto tem é com uma cuidadora, além de enfermeiros e funcionários do hospital. “Eles está bastante pacifico. Dorme bastante, mas não está sob efeito de nenhum remédio sedativo, apenas antibióticos, para cura dos ferimentos”, explicou a assessoria.

O drama do garotinho comoveu as redes sociais devido a ampla divulgação da mídia. O resultado tem sido dezenas de telefonemas à Santa Casa de Campo Grande, de pessoas interessadas em adotar o menino e querendo fazer doações de brinquedos e roupas, o que ainda não está definido devido a gravidade dos ferimentos.

No quarto em que ela está não há brinquedos. Segundo o hospital, o garoto ainda se recupera e não está em condições de brincar, por isso não é necessário que as pessoas enviem doações, por enquanto. “Tudo que chega é encaminhado para a assistência social e depois será entregue a ele, mas nós pedimos que as pessoas não tragam nada, porque não temos onde colocar”, justificou.

O prazo que o menino deve permanecer no hospital ainda é indeterminado. Além de se recuperar dos traumas físicos, ele passa por tratamento psicológico. Depois de receber alta, o garoto será reencaminhado a um abrigo, onde deve aguardar adoção. Apesar das particularidades do caso, o processo de adoção deve durar de 6 meses a um ano.

Traumas e cicatrizes - Água quente, charuto e cabo de vassoura eram usados nas sessões de tortura do menino. Ele tem ferimentos por todo o corpo, marcas de queimaduras, unhas arrancadas, órgãos genitais machucados e ferimento grave em uma das orelhas. Mas de todas as marcas e cicatrizes verificadas pela equipe médica que o acompanha, a desepitelização, ou seja, perda da pele que protege a córnea, é um dos problemas mais graves observados pelos oftalmologistas que acompanham o caso do garoto.

De acordo com o oftalmologista Lívio Leite, o olho direito foi o mais prejudicado e teve perda total da pele, já no olho esquerdo a perda foi parcial. "Isso por si só já prejudica a avaliação oftalmológica. Temos que esperar o processo de cicatrização dessa lesão para ver o que pode ser feito no futuro", ressalta.

Além da perda dessa pele protetora, as duas córneas apresentam um grau de opacidade, que é algo como uma lente de óculos embaçada. Segundo Lívio, os dois casos podem ou não estarem relacionados. "Acreditamos que essa perda da pele foi recente e a opacidade é crônica, decorrente de um tempo maior de lesão", afirma. De acordo com o oftalmologista Lívio Leite, o olho direito foi o mais prejudicado e teve perda total da pele, já no olho esquerdo a perda foi parcial. "Isso por si só já prejudica a avaliação oftalmológica. Temos que esperar o processo de cicatrização dessa lesão para ver o que pode ser feito no futuro", ressalta.

Além da perda dessa pele protetora, as duas córneas apresentam um grau de opacidade, que é algo como uma lente de óculos embaçada. Segundo Lívio, os dois casos podem ou não estarem relacionados. "Acreditamos que essa perda da pele foi recente e a opacidade é crônica, decorrente de um tempo maior de lesão", afirma.

O médico diz que apesar das lesões, ele consegue notar objetos a 50 centímetros de distância e, por enquanto, vem sendo administrado antibióticos para evitar infecções e medicação nas córneas para auxiliar na cicatrização. "Esperamos que ele vá se restabelecer por completo porque está sendo tratado com muito carinho. Ele é uma criança amável e dócil e só tem dificuldade de falar devido às lesões na boca", conclui.

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