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Capital

Maternidade tem deficit de R$ 5 milhões e pode parar de atender pelo SUS

Richelieu de Carlo | 19/10/2016 17:10
Maternidade Cândido Mariano atende cerca de 1200 gestantes por mês, 700 pelo SUS. (Foto: Fernando Antunes)
Maternidade Cândido Mariano atende cerca de 1200 gestantes por mês, 700 pelo SUS. (Foto: Fernando Antunes)

De janeiro a agosto deste ano, a Maternidade Cândido Mariano, em Campo Grande, acumula deficit de R$ 5,67 milhões em suas contas. Apesar de cobrir esse prejuízo com recursos próprios, a instituição pode chegar a um nível crítico e deixar de atender pelo SUS (Sistema Único de Saúde), principal responsável pelo rombo no orçamento.

Inquérito no MPE (Ministério Público Estadual) foi aberto para apurar a situação do hospital. Mensalmente, ocorrem cerca de 1.200 internações na unidade, sendo 700 pelo SUS, e o restante por planos de saúde ou atendimentos particulares.

Desde 2012, o sistema único deixou de atualizar os valores repassados à instituição, que tem de "cobrir a inflação galopante" desde então.

No ano passado, as despesas foram de R$ 19,1 milhões e os repasses dos SUS somaram R$ 14,3 milhões. Neste ano, a maternidade recebeu R$ 7,1 milhões do sistema e gastou R$ 11,4 milhões com despesas.

O responsável pelas informações é o diretor da maternidade, Alfeu Duarte de Souza. Ele alega que "se a situação continuar deste jeito, pode ser que algum momento tenhamos que fechar alguns setores e até a possibilidade de deixar de atender pelo SUS".

Para não chegar a este ponto, porém, ele tenta alertar diversos órgãos públicos, desde do Ministério Público ao Tribunal de Contas. E conseguiu chamar a atenção da promotora Paula Volpe, que analisou a situação financeira e abriu investigação para apurar a necessidade de aumento dos valores repassados pela Prefeitura Municipal de Campo Grande e Estado de Mato Grosso do Sul à Maternidade Cândido Mariano.

Alfeu, entretanto, ressalta que a instituição não tem dívidas, pois cobre com recursos próprios todos os gastos. Mas essa situação, faz com que não sobre dinheiro para investimentos.

"Desde 2012 recebemos o mesmo repasse do SUS. Só que os remédios, médicos, aparelhos, tudo ficou mais caro. Chega uma época que não dá mais para cobrir a inflação galopante", afirma o diretor da maternidade.

Em 2016, o deficit com os gastos com internações pelo SUS foi de R$ 4,8 milhões e, de janeiro a agosto deste ano, R$ 5,6 milhões. Um total de R$ 10,5 milhões. "Se o poder público aumentar os repasses em R$ 600 mil ou R$ 700 mil por mês já ajudaria a cobrir os gastos", calcula Alfeu Duarte.

Ele diz que a possibilidade de deixar de atender casos pelo Sistema Únicos de Saúde é real, apesar de remota. "Sempre que a situação chega a este ponto, o governo nos dá uma gota de oxigênio para poder respirarmos. Mas as coisas não podem seguir deste jeito. Precisamos de políticas sérias para a saúde".

Casos do interior - Outra situação que contribui para o aumento dos gastos da maternidade é o atendimento às pessoas que vêm do interior do Estado.

"Teve um mês que, de 17 gestantes internadas, 15 eram do interior. No interior não tem médico e vem tudo para a maternidade. O governo não investe, tem que ter qualidade na saúde no interior, não bastam somente os mutirões. Para onde essas pessoas vão se pararmos de atendê-las?", questiona Alfeu Duarte.

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