Mobilidade é entrave por causa da urbanização concentrada na periferia
Consenso geral dos arquitetos urbanistas, Campo Grande, assim como toda cidade, deveria ser inclusiva, acessível e democrática. O problema não é exclusivo daqui, mas falta definir como serão construídos, ou transformados, os espaços públicos.
A Capital tem uma particularidade: a área territorial - 8.096 km² - é bastante superior quando comparada a de outros municípios, o que, de imediato, gera um entrave quanto à mobilidade, explica arquiteto urbanista Luis Eduardo Costa.
Capturadas pelo “boom imobiliário”, o território urbano foi aberto de maneira excludente e desvinculada das principais necessidades da cidade, considera.
“As casas foram e são construídas para a população nas periferias, afastadas do Centro. E se você coloca um sujeito longe, vai ter que dar a ele mobilidade, uma forma de garantir que tenha transporte público e, ao tomá-lo, não chegue atrasado ao trabalho”, exemplifica.
Esta forma de expansão, avalia o urbanista, é excludente e desvinculada das principais necessidades da cidade. “É executada pelo circuito financeiro e imobiliário, que abriu esse tipo de operação urbana, sem levar em conta os distintos grupos sociais”.
A brecha está na ausência de um Plano Diretor “que não saiu do papel para ser aplicado na prática”, afirma.
Mobilidade urbana – A mobilidade, agora, deve ser elencada como prioridade, já que, nos últimos anos, o foco do poder público no quesito urbanização foi outro.
“Em 2003, retomou-se a discussão do saneamento básico, com metas para levar a rede de esgoto e tratamento de água a todos. Mais tarde, em 2005, veio a questão habitacional, com o Minha Casa, Minha Vida. Agora, chegou a hora de retomar a logística”, defende.
Encontro – O fator “cidade ideal” é um dos temas do “1º Encontro Estadual de Arquitetos e Urbanistas de MS”, que, desde quinta-feira (21), reúne em Campo Grande profissionais da área.
Apesar de o encontro ser realizado pela primeira vez, já existe uma quebra de paradigma na questão urbanística da Capital. São 200 arquitetos que durante três dias vão debater o crescimento do Estado, acompanhado, frisam, de desenvolvimento.
A ideia é sair com um posicionamento oficial sobre como agilizar a aprovação de projetos pelos municípios, Planos Diretores, mercado de trabalho e ensino, entre outras questões.
Participam o CAU/MS (Conselho de Arquitetura e Urbanismo), IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil), ABEA (Associação Brasileira do Ensino de Arquitetura) e Sindarq (Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas de MS).